Era esta a designação, no
tempo do fascismo, que as editoras colocavam referindo-se aos livros proibidos
pela censura e apreendidos pela PIDE. Apesar dos prejuízos para as
editoras e riscos para os livreiros que os divulgassem houve sempre exemplares
que escapavam à sanha persecutória e iam circulando entre amigos.
Dir-se-á que são tempos
passados, porém o neoliberalismo vigente não passa de um neofascismo, subtil
com seus formalismos democráticos tentando apresentar-se como o máximo da
liberdade individual. Uma liberdade contudo limitada e proporcional ao dinheiro que se possui. Todo o sistema está montado para o aumento das desigualdades e
precarizar a condição do comum dos cidadãos em função dos interesses do grande capital monopolista, detentor do fundamental da riqueza. É o caso da UE e das suas regras.
Hoje não se proíbe a
publicação de livros, simplesmente tudo o que foge à ortodoxia vigente fica
submerso pela montanha de lixo informativo ou supostamente formativo e portanto também
editorial. O efeito é o mesmo. A propaganda e divulgação na comunicação social
controla se encarrega de assegurar que assim seja: separar o trigo do joio, segundo o critério dos interesses dominantes.
Vem isto a propósito de
livros fundamentais para a compreensão da sociedade em que se vive, sua
ideologia, processos e consequências, totalmente escamoteados do comum do cidadãos. Falamos, por
exemplo de “Dossier BES, um retrato do capitalismo monopolista em Portugal” (Ed.
Avante, coordenação de Ana Goulart e Miguel Tiago) ou ainda de “A “Europa” Como Ela É” e “O Euro – Das
Promessas do Paraíso às Ameaças de Austeridade Perpétua” (Ed. Página a Página, A.
Avelãs Nunes).
Alguém
vê estas obras nos centros comerciais, supermercados, grandes livrarias? Foram alguma vez
os autores ouvidos na TV, ou mesmo na rádio, onde não falta espaço nem tempo
para a mediocridade e o reaccionarismo promovidos a obras primas.
Aqueles são
livros “fora do mercado” como tantos outros destas editoras, mais os que ficam
nas gavetas, desde que ponham em causa o sistema. Como referido no “Dossier
BES”, não se tratava de ser acusador das personalidades envolvidas nas fraudes,
independentemente das responsabilidades de cada um, “mas sim acusador do
sistema capitalista e da sua natureza destrutiva. O capitalismo enquanto
alavanca do desenvolvimento atingiu os seus limites históricos e aproxima-se
a passos largos dos limites materiais do planeta, da economia, e da própria
humanidade” (p. 126).
São
livros fundamentais, obras que não deixam pedra sobre pedra do omnipresente
edifício de mentiras e alienação que suporta a sociedade capitalista atual.
Como
disse B. Brecht: “as novas antenas difundem as velhas mentiras, a verdade essa
transmite-se de boca a orelha”.
Assim
terá de ser, neste “admirável mundo” do capitalismo senil, na sua fase neoliberal. Eis a razão desta mensagem.
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