Nota sobre as Estatísticas do Emprego e do Comércio Externo no 1º Trimestre de 2014
1.
Análise dos resultados do Inquérito ao Emprego
do 1º Trimestre de 2014
1.1. Os
dados hoje divulgados pelo INE referentes ao seu Inquérito ao Emprego do 1º
Trimestre de 2014 mostram que a taxa de desemprego em sentido restrito se
situou no 1º trimestre do corrente ano nos 15,1%, correspondendo a 788 100
desempregados, enquanto em sentido lato, se estima uma taxa de desemprego no 1º
trimestre de 23,8%, ou seja, cerca de 1 309 600 trabalhadores portugueses estão
efectivamente desempregados. Comparativamente com o 1º trimestre de 2013, estes
dados mostram-nos uma redução da taxa de desemprego de 2,4 pontos percentuais,
isto é, em termos restritos temos no 1º trimestre do corrente ano menos 138 700
desempregados do que em igual período do ano passado.
1.2. Enquanto
o desemprego em termos homólogos se comportou desta forma já do lado do emprego
verifica-se que no 1º trimestre a população empregada aumentou 1,7%, isto é, em
termos líquidos temos no 1º trimestre do corrente ano mais 72 mil empregos do
que em igual período do ano passado. Ou seja, a redução do desemprego neste
período homólogo foi muito superior à criação de emprego, o que significa que
muitos daqueles que deixaram de ser contabilizados como desempregados não
passaram a ter um emprego, mas antes ou passaram a inactivos, ou emigraram ou
ainda, fazem parte daqueles muitos milhares de trabalhadores portugueses que
tendo perdido o seu emprego, pulalam de cursos de formação em cursos de
formação promovidos pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
1.3. Esta
situação dos chamados trabalhadores desempregados ocupados em programas de
emprego ou formação profissional merece uma referência especial já que a
leitura dos números mostra-nos que este Governo mais do que qualquer outro
utiliza estes programas para de forma deliberada mascarar os números do
desemprego. O gráfico seguinte com a evolução mensal desde Janeiro de 2010 do
nº de desempregados nestes programas de ocupação mostra-nos que se em Março de
2011, ainda com o Governo PS, eram 23 343 o nº de trabalhadores desempregados
ocupados nestes programas, no passado mês de Março eram já 161 371 o nº de
desempregados empurrados para estes programas (mais 6,2 vezes). Só em 2013 este
Governo gastou quase 314 milhões de euros com estes programas, um aumento de
61,2% relativamente a 2012. Assim se reduz aparentemente o desemprego em
Portugal.
1.4. Os
dados deste Inquérito permitem-nos ainda constatar que a taxa de desemprego
Jovem em Portugal se situava no 1º trimestre de 2014 nos 37,5% e que a
população desempregada há mais de um ano representa hoje 66,4% do total de
desempregados. Este é um indicador preocupante já que quanto mais tempo passa
mais difícil se torna a um desempregado voltar ao mercado de trabalho.
2.
Análise dos resultados do Comércio Externo de
Mercadorias no 1º trimestre do ano
2.1. Os
dados do comércio externo de mercadorias referentes a Março confirmam a
tendência que se vinha a verificar nos dois 1ºs meses, de abrandamento das
exportações de mercadorias e de aceleração das importações. No 1º trimestre do
ano as exportações aumentaram apenas 1,7%, enquanto as importações aumentaram
6%. Do lado das exportações a forte desaceleração registada na sua evolução
deve-se fundamentalmente à quebra nas exportações de combustíveis e
lubrificantes (-30,3%), o que se deve à paragem de uma das fábricas da GALP em
Sines para manutenção durante 45 dias. Mesmo que a retoma na produção da
refinaria se faça já no mês de Abril, os resultados das exportações no 1º
trimestre pode afectar irremediavelmente a evolução das exportações no corrente
ano. Já do lado das importações, o crescimento registado no 1º trimestre
confirma que um melhor comportamento da nossa Procura Interna (Consumo Privado,
Público e Investimento), dada a destruição do nosso aparelho produtivo, conduz
inevitavelmente a uma subida das nossas importações. Lá se vai por água abaixo
o equilíbrio da Balança Corrente tão festejado por este Governo.
CAE,
09 de Maio de 2014
José
Alberto Lourenço
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