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28 de fevereiro de 2014

Mentiras e verdades sobre a situação económica do país

Num encontro nacional de preparação das eleições para o Parlamento Europeu realizado pelo PCP no passado dia 22 de Fevereiro, Agostinho Lopes fez uma muito interessante intervenção sobre a situação económica e social do país e sobre as inúmeras mentiras que a propósito dela têm vindo a ser ditas pelo Governo e reproduzidas pela comunicação social, sem pestenejar. Leia aqui essa intervenção.  

19 de fevereiro de 2014

Notas sobre a Dívida Pública


Algumas notas sobre a problemática da dívida pública_17.02.2014
Octávio Teixeira

1- Nos últimos 3 anos a dívida pública aumentou 55.000 milhões de euros, mais 35%. Ou doutra forma, ¼ da dívida actual é da responsabilidade dos últimos 3 anos.
As previsões da troika quanto à evolução da dívida prometiam um rácio de 115% do PIB em 2013, e o que se verificou foram cerca de 130%.
Estes factos mostram o fracasso claro da estratégia seguida.
Por causa disso ou de qualquer outra coisa, no relatório das 8ª e 9ª avaliações o FMI fez um exercício sobre a sustentabilidade desta dívida.
As conclusões foram que para reduzir a dívida a 60% do PIB daqui a 20 anos seriam necessários:
. saldos orçamentais primários de 3% do PIB
. taxa de crescimento real do PIB de 1,8% ao ano e o mesmo para a inflação
 .emissões de dívida pública  à taxa média de 3,8%.
Ora, isto não é possível!
Porque para conseguir aquele aumento do PIB - quase o dobro do que se verificou nos 6 anos que antecederam a crise mundial de 2008 - seria necessário um enorme aumento das exportações líquidas e/ou uma forte recuperação da procura interna.
Mas o crescimento da procura interna é incompatível com a austeridade orçamental inerente a um saldo primário de 3% durante 20 anos.
Seria então necessária uma de duas coisas:
1ª, um aumento significativo das exportações e que as importações não aumentassem; mas dada a estrutura produtiva, travar as importações só é possível com recessão, o que contradiz a hipótese de crescimento do PIB;
2ª seria pois preciso que as importações aumentassem mas o aumento das exportações fosse de tal ordem que compensasse o efeito do aumento das importações e da queda da procura interna. Ora isto é impensável, exigiria um crescimento explosivo das exportações que entraria para o Guiness.
Ou seja, não é possível reduzir sustentadamente a dívida pública. A dívida é impagável na sua totalidade. Não é uma questão de se querer ou não pagar: é uma impossibilidade objectiva.
2- O Governo (mas também o PS) esconde esta realidade e diz que a dúvida é se a partir de Maio vai aos mercados sem para-quedas ou se recorre a um programa cautelar.
Para tentar a “saída em voo livre” vem fazendo emissões de dívida para além das necessidades imediatas, para criar um “pé-de-meia” que dê para 1 ou 2 anos, e que já ultrapassa os 20.000 milhões de euros.
Isto significa um aumento evitável dos encargos com juros superior a 1.000 milhões num ano.
Por outro lado, apesar dos mercados financeiros: (a) estarem com um enorme excesso de liquidez que foi injectado pelos bancos centrais; (b) de estarem conjunturalmente a tirar parte dessa liquidez dos mercados dos países emergentes e precisarem de aplicações alternativas; (c) e de terem a garantia do BCE de, se necessário, intervir sem limites no mercado secundário das dívidas públicas dos países da zona Euro,
o melhor que o Governo conseguiu até agora foi uma taxa de 5,1%. Bastante acima dos 3,8% que o FMI considera como limite para a sustentabilidade da dívida num horizonte de 20 anos, e que aumenta significativamente a factura dos juros já incomportável.
É possível que o Governo, por razões eleitoralistas, tente seguir pela saída em voo livre mas agravando os problemas da dívida pública, da sustentabilidade das finanças públicas e da austeridade.

Por outro lado, o recurso a um programa cautelar permitiria obter financiamentos a taxas de juro mais baixas, da ordem dos 3,5 a 4%. Não é por acaso que os banqueiros o desejam. Mas implica necessariamente um novo pacote de “condicionalidades”, um segundo programa de sequestro. Isto significa a permanência da austeridade imposta e controlada por entidades externas o que, como vimos nestes 3 anos, não resolve só agrava.
(Aliás, a dita saída “limpa” também mantém a austeridade, mas sem a desculpa da imposição externa).
Ou seja, nenhuma das hipóteses é solução.

3- Assim, a renegociação da dívida é incontornável.
É indispensável para reduzir os juros que anualmente são suportados pelas finanças públicas libertando recursos para diminuir a austeridade e, em consequência, aumentar o PIB com mais procura interna e aumentar as receitas fiscais que sustentem a redução do défice, e para permitir a sustentabilidade da dívida.
A restruturação da dívida tem de incidir sobre maturidades e taxas de juro, mas também sobre o montante da dívida.
Cingi-la às maturidades e taxas de juro alivia o serviço da dívida no curto prazo mas aumenta-o no longo prazo. É empurrar com a barriga.
Tem de haver, necessariamente, um incumprimento parcial da dívida porque o montante actual é impagável.
A reestruturação tem de abranger todos os credores incluindo as instituições da troika pois já detêm 35% da dívida. Apenas deverão ser poupados os pequenos aforradores e os investidores públicos nacionais, como o Fundo de Estabilização da Segurança Social.
O perdão de dívida deverá rondar os 50% para a reduzir para próximo dos 60% do PIB que a União Europeia impõe para a considerar sustentável.
E o aumento das maturidades não deverá ser inferior a 30 anos, pois só assim o aumento dos juros a pagar durante mais tempo será compensado com a redução do valor actual da dívida decorrente da inflação.
Por último, a renegociação, que é urgente, deve ser desencadeada e conduzida por Portugal por forma a defender os interesses nacionais, e não pelos credores como sucedeu na Grécia com resultados conhecidos.
Não é um caminho fácil, mas é condição necessária para a viabilidade e sobrevivência do País.

O grande êxito ou o afundamento da economia ?


Portugal, 3 anos após o Pacto de Agressão


Três anos depois da assinatura do Pacto de Agressão entre a Troika nacional (PS/PSD/CDS) e a Troika internacional (CE/BCE/FMI), o conhecimento dos primeiros dados macroeconómicos de 2013, referentes à evolução do PIB, do Comércio Externo, do Emprego, do Desemprego, da Dívida Pública e do Défice Orçamental tornam possível a comparação dos resultados obtidos, com aqueles que foram prometidos em 2011.
Vejamos, os resultados mais significativos:
1.   Disseram-nos que o PIB nestes três anos iria caír 2,8% em termos reais e que em 2013, cresceria já 1,2%. Ora aquilo a que assistimos foi a uma queda do PIB ininterrupta nestes três anos de 5,8%, mais do dobro do prometido, com o PIB a caír em 2013, 1,4%. O país vive hoje o mais longo período de recessão da sua história, três anos consecutivos, com uma quebra da riqueza produzida em termos reais de 9,4 mil milhões de euros.
2.   Disseram-nos que o Investimento caíria 15,7% caíu 36,6%;
3.   Disseram-nos que o ajustamento que teria que ser feito no mercado de trabalho iria levar à queda de 1,9% do emprego total, a queda no emprego foi nos últimos três anos de 10%. A destruição de empregos foi 5 vezes superior ao previsto inicialmente, foram destruídos 464 700 empregos.
4.   Disseram-nos que o desemprego em sentido restrito, passaria de 10,8% em 2010 para 13,3% em 2013, o desemprego subiu para 16,3% em 2013. Portugal tem hoje 876 mil desempregados em sentido restrito, mais de 1 milhão e quatrocentos mil em sentido lato. E o desemprego só não é maior porque muitos daqueles que perdem o seu emprego, emigram ou desistem de procurar emprego e caem na situação de inactivos.
5.   Disseram-nos que com este Programa de Ajustamento a Divida da Administração Pública que em 2010 foi de 93% do PIB passaria apesar de tudo para 115,3% do PIB, afinal está nos 129,4% do PIB. O nosso país deve hoje mais 51,5 mil milhões de euros do que devia no final de 2010.
6.   Disseram-nos que este Programa era a solução para o nosso défice orçamental e que este iria ser reduzido para 3% em 2013, afinal apesar de cerca de 8 500 milhões de  receitas extraordinárias provenientes da transferência dos fundos de pensões do sector bancário, (+ 6 mil milhões de euros) das receitas provenientes do regime excepcional de regularização tributária (+ 258 milhões de euros), da receita extraordinária associada à venda de direitos de utilização de licenças de 4ª geração de redes móveis (+292 milhões de euros), da receita da concessão do serviço público aeroportuário de apoio à aviação civil (+ mil e 200 milhões), da receita proveniente do fundo de pensões da PT (+476 milhões de euros), da receita proveniente do fundo de pensões do BPN e do IFAP (+145 milhões) e do recente perdão fiscal (+1279 milhões de euros), a verdade é que mesmo assim o défice orçamental não deverá ficar abaixo dos 5% em 2013.
E por muito que se pretendam valorizar os resultados mais recentes da evolução económica, realçando-se a evolução positiva do PIB no último trimestre de 2013 em termos homólogos, as evoluções positivas do PIB em cadeia desde o 2º trimestre de 2013, a evolução do desemprego e a evolução do comércio externo, tais resultados não permitem esquecer que tal só foi possível após onze trimestres de queda no caso do PIB, após 18 trimestres de variação homóloga positiva no caso da taxa de desemprego e no caso das exportações de mercadorias continuando estas a evoluir positivamente, é no entanto clara a sua dependência de combustíveis refinados (mais de 50% do ritmo de crescimento) e mais preocupante ainda, esse ritmo de crescimento é cada vez menor de ano para ano (em 2011 cresceram em valor 14,4%, em 2012 cresceram 5,7% e em 2013 4,6%).
Como temos vindo a reafirmar o que é surpreendente não é a evolução conjunturalmente positiva destes indicadores, mas antes como foi possível estes indicadores permanecerem com evoluções negativas tantos trimestres sucessivos. Dificilmente esta coroa de glória da direita e das políticas de direita em Portugal será ultrapassada nos anos mais próximos.
O memorando de entendimento assinado entre a troika nacional (PS/PSD/CDS) e a troika internacional (CE/BCE/FMI), assumiu como problemas fundamentais da nossa economia, os nossos níveis de endividamento público e de défice orçamental e impôs ao nosso país um conjunto de medidas de política ditas de austeridade, que mais não visaram do que atacar muitas das conquistas laborais e sociais conquistadas pelos trabalhadores e pelo povo português com o 25 de Abril.
Nos últimos 3 anos, não apenas foi congelado o salário mínimo nacional e foram destruídos centenas de milhares de postos de trabalho, como se verificaram reduções nominais dos salários, pensões e reformas, com especial incidência na Administração Pública. De acordo com o INE os custos salariais neste período caíram 18,3% em termos reais no total da nossa economia, sendo que na Administração Pública essa queda foi de 23,8%. Neste mesmo período o subsídio de desemprego foi reduzido em montante e prazo de duração, as indemnizações por despedimento foram consideravelmente reduzidas e os despedimentos foram facilitados, as prestações sociais não contributivas foram diminuídas, o acesso à saúde e à educação foi dificultado e a carga fiscal aumentou de forma brutal sobre os trabalhadores e as famílias (IRS e IVA).
As políticas de austeridade prosseguidas neste período significaram objectivamente um agravamento na distribuição do rendimento, em benefício do capital e em prejuízo de milhões de trabalhadores. O peso do factor trabalho é cada vez menor no rendimento nacional.
De acordo com a revista Exame, embora 2012 tenha sido um ano negro para a esmagadora maioria dos trabalhadores portugueses, reformados e pensionistas, as maiores fortunas do país continuaram a crescer e mais do que duplicaram desde 1980. Os 25 mais ricos do país possuíam em conjunto cerca de 16,7 mil milhões de euros, 10% do PIB nacional.    
Vivemos hoje a maior crise económica e social do pós 25 de Abril, empurrando para a pobreza e miséria milhares e milhares de portugueses, forçando mensalmente mais de 10 mil portugueses a emigrarem, procurando lá fora o emprego que aqui lhes é negado. Os níveis de emigração superam já o período negro dos anos 60 em que milhares portugueses se viram forçados a emigrar para fugir à guerra colonial ou para procurarem lá fora os empregos e salários que aqui lhes eram negados.
Lamentavelmente e ao contrário de outros indicadores económicos, a divulgação da informação estatística sobre os níveis de pobreza tem habitualmente um desfasamento temporal de dois/três anos o que dificulta, ou mesmo inviabiliza, a sua utilização como instrumentos de orientação/avaliação da política social. Não é certamente por acaso que isto acontece.

Camaradas e Amigos
Há muito que afirmamos que o principal problema do nosso país é económico, os problemas financeiros que enfrentamos decorrem dele. A perda de competitividade acumulada desde a adesão ao euro, resulta da nossa estrutura produtiva ser muito mais frágil do que a dos restantes países do euro e estar neste momento sujeita às mesmas regras e políticas aplicadas a esses países.
Nestas condições as perdas de competitividade sucedem-se e as dificuldades de concorrência nos mercados externos agravam-se e a nossa balança corrente deteriora-se e consequentemente o mesmo sucede à divida externa do país (privada e pública). Não admira pois que o endividamento externo líquido continue a agravar-se tendo nos últimos 3 anos passado 107,2% do PIB para 117,1% em Setembro de 2013, de acordo com os últimos dados do Banco de Portugal.   
A saída da profunda crise em que o país caíu tem de ter como base fulcral a ultrapassagem dos nossos desequilíbrios externos, o que significa colocar o enfoque no aumento da competitividade (para reduzir de forma sustentada o défice da balança de bens e serviços) e na redução do serviço da dívida para melhorar a balança de rendimentos.
Para tal é imprescindível reestruturar a nossa dívida externa, nos seus prazos, taxas de juro e montantes e aumentar consideravelmente os nossos níveis de competitividade externa, através de uma desvalorização cambial só possível com a saída do euro, já que a desvalorização interna do trabalho que este Governo tem prosseguido, conduzirá ao empobrecimento dos trabalhadores portugueses, para níveis inimagináveis e mesmo assim temos muitas dúvidas de que esse objectivo seja atingido dado o peso cada vez menor dos salários nos custos de produção.
Portugal tem finalmente que apostar no aumento da sua produção nacional, na subida dos salários e pensões, como forma de dinamização do mercado interno, na promoção do emprego com direitos e no combate à precariedade, na aposta na formação e qualificação dos portugueses como factor determinante para a melhoria dos serviços prestados, numa maior justiça fiscal, na valorização e desenvolvimento dos serviços públicos, na recuperação por parte do Estado das alavancas fundamentais da nossa economia, da banca, às telecomunicações, da energia, aos transportes, pela defesa de um serviço nacional de saúde, universal e gratuito, pela defesa de uma educação pública para todos e por uma segurança social a que todos tenham acesso.
Este será o caminho alternativo que permitirá ao nosso país ser um país soberano e independente, justo na distribuição da riqueza pelos portugueses onde quer que eles se encontrem no país e em que as suas maiores riquezas, os seus recursos humanos e naturais, estejam ao serviço de todos os portugueses.
É por este país que lutamos e lutaremos!      
Encontro de deputados do PCP à AR e ao PE
Seixal, 17 de Fevereiro de 2014
    

17 de fevereiro de 2014

OPOSIÇÕES “made in USA”

Tal como na Líbia, Síria, Ucrânia, tal como está a ser na Bósnia etc., a oposição financiada pelos EUA passou ao ataque violento na Venezuela. Governos eleitos democraticamente passam a ser alvo de ataques por bandos armados, elementos anto-sociais, mesmo terroristas. O feudalismo, o racismo, a opressão religiosa, o fascismo têm servido perfeitamente a “economia de mercado” e a obsessão imperialista de controlar o mundo. (1)
Na Venezuela a tentativa de golpe de Estado prossegue (2) bandos de arruaceiros de movimentos fascistas provocaram 3 mortos, 66 feridos e numerosos danos materiais.
Aparecem agora também grupos esquerdistas armados reclamando a erradicação do capitalismo pela extinção pela força dos capitalistas. Concentram-se perto da fronteira colombiana. Estão a ser usados pela CIA, a Mossad e os paramilitares colombianos, empregando um discurso ultraesquerdista destinado a criar confusão e divisões na Venezuela, sobretudo entre os pequenos agricultores.
O lema fascista/neonazi “Pátria, honra e família”, está a ser usado na América Latina (mas também na Europa)
Na Venezuela, o fascista mascarado de social-democrata, (atenção ao que se passa em Portugal…) Capriles, depois das sucessivas derrotas sofridas dá lugar a Leopoldo Lopez, claramente identificado como fascista, que organiza a subversão mesmo que seja preciso matar e ferir grande número de pessoas e destruir património público.
Que uma ínfima minoria siga Lopez não importa ao império. O que é necessário é criar o caos para justificar intervenção armada. Contudo o governo Venezuelano emitiu uma ordem de captura contra Leopold Lopez.
Face a isto o processo de diabolização do povo venezuelano (à semelhança do cubano) está em curso pelas centrais de (des)informação, nas mãos de governos reacionários ou da oligarquia.
A comunicação social controlada criticou o que se passa? Não, considerou que era o povo em revolta contra a “miséria, a fome, a insegurança”, caso da SIC, quando se sabe que o governo bolivariano tem sido – ao contrário do que se passa nos países capitalistas - dos que mais tem feito pelo aumento do nível de vida e da cultura do povo!
Que tristeza ver como o jornalismo mercenário ocupa o lugar que seria a liberdade de expressão. Um jornalismo que já não existe, substituído por precários obrigados sob pena de despedimento a repetirem as mentiras das centrais de informação.
Que vergonha a informação a dada acerca da Venezuela, da Síria, da Ucrânia, etc. É a própria democracia que está em causa. O PS alinha nisto tudo. Uma tristeza…
West Manufactures ‘Opposition - By Andre Vltchek
Venezuela : la tentative de coup d’état se poursuit - Anne WOLFF

14 de fevereiro de 2014

Uma queda do PIB - 40% superior à previsão do O. E. para 2013


Nota sobre a estimativa rápida do PIB do 4º trimestre e do ano de 2013
1.     Estas estimativas rápidas do 4º trimestre de 2013 eram aguardadas com grande expectativa por parte do Governo e da sua base de apoio a direita PSD/CDS. Pretende o Governo e a direita continuar o foguetório de que o pior já passou e de que a nossa economia já está a crescer.
2.     O INE acabou de divulgar as estimativas rápidas do 4º trimestre de 2013 das contas Nacionais. De acordo com o INE, o PIB no 4º trimestre de 2013 cresceu 1,6% comparativamente com o 4º trimestre de 2012 e 0,5% comparativamente com o 3º trimestre de 2013. O que é que estes resultados significam?
3.     Significam que ao fim de 11 trimestres consecutivos de variações homólogas negativas finalmente a nossa economia regista uma variação positiva no seu PIB, o que não deixará de ser assinalado pela direita com toda a pompa e circunstância.
4.     Com estes resultados fica claro que ao longo de 2013 o ritmo de recessão foi abrandando o que é bem visível nas variações em cadeia positivas.
5.     Da nossa parte teremos de assinalar o nº impressionante de trimestres com variações homólogas negativas (11), situação nunca antes registada e que naturalmente depois de trimestres sucessivos em queda, haveria de chegar o trimestre em que batendo no fundo não se poderia caír mais. O que é impressionante não é registar-se uma variação positiva do PIB ao fim de 11 trimestres consecutivos de queda, mas antes ser possível conduzir o PIB a quedas sucessivas e ininterruptas durante 11 trimestres. Esta será uma coroa de glória da direita portuguesa difícil de ser superada nos próximos tempos.  
6.     Teremos de assinalar que estes dados confirmam que 2013 foi mais um ano de recessão, com uma queda do PIB de 1,4%. Desta forma pela 1ª vez na nossa história o nosso país permanece em recessão durante 3 anos, acumulando uma queda do PIB neste período de 5,8% (o PIB caiu 1,3% em 2011, 3,2% em 2012 e agora em 2013 1,4%), que corresponde a uma destruição de riqueza produzida equivalente a 9 440 milhões de euros, a uma destruição de 323 500 empregos, a uma subida da taxa de desemprego real para cerca de 24%, com cerca de 1 milhão e quatrocentos mil desempregados e, que levou a uma emigração forçada de mais de 200 mil portugueses.
7.     Por fim apesar de todo o foguetório a verdade é que a queda do PIB é 40% superior à previsão avançada pelo Governo, quando da discussão do Orçamento de Estado para 2013.
14 de Fevereiro de 2014
José Alberto Lourenço (CAE

8 de fevereiro de 2014

Relatório da ONU sobre abusos sexuais de padres

Um Relatório da ONU, emitido pela Comissão para os Direitos das Crianças, pede ações imediatas do Vaticano contra os abusos sexuais sobre crianças. Considera que as políticas adotadas pelo Vaticano permitiram que padres abusassem sexualmente de milhares de crianças e ajudaram a esconder abusos largamente difundidos.
É pedido que todos os clérigos conhecidos ou suspeitos de abusos sobre crianças sejam imediatamente entregues às autoridades civis.
O relatório, considerado devastador, considera que as políticas e práticas do Vaticano conduziram à continuação dos abusos e impunidade dos perpetradores.
São também criticadas as políticas do Vaticano relativamente à homossexualidade, aborto e contraceção.
“Devido a um código de silêncio imposto a todos os membros do clero sob pena de excomunhão, casos de abusos sexuais sobre crianças dificilmente são relatados às autoridades nos países em que foram cometidos” – acrescenta o Relatório.
O Vaticano é também acusado de não tomar medidas para prevenir caos como o escândalo das lavandarias de Madalena na Irlanda em que raparigas eram mantidas em condições de trabalho forçado por freiras que incluíam “tratamento cruel e degradante” e “abusos físicos e sexuais”.
Em resposta ao relatório o Vaticano afirma estar decidido a proteger as crianças de abusos sexuais. Neste sentido o Papa criou uma comissão em dezembro último para lidar com estes casos.
Contudo a ONU afirma que nos arquivos do Vaticano existem dezenas de milhares de casos de crianças que devem ser entregues às autoridades, para que os culpados possam ser responsabilizados.Ver:
Vatican policies 'allowed priests to rape children' – UN
VATICAN CITY February 5, 2014 (AP) By NICOLE WINFIELD Associated Press 
 
Nota – O voto de castidade do clero secular (padres) só se tornou obrigatório já no final século XI com o papa Gregório VII. O papa declarou inválidos sacramentos por padres casados e excitou tumultos contra padres casados. No fundo da questão estava a herança de bens do clero que deixavam de reverter para a Igreja, mas para os filhos do padre.

5 de fevereiro de 2014

Desemprego- que dados positivos?


Nota sobre as Estatísticas do Emprego no 4º trimestre de 2013 e do ano de 2013


1.     Os resultados do Inquérito ao Emprego do 4º trimestre de 2013 hoje divulgados pelo INE, permitem analisar a evolução do emprego e desemprego no 4º trimestre de 2013, bem como analisar a sua evolução anual em 2013 comparativamente com 2012.
2.     De acordo com estes resultados pode afirmar-se por um lado que a taxa de desemprego baixou do 3º para o 4º trimestre de 2013 de 15,6% para 15,3%, como também se pode dizer que a taxa de desemprego subiu de 15,7% em 2012, para 16,3% em 2013. Qualquer das taxas de desemprego está correcta, só que uma se refere à taxa de desemprego no último trimestre de 2013 e a outra se refere à taxa de desemprego anual.
3.     Embora não ignoremos o valor da taxa de desemprego e a evolução do emprego no último trimestre de 2013 e o facto de elas reflectirem uma tendência clara de queda da taxa de desemprego ao longo dos quatro trimestres deste ano (vale a pena relembrar que a taxa de desemprego após ter subido no 1º trimestre de 2013 para 17,7%, desceu no 2º trimestre para 16,4%, no 3º trimestre para 15,6% e agora no 4º trimestre fixou-se nos 15,3%), vamos neste análise fixarmo-nos na evolução da taxa de desemprego e do emprego em termos anuais, a qual permite resolver os problemas de sazonalidade sempre presentes nas comparações entre os vários trimestres.
4.     Apesar de mais de 100 mil portugueses terem sido forçados a emigrar em 2013 procurando lá fora o emprego que aqui lhes é negado, apesar deste Governo ter artificialmente reduzido o nº de desempregados através da ocupação de 143 853 desempregados inscritos nos Centros de Emprego em falsos programas de formação e emprego (quase o dobro do ano anterior e 3,5 vezes mais do que em 2011), os dados hoje divulgados pelo INE mostram que mesmo assim a taxa de desemprego em sentido restrito subiu de 15,7% em 2012 para 16,3% em 2013. Estes mesmos dados apontam para uma taxa de desemprego real em 2013 de 24,2% e cerca de 1 milhão e quatrocentos mil portugueses efectivamente desempregados, valores que incluem 278 600 portugueses considerados inactivos mas disponíveis para trabalhar e 263 200 trabalhadores em situação de subemprego visível.
5.     Estes dados mostram também em termos anuais que em 2013 foram destruídos 121 200 empregos, em especial na Agricultura e na Industria Transformadora, que o desemprego jovem se mantem nos 37,7% e que os desempregados de longa duração (desemprego superior a um ano) representam já em 2013 62,1% do total dos desempregados, quando em 2012 representavam 54,2%. Há um número muito considerável e cada vez maior de desempregados que ao permanecer nesta situação durante largos e largos meses, terá cada vez mais dificuldades em regressar ao mercado de trabalho e por isso mesmo engrossa cade vez mais o nº dos chamados inactivos disponíveis para trabalhar mas que desistiram de o fazer.
6.     Os dados das Estatísticas do Emprego agora divulgados revelam uma situação a todos os títulos anómala e que é bem demonstrativa da situação degradante em que se encontra a nossa economia e o nosso país, já que a redução do número de desempregados em Portugal não tem correspondência na criação de empregos e não é consequência do crescimento económico da nossa economia, que não se verifica já que continuamos em recessão. Aquilo a que assistimos hoje é ao abandono do mercado de trabalho, por desistência de milhares e milhares de trabalhadores que caíram no desemprego, é à saída maciça de centenas de milhares de portugueses, em especial jovens, que procuram no estrangeiro resposta para as suas necessidades de emprego e é à ocultação de perto de cento e cinquenta mil desempregados, através de programas de emprego e formação por parte do IEFP, que fazem reduzir artificialmente a taxa de desemprego e que custaram ao Estado, só em 2013 e até Novembro, 423 milhões de euros.
5 de Fevereiro de 2014
José Alberto Lourenço (CAE 

1 de fevereiro de 2014

UCRÂNIA - A mentira por omissão. (1)

A grande maioria dos ucranianos não quer esta espécie de guerra civil instalada.
Desde o fim da URSS a Ucrânia passou de 51,4 a 45 milhões de habitantes. Emigração, baixa natalidade, aumento da mortalidade por desmantelamento dos serviços de saúde. Pobreza, subalimentação são hoje uma realidade. O salário médio é cerca de 325 dólares mensais.
Estes problemas agravaram-se com o conflito gerado à volta da assinatura de um tratado de livre comércio com a UE e aplicação de medidas propostas pelo FMI, cujas consequências seriam desastrosas para a indústria da Ucrânia (sobretudo no leste) obrigadas a fechar ou serem reestruturadas-desmanteladas pelas multinacionais.
Além da importação massiva de produtos ocidentais, as exportações iriam encontrar enormes obstáculos devido à imposição de normas da UE.
Existe também a questão da base russa de Sebastopol que a Rússia não permitiria que aí fosse instalada uma base da NATO.
A imprensa europeia usa um maniqueísmo parcial ignorando a realidade do país. Os jornalistas ocidentais entrevistam os que dizem o que os governos ocidentais querem ouvir. É a mentira por omissão. Oculta-se o fenómeno neofascista e neonazi do partido “Svoboda”, oriundo da região onde se manifestou o colaboracionismo com os nazis e mesmo participando nas SS, a Galícia, junto à Polónia.
O jornalismo ocidental esconde a violência neonazi, as agressões antissemitas, os ataques a administrações regionais, faz passar esta gente por democratas e nacionalistas. O partido Oudar, que se qualifica democrático e das reformas, abertamente apoiado pela Alemanha, é dirigido por um antigo boxeur, e os seus quadros receberam formação na fundação Adenauer.
As verdadeiras reformas são um radical e desumano programa neoliberal de verdadeiro terrorismo social foram divulgadas na WikiLeaks a partir duma conversa entre o embaixador dos EUA e um elemento do Oudar (antigo ministro das finanças).
O PC ucraniano faz apelos à razão e recolheu mais de 3 milhões de assinaturas para a realização de um referendo para decidir se a Ucrânia devia realizar um tratado com a UE ou uma união aduaneira com a Rússia.
Presentemente é a Alemanha apoiada por políticos dos EUA que conduz o processo de  conspiração anti Ucrânia, com o objetivo traçado pelos EUA nos anos 90 para fazer cair o país no campo da NATO.
A irresponsável conspiração em curso pode levar ao desmembramento da Ucrânia. Por exemplo o parlamento da Crimeia já decidiu que não permanecerá numa Ucrânia fascista e a sua população manifestou maioritariamente o desejo de se integrar na Rússia. 
1 - Ukraine : « La très grande majorité des Ukrainiens ne veut pas de cette nouvelle guerre civile »Jean-Marie Chauvier (jornalista e ensaísta belga)  http://www.legrandsoir.info/ukraine-la-tres-grande-majorite-des-ukrainiens-ne-veut-pas-de-cette-nouvelle-guerre-civile.html