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5 de outubro de 2014

PS: ALQUIMIA POLÍTICA

A ideia de democracia do PS radica numa “idílica abstração dos antagonismos de classe” (Marx, A Luta de Classes em França). Pode criticar as políticas do PSD e CDS, mas nunca com o propósito de atuar de forma fundamentalmente diferente. É o que podemos qualificar como “alquimia política”, supondo que mantendo os mesmos fundamentos se podem obter resultados diferentes, apenas variando a forma executam os processos admissíveis pelo sistema adotado: o neoliberalismo.
O PS e o alter-ego sindical da troika interna a UGT têm estado ao serviço do grande capital à espera de migalhas na fantasmagoria da conciliação de classes, na bondade dos bons sentimentos dos oligarcas.
A troika interna aclamando a “economia de mercado” serviu de máscara à vitória dos monopólios e da especulação. O que as camadas não monopolistas obtiveram foi a falência das suas poupanças; corte nos seus rendimentos para beneficiar o grande capital das SPGS; MPME falidas; hipotecas a serem acionadas sobre o que pensavam ser seu. E tudo isto em nome da defesa da propriedade e do mercado!
A. Costa fala em “romper com a visão a curto prazo, reunir vontades, construir compromissos, mobilizar energias em torno de uma nova agenda mobilizadora”. Tudo espremido resume-se a “fomentando o empreendedorismo, a inovação, fortalecendo as empresas e apoiar a sua internacionalização”. Eis um conjunto de frases destituídas de conteúdos concretos que o PSD e o CDS nunca se cansaram de repetir.
Com o poder económico e financeiro entregue nas mãos da oligarquia as críticas do PS ao governo PSD-CDS, são tanto mais veementes quanto mais inúteis de facto, pois recusam o papel interventivo das massas populares. O PS protesta “mas nos limites da razão pura” (Marx, A Luta de Classes em França) com medo de surgir como fator de instabilidade dos interesses oligárquicos, hostilizando as forças de esquerda em tudo o que ponha em causa os ditames da UE e imperialistas. A veemência das palavras cresce à medida que se tornam inúteis. Baixa de tom ou cala-se sempre que seria necessário juntar-se às forças populares em ações concretas.
J. Seguro queria estabelecer consensos com o PSD; A. Costa quer que o PSD faça consensos com o PS. Francisco Assis, dizia que “temos de aceitar a austeridade que nos estava (!?) a ser imposta”, recentemente defendeu a coligação governativa com o PSD. Dizia Ana Gomes (a das armas de destruição maciça no Iraque…): “o bloco central (governo PS-PSD) pode ser necessário. Não o descarto.” Como dizem que o PS está unido a unidade deve ser isto, mais as “mudanças” na UE.
O PS pode ter as ilusões e sonhos europeus que quiser, mas que fazer deste país? Nada indica que a Alemanha esteja disposta a alterar algo além de cosmética, mas até agora nem isso. Muito pelo contrário, quer o reforço destas políticas e um “ministro das finanças da UE” ao serviço dos seus exclusivos interesses. Aliás, a Comissão Europeia é constituída por gente devotada à ortodoxia neoliberal e à hegemonia alemã. Portanto a questão que se coloca é: se as suas quimeras europeístas não se concretizarem qual o plano B que o PS propõe para defender os interesses nacionais? Não existe, tal como o PSD-CDS não o têm. É, como se vê, a troika interna em ação…

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