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3 de janeiro de 2016

Cavaco, Marcelo e a pergunta para milhões

O atual PR disse que “temos o dever de defender o modelo político, económico e social”. É sintomático que não diga que temos de defender a Constituição, mas sim um modelo político que tem representado uma gravíssima perda de direitos laborais, precariedade, afastamento dos cidadãos da vida nacional expressa na abstenção eleitoral; um modelo económico que levou à estagnação, ao desemprego, ao endividamento do país esmagado pelos juros da agiotagem que o BCE defende qualquer que seja o custo; um modelo social que implica pobreza, precariedade, destruição do SNS e da escola pública.
Por aqui se vê a dimensão do político que não passou de um produto que a comunicação social controlada promoveu durante anos como uma eminente personalidade política e superior competência económico-financeira, professor emérito.
Afinal durante a sua presidência viveu-se o maior retrocesso no Portugal democrático causado por um “modelo” que ele na despedida acha que temos o dever de defender. Espantoso. O homem não se enxerga, como se diz, de facto na opacidade dos seus raciocínios “nunca tem dúvidas”.
Foi este reacionário, de pensamento nulo, que os fazedores de opinião construíram como um salvador da Pátria e garante da “estabilidade”, sempre acima dos partidos, apenas condicionado pelos “superiores interesses da nação” (como se viu no caso BES e no BPN, por ex.) levando os votantes a darem-lhe a sua confiança: coerentemente com as suas ideias sobre democracia a sua maioria absoluta representou 23% do eleitorado…
Títulos nas primeiras páginas apresentavam como pensamento profundo o que não passavam de banalidades ou intriga política. Criticava à maneira salazarista o “fazer política”, defendendo o conformismo dos consensos corporativistas ao sabor dos desejos de oligarcas fraudulentos, uma chaga para o país não só pela perversão económica e social que o capital monopolista introduz, como por serem os principais responsáveis por crimes económicos que atingem cerca dos 50 mil milhões de euros por ano retirados ao Estado, como revelado pelo Observatório de Economia e Gestão de Fraude da Faculdade de Economia. Valor que “peca por defeito e tem tendência a crescer três a quatro mil milhões ao ano.” O sector financeiro é aquele que mais está associado à evasão fiscal e ao branqueamento de capitais decorrentes da corrupção.
Porém, não nos enganemos, isto não é uma questão de. Cavaco Silva, a quem agora até os seus propagandistas voltam costas. Era vê-los quando o incensavam e incentivavam a não dar posse a um governo apoiado à esquerda. Não, não se trata do sr. Cavaco. Trata-se do “modelo” que a direita pretende impor aos portugueses. Por isso, aqui fica a questão para quem se der ao trabalho de rever as estratégias que puseram Cavaco na presidência:
Alguma vez o candidato – ou mesmo PR Cavaco – disse que faria tudo para não dar posse a um governo com maioria na AR apoiado à esquerda?
Enfim, descubram as diferenças: em que é que Marcelo se distingue de Cavaco?
E não falemos das aparências, do descritivo, mas do ideológico, do conceptual.
Em que se distinguem, principalmente ao apresentarem-se e serem apresentados como candidatos?


2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Marcelo
distingue-se de Cavaco
pelo padrinho
e pelo sorriso
parvo

Graça Sampaio disse...

Subscrevo cada palavra!!!

Por acaso leu hoje a breve crónica de Soromenho-Marques no DN sobre Cavaco? Está nesta linha...

E esse Marcelo, um «facho requentado» é outro que tal. Que povo tão «pequenino» que não enxerga!!!