Pois bem, segundo a sondagem o PS está à beira da maioria
absoluta com 46%; PSD + CDS perfazem 32%; PCP 10%, BE 4%. Como explicar que um
governo que destrói o país, mente compulsivamente, de intolerável
incompetência, totalmente enfeudado às oligarquias, que aumentou a miséria para
níveis inconcebíveis, tenha quase um terço das intenções? Aqui conta, por
certo, o peso do conservadorismo, a política de medo e ameaças que são difundidas
caso se alterem as políticas e se perca a “confiança” dos “mercados”. Propaga-se a submissão e a apatia cívica,
a par do desemprego, do abandono do país, da dependência da caridade em vez de
direitos sociais.
Se há crime social que a direita comete – tal como o fascismo
– é o obscurantismo e a perda de “qualidade social” (Marx) dos indivíduos. Não
se pense que as vítimas das políticas do governo criam só opositores: criam “lúmpen
proletariado” e também “aristocracia proletária”. Nos locais de trabalho o stress pela insegurança, precariedade, dificuldades matérias,
perda de direitos, gera também o divisionismo, o transferir as frustrações não
para o sistema de exploração mas para os colegas, gera o oportunismo, o
individualismo, a falta de carácter. Os reformados são levados a crer que a sua situação é causada pelos outros trabalhadores e pelos sindicatos, promovidos a inimigos públicos.
Não esqueçamos, que as escolhas das pessoas são resultantes
do meio em que estão inseridos quer se tornem um produto passivo quer reajam.
O PS - António Costa adotou a
tática que deu a Sócrates a maioria absoluta: não definir em que consistem as
suas políticas, ficar por vagas promessas, quanto ao resto basta-lhe criticar o
governo anterior. Diga-se que o PSD-CDS fez o mesmo. Para A. Costa tudo se
resume a pôr fim à austeridade e ter crescimento, sem dizer como, ao mesmo
tempo que em transe psicótico vê “sinais positivos” na UE. Entretanto, diz que fará
acordos à esquerda e à direita.
Esta é a máscara que lhe permite ir
buscar votos à sua esquerda, enquanto os porta-vozes credenciados da oligarquia
(a começar pelo PR) pressionam para o “consenso” á direita. Mas a máscara caiu rápido.
A veemência das críticas do PS à política de direita é tanto mais intensa
quanto menos efeitos práticos se destina a produzir.
O PCP apresentou na AR propostas sobre renegociação da
dívida, debate sobre a saída do euro, controlo público sobre a banca. Diga-se
que eram propostas muito moderadas, embora fundamentais para o país sair do impasse
da crise. Pois bem, o PS votou contra todas ao lado do PSD e CDS . PCP, PEV, a favor,
BE a favor, exceto na questão do euro em que se absteve.
A posição do PS é reveladora da fraude em que este partido
se tornou. Podia não estar de acordo com considerandos ou formas do PCP abordar
as questões, mas podia pelo menos mostrar concordância de princípio com a
necessidade de debater aquelas questões. Então teria optado pela abstenção. Mas
não, votou sem vacilar ao lado do PSD e CDS. Oligarcas, especuladores, agiotas, podem contar com o sr. António Costa e o seu PS! Ele não os abandonará!
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