Pelo
seu interesse, transcrevo para aqui um artigo de opinião da revista
FORBES publicado em Janeiro deste ano de 2015 e no qual «acabo de
tropeçar»...
Escreve Panos Mourdoukoutas, colaborador da revista FORBES:
«Antes
de impor à Grécia mais uma ronda de austeridade, a Alemanha deveria
corrigir o seu próprio problema de contabilidade – calculando a
dívida grega, e a sua própria, usando normas internacionais
aceites. Enquanto os cidadãos gregoes vão votar este Domingo, os
funcionários alemães não deixaram passar a oportunidade de
lembrar a Grécia de que tem que cumprir as suas obrigações da
dívida. Isto significa adoptar uma austeridade sem precedentes a
qual tem deprimido a economia grega.
O
problema é que a Alemanha tem estado a sobre estimar a dívida grega
ao não seguir os padrões do «International
Public Sector Accounting Standards (IPSAS)» os quais medem os
compromissos e os activos ao longo do tempo.
De
acordo com o Professor Jacob Soll, os padrões IPSAS são similares
aos que são utilizados pelos principais governos, bancos e
investidores em todos os níveis. «De facto, a dívida foi calculada
como sendo maior do que realmente é ou seria se tivessem sido usados
os padrões "IPSAS", escreveu Soll num recente artigo no
New York Times.
Exactamente
em quanto foi sobre estimada a dívida grega?
A
resposta pode encontrar-se em www.freegreece.info.
Se
forem aplicados os padrões do "IPSAS Board" para calcular
a dívida grega, a dívida líquida é de 18%, não 175% do PIB. E
qual é a situação no caso da Alemanha seguindo os padrões do
"IPSAS Board"?... 46% do PIB.
Isto
quer dizer que a situação da dívida da Grécia é melhor do que a
da Alemanha!
Então
porque razão a Alemanha não usa (o padrão) IPSAS para calcular a
dívida grega?...
De
acordo com o profesor Soll, por duas razões.
Escreve
este autor que, em primeiro lugar, (os alemães) não aplicam (os
padrões) IPSAS na sua própria casa. «Um facto pouco conhecido é
que os alemães também não usam (os padrões) IPSAS e têm padrões
de contabilidade pública notavelmente opacos».
Em
segundo lugar, mantendo-se fora dos (padrões) IPSAS, a Alemanha pode
manter a Grécia em rédea curta ao mesmo tempo que mantêm a dívida
grega fora dos seus livros de contabilidade.
Escreve
Soll que «uma razão poderá ser que os alemães se têm recusado a
apreçar razoavelmente a dívida ou a reportar correctamente o seu
valor, o que significa que, no curto prazo, extraem dos Gregos mais
austeridade do que deviam e também porque assim mantém estes
empréstimos fora dos registos do balanço orçamental pois que os
mesmos apareceriam como perdas sob qualquer padrão legítimo de
contabilidade.
(uma
forma mal encapuçada de transferir para os gregos as perdas dos
bancos alemães, as quais deveriam ter sido suportadas pelos
contribuintes alemães, digo eu - GFS)
Na
nossa opinião há uma terceira razão. Sobre estimando a dívida
soberana dos países do Sul da Europa, aumenta-se a ansiedade nos
mercados de câmbios, deprimindo o Euro e potenciando a máquina
exportadora da Alemanha».
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Jacob Soll é autor de diversos livros sobre a História da Dívida e das práticas de contabilidade ao longo da História, designadamente «The Reckoning: Financial Accountability and the Making and Breaking of Nations». Há uma tradução em Português («O Ajuste de Contas»).
Para saber coisas sobre o IPSAS, pode visitar-se o portal da «International Federation of Accountants» em http://www.ifac.org/public-sector
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