Vilfredo Pareto (1875-1923) foi
economista, sociólogo e também político, dedicado apoiante de Mussolini que fez
dele senador. Teve muito antes disto responsabilidades na cobrança de impostos
na Sicília, tendo verificado que a uma pequena percentagem de contribuintes correspondia
uma elevada percentagem do rendimento total. Assim, uma melhor eficiência
fiscal deveria concentrar os seus esforços naquela faixa de maiores rendimentos.
É daqui que surge a chamada
curva de Pareto ou curva ABC que relaciona a % de dados com a % do total da
grandeza característica a que se referem. Estas curvas traduzem a desigualdade
das características atribuíveis a um dado conjunto de dados. Tal se verifica por exemplo no universo das
compras de um organismo, no universo das empresas, etc. Em Física e em estatística
há algo equivalente com a curva de Gauss.
Quanto maior a desigualdade mais
se acentua a curva Pareto. Assim, 99,4% das empresas são micro ou pequenas,
correspondendo cerca de 34% do total de vendas. As grandes empresas são apenas
0,1% mas facturam cerca de 48% do total de vendas.
Voltando aos impostos, Tudo isto
é sabido há muito, pelo menos desde 1897 pelo trabalho do Sr. Pareto. O governo PSD-CDS – mas não só…- não só o ignorou como fez precisamente
o contrário do que seria ajustado. Recentemente, o ex-diretor da
Autoridade Tributária e Aduaneira , prof. José Azevedo Pereira, esteve na AR.
Uma sua entrevista incomodou (obviamente…) a direita que – no caso do PSD - o
atacou de forma inqualificável.
No seu tempo foram detetados 240
contribuites com rendimento anual de mais de 5 milhões de euros (e um
património superior a 25 M€). Pagando á taxa aplicável (48 + 5%) deveriam ter
pago algo como 636 M€…pagaram 50 M€ !!! Eis a justiça fiscal PSD-CDS e o "bom caminho" de Cavaco.
Um estudo internacional
identifica em Portugal 930 (pelo menos) contribuintes deste tipo. Ou seja para
um rendimento médio deste universo de 7M€ haveria uma receita fiscal de cerca de 3 500 M€. Valor
equivalente ao saque fiscal do governo PSD-CDS.
O deputado Paulo Sá (PCP) além
da intervenção na Comissão Parlamentar em que foi ouvido o ex-diretor, fez um
importante declaração política este tema. Que passou na comunicação social
controlada? Ignorou. Preferiu dedicar-se repetidamente ao caso das “subvenções
vitalícias” de certos deputados, sem dúvida imoral, mas muito pouco relevante
do ponto de vista orçamental. Claro que para aqueles menos de 0,01% de contribuintes, os oligarcas, fugirem aos impostos, é preciso distrair o povo com o populismo dos ataques aos
“políticos”.
Claro que entre o valor
potencial de 3 500 M€ e o possível vai uma distância grande. Temos por um
lado a ação do governo PSD-CDS e por outro as “regras europeias” feitas para
permitir esta fuga. O Governo PSD-CDS parou com a identificação dos ultra ricos
e retirou recursos à unidade pelo que este assunto ficou parado.
Recordemos até a ameaça de processos a quem nos finanças andasse nesta
pesquiza.
Quanto às “regras europeias”
mais uma vez verificamos que tudo o que seria bom para o país e para os
portugueses não é permitido. E ainda querem “mais Europa”?! Que raio de
“Europa” querem eles afinal? Ou é a versão europeísta dos ratos que queriam por uma campainha ao
gato.
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