Os trabalhadores eram na realidade pressionados a vender
lixo financeiro, como se veio a provar, involuntariamente colaborando na fraude,
muitos sendo também dela vítimas. Nada que não tivesse já acontecido nos EUA e
na UE ficando tudo na mesma depois das habituais declarações de falsa
indignação e apelos à moralidade…dos agiotas.
Isto remete-nos para as alterações à legislação laboral que
considera um dos critérios para despedimento o não cumprimento dos objetivos definidos
pela entidade patronal. A perversidade desses critérios apregoados como fatores
de eficiência (e que a UGT acordou) está à vista.
Com estas leis de “flexibilidade” que a CE (tão querida do
PS – A. Costa) acha insuficientes, os trabalhadores são obrigados a adotar o
que quer que a gestão tenha como bom, quer motivada por implacável concorrência “livre e
não falseada” ao sabor dos monopólios, quer por constrangimentos de orçamento
para diminuir custos, quer para colmatar os seus erros, quer por se envolver em
esquemas fraudulentos.
Há cada vez mais – trabalhadores a ser sujeitos a ritmos de
trabalho desumanos, a stress pela instabilidade dos seus postos de trabalho,
pela concorrência que é desencadeada entre os próprios trabalhadores, na luta
pela sobrevivência a que estão sujeitos. É pior que o trabalho à peça,
abandonado já antes do 25 de ABRIL por ser fonte de acidentes no trabalho, má
qualidade, acrescida ineficiência, desarticulação do espírito de equipa.
As políticas do PSD-CDS são atentados à dignidade da
condição de trabalhador. Os propagandistas do sistema difundem a ideia de um
patronato íntegro, honesto, que age racionalmente em função do mercado, tendo sempre
em vista o interesse nacional. Pelo contrário os trabalhadores são uma camada perigosa,
tendencialmente à esquerda, potencialmente prevaricadora, cujos direitos são
injustificáveis privilégios que têm de acabar (FMI e CE dixit), que ganham de
mais para o que produzem, responsáveis pelo atraso do país e seu endividamento,
mimados por leis laborais “rígidas” que não permitem o patronato despedir como
e quando bem lhe aprouver.
Para a direita/extrema-direita no governo o trabalhador
ideal deve estar envolvido numa estratégia de sobrevivência no sentido que a
entidade patronal desejar, sem capacidade de analisar ou reagir. São os “homens
práticos” ao serviço da oligarquia que se afastam dos sindicatos e da “política”,
sem perspectivas do social e do coletivo.
As semelhanças com o fascismo não são mera coincidência…
1 – Prós e Contras de 13 de outubro, declarações do
representante da Comissão de Trabalhadores do BES.
Sem comentários:
Enviar um comentário