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23 de fevereiro de 2016

Os dramas do PS

Os comentadores de serviço mostram-se agora muito preocupados com os impostos e as famílias depois de passarem 5 anos a justificarem e aplaudirem tudo o que o PSD-CDS fizeram. O problema era apenas de “comunicação”, isto é, apesar dos esforços deles próprios “comentadores” parece que a população não se deixava tosquiar sem protestos, mesmo com o colaboracionismo da direção da UGT.
O PS ‘independentemente de boas e louváveis intenções em certas áreas pretende no seu OE fazer uma política não neoliberal, com os instrumentos e medidas neoliberais, as únicas permitidas pela UE....É este um dos dramas do PS.
Citemos alguns vetores essenciais ao desenvolvimento não possíveis com as “regras europeias”: planeamento económico elaborado pelo Estado maximizando benefícios sociais, banco estatal dedicado ao apoio ao investimento produtivo em função do plano, controlo público do sistema financeiro posto ao serviço do desenvolvimento e não da especulação, além de várias outras medidas propostas por exemplo no programa eleitoral do PCP como as referentes à tributação do grande capital e controlo público dos sectores económicos estratégicos.
O ministro Augusto Santos Silva (ASS) evidenciou outro drama em que o PS se envolve. ASS fez na Comissão Parlamentar dos Assuntos Europeus uma intervenção no mínimo absurda sobre o chamado tratado de parceria transatlântica (TTIP). Disse então que a “UE conduz o processo em nome de todos nós”. Frase que não passa de uma mistificação. Não é a “UE” a conduzir o processo mas burocratas que dominam dossiers aos quais nem os deputados do PE têm livre acesso. É exigido segredo e não podem ter consigo algo que posa de alguma forma reproduzir a documentação que lhes seja proporcionada sem saberem se está completa ou se é a mais relevante.
ASS não se coibiu de encómios ao TTIP, para ele “é essencial concluir com êxito o esforço de ligação atlântica entre os EUA e a “Europa” como um requisito essencial para a saúde da economia global”, etc., etc.
O que é que este senhor aprende com a realidade? Nada. A crise global que persiste e se agrava de novo mostra o fracasso da globalização capitalista e eles nem sequer o entendem quando afirmam que desta vez é devido aos problemas económicos dos BRIC!
A UE tornou-se um fantoche da geopolítica imperialista dos EUA. A UE cuja prioridade externa seria paz e colaboração nas suas fronteiras para sair da crise em que mergulhou, não passa de um peão dos EUA colaborando nas suas agressões e ingerências, colocando-se ao lado dos neonazis de Kiev, assumindo as sanções impostas por Washington mesmo que isso tenha consequências desastrosas para as economias europeias .
ASS fala na transparência que deve existir no TTIP, que os parlamentos nacionais devem participar no processo, que não é aceitável a arbitragem privada. Piedosos votos que serão objeto da cosmética já experimentada nos tratados da UE, quando o objetivo é só um: colocar os Estados e os seus povos ao serviço das transnacionais podendo ser penalizados se isso não ocorrer. Fazer dos cidadãos súbditos das empresas e as funções sociais transferidas para os grandes interesses privados.

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