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2 de maio de 2014

Afinal a renegociação da dívida sempre é necessária e possível


Finnaças Públicas
Presidente da Associação Portuguesa de Bancos afirma que Portugal poderá aumentar prazos de pagamento e descer juros
O presidente da Associação Portu- guesa de Bancos (APB) considera que Portugal terá condições de re- negociar a dívida, aumentando pra- zos e baixando juros, mas que para isso terá de apresentar melhorias na economia e de consolidar as finanças públicas.
“Para pagar a dívida nas condi- ções actuais temos de almejar um crescimento económico superior a 3% ao ano, acima do previsto para os próximos dois a três anos. Estou profundamente convicto de que, à medida que a economia portuguesa for progredindo e que a confiança na disciplina orçamental do país for sendo consolidada, vão seguramente ser criadas condições para ir reven- do a nossa dívida, quer em termos de prazo, quer em termos de taxa de juro”, disse Faria de Oliveira em entrevista à Lusa.
Para o presidente da associação que representa os principais bancos a operar em Portugal, a acontecer, a negociação deverá ser feita com os credores oficiais, União Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI). Já uma reestruturação da dí- vida está “completamente fora de causa”, uma vez que, considera, Portugal está a passar por “uma das crises mais intensas dos últimos anos e isso seria absolutamente fatal” para o país. Sobre o tipo de saída de Por- tugal do programa de ajustamento,
que será anunciada nos próximos dias pelo Governo, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi claro, assumindo que “preferia um programa cautelar”.
Esse programa, justificou, seria uma “espécie de seguro”, uma vez que “favorecia a taxa de juro” e protegia da “volatilidade dos mer- cados”. Além disso, adiantou, tinha a vantagem de “exigir maior disci- plina e de diminuir manifestamente o risco político”, já que poderia ser exigido “o compromisso dos três partidos [PSD, PS e CDS]” no seu cumprimento. “Mas o programa cautelar não depende só de nós, depende de obtermos o acordo das instituições europeias e dos Estados- membros para que se concretize. Temos de encontrar aceitação do outro lado. [Porém,] admito perfei- tamente que tenhamos uma saída simples ou quase simples”, afirmou Faria de Oliveira.
Quanto ao futuro da economia portuguesa, o responsável sublinhou que deve haver “uma obsessão pelo crescimento económico” e que para isso é preciso captar investimento, seja nacional ou internacional, já que sem ele “não há futuro, não há emprego e diversificação do investi- mento produtivo”. Outra prioridade deve ser “reforçar a resiliência das empresas”, sobretudo das viradas para o mercado externo, para “te- rem capacidade de realizar novos investimentos”.
Em terceiro, disse, é necessário “assegurar as questões de financia- mento da economia”. Mas para tal é necessário que, a par do contributo do sistema bancário, sejam encontra- das outras formas de financiar as em- presas, como o mercado de capitais ou sociedades de capital de risco
Público 2 De Maio 2014

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