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5 de novembro de 2015

A Comissão Europeia a intervir na situação política nacional

Em ano de eleições aumentou o poder de compra e o consumo privado...milagre!!!


Previsão de Outono da Comissão Europeia para a Economia Portuguesa
A Comissão Europeia (CE) divulgou hoje as suas previsões de Outono para a União Europeia no seu conjunto e para cada um dos países que a integram.
No caso português a Comissão reviu em ligeira alta a previsão de crescimento do PIB para 2015 de 1,6% para 1,7%, ao mesmo tempo que para 2016 a revisão foi em ligeira baixa de 1,8% para 1,7%.
Em relação à anterior previsão da Primavera passada , a alteração mais significativa nas previsões agora apresentadas prende-se com os diferentes contributos dados pelas várias componentes do PIB na óptica da despesa.
Enquanto nas suas previsões da Primavera a Comissão Europeia previa um crescimento do PIB nacional de 1,6%, com o consumo privado a crescer 2,0%, o consumo público a cair 0,3%, o investimento a crescer 3,5%, as exportações a crescerem 5,3% e as importações a crescerem 4,7%. O que em termos agregado conduzia a um contributo da procura interna para o crescimento do PIB de 1,4%, enquanto a procura externa líquida (exportações-importações) contribuía com 0,2%.
Nas previsões agora apresentadas o crescimento previsto para o PIB em 2015 assenta exclusivamente na procura interna que cresce 2,3%, enquanto a procura externa líquida caia 0,5%.
De uma perspectiva de crescimento económico em que a procura externa líquida daria um contributo positivo para esse crescimento, as exportações seriam neste caso e como este governo defende um dos motores do nosso crescimento, passou-se para um modelo de crescimento em que é a procura interna e em especial o consumo e o investimento, os motores do crescimento que se perspectiva para o nosso país em 2015 e também em 2016 e 2017.
Nestas suas previsões a Comissão Europeia reconhece que o forte conteúdo importado das nossas exportações dificulta o ajustamento externo da nossa economia, particularmente num contexto em que também a procura interna cresce a um ritmo elevado. Dito de outra forma a Comissão Europeia reconhece que dada a fragilidade do nosso aparelho produtivo, incapaz de responder às nossas necessidades internas de consumo e investimento e à aposta nas exportações, qualquer crescimento mais elevado destas variáveis induz directamente um crescimento das importações e consequentemente um aprofundamento do desequilíbrio externo.  
Em termos orçamentais a CE estima que o défice orçamental em Portugal atinja em 2015 os 3% do PIB. A ligeira melhoria registada em comparação com as anteriores previsões da Primavera que apontavam para um défice de 3,1%, resultam segundo a CE das melhorias registadas na evolução da receita fiscal e do mercado de trabalho. No caso da receita fiscal essa melhoria deve-se à aceleração do crescimento do consumo privado, enquanto o melhor funcionamento do mercado de trabalho segundo a CE levou a que a despesa com o subsídio de desemprego tenha sido inferior ao esperado.
Para a dívida pública a CE estima que após ter atingido as 130,2% do PIB em 2014, esta possa baixar para 128,2% no final de 2015, para 124,7% no final de 2016 e para 121,3% no final de 2017.
A CE nesta sua breve previsão para a economia chama a atenção para os riscos resultantes de um agravamento do cenário macroeconómico internacional e refere ainda que um prolongado período de incerteza política pode afectar a confiança das empresas e dos consumidores.  
Algumas notas em torno destas previsões da CE:
1.     Embora a CE reconheça nestas suas previsões um abrandamento da nossa economia no 3º trimestre do ano, depois de ter crescido no 1º semestre a um ritmo anual em torno dos 1,5%, a verdade é que a sua previsão para 2015 é agora de um crescimento do PIB de 1,7%, ligeiramente superior ao estimado antes.
2.     A CE nas suas previsões para o défice orçamental em 2015 não parece levar em conta alguns alertas provenientes da execução orçamental até Setembro, que apontam para um abrandamento no crescimento das receitas fiscais, nem considera a possível necessidade de reforço de capital para o Novo Banco resultante dos testes de stress que estão a decorrer. Normalmente um fim de ciclo político traz à tona despesa pública até aí escondida.
3.     A CE ignora literalmente o impacto que a situação da VW possa ter sobre os resultados das exportações alemãs e até mesmo portuguesas. Sobre esta matéria há um silêncio de chumbo, embora todos saibamos o peso que essas mesmas exportações têm na balança comercial alemã e portuguesa.
CAE, 05 de Novembro de 2015

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