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11 de setembro de 2022

A guerra Nato -Rússia – 2 - A ofensiva

 A ofensiva da Nato tem-se mostrado relativamente bem sucedida, na quarta e quinta vaga referidas anteriormente, se não tivermos em conta os custos humanos e materiais. Várias aldeias e cidades foram conquistadas, embora numa zona limitada da frente, designadamente Kerson, Balakleya, Izyum. Os ataques a Liman foram repelidos. O mesmo acontece na direção de Seversky, Lisichansk e Veliky Burluk.

Os confrontos prosseguem, pelo que há que aguardar o resultado em alguns locais. A Rússia (guardas russos – Rosgvardiia - e unidades aéreas) defronta fortes agrupamentos de tropas ucranianas e contingentes de mercenários estrangeiros, treinados para este efeito.

Por seu lado a Rússia está a concentrar elevados efetivos e poder aéreo para conter o ataque. Além disto, os avanços ucranianos tiveram já um elevado custo em pessoal e material.

A Nato e Kiev planeiam levar a ofensiva até um fim vitorioso, cujo objetivo não é apenas chegar às fronteiras da Ucrânia em 2013, mas também a queda do atual governo na Rússia. O plano dos estrategas dos EUA/Nato tem em vista mostrar aos países e povos da UE/Nato que estão a vencer e que os sacrifícios pedidos “valem a pena” e devem ser prosseguidos.

Antony Blinken, Secretário de Estado dos EUA, esteve em Kiev antes da ofensiva. Com o prestígio de Biden e do Partido Democrata em queda é essencial apresentar uma vitória no terreno, antes das eleições de novembro para o Congresso, mesmo não sabendo o que se seguirá. Não menos importante, trata-se também de justificar perante os contribuintes para que servem os 228 milhões de dólares por dia, de ajuda militar entre fevereiro e agosto de 2022, além do que é proporcionado por países europeus e FMI, alimentando uma brutal guerra por procuração que já causou dezenas de milhares de mortes.

Há uma triste ironia no facto de que americanos ignorantes penduram bandeiras ucranianas em apoio do regime nazi de Kiev, enquanto os seus próprios governantes estão basicamente cometendo genocídio contra os povos da Ucrânia!

De qualquer forma, o melhor que a Nato mostra poder fazer é realizar um ataque com um imenso custo de vidas humanas. As dificuldades para as tropas atacantes aumentam agora. Em primeiro lugar, a logística, que se estende por dezenas de quilómetros e não é tão fácil providenciar os fornecimentos às tropas. Em segundo lugar, as perdas são grandes e não podem ser ignoradas. E em terceiro lugar, o comando russo está gradualmente tomando consciência da situação e novas reservas procuram estabilizar a frente.

Do lado da Rússia erros foram cometidos em aspetos do planeamento operacional e mesmo estratégicos. Um grande erro foi cometido na tentativa de cerco a Kiev. Houve perdas e o comando russo compreendeu que primeiro tinham de ser libertadas cidades pró-russas como Odessa e Krakiv.

A guerra de exaustão pretendida pela Nato, estava pelo contrário a correr favoravelmente à Rússia, potenciando a exaustão económica e social não só do regime de Kiev, mas de todo o “ocidente”. Tanto mais que no terreno a Rússia se limitava a efetivos muito inferiores aos dos adversários. A autoconfiança russa está refletida no recente discurso de Putin no fórum económico Euroasiático, perante representantes de 98 nações - de que apresentaremos posteriormente excertos significativos.

Os EUA verificaram então que a sua estratégia os levava não só ao desastre económico como ao isolamento, já que na ONU apenas 54 dos 193 países apoiaram uma declaração criticando a Rússia. Enquanto o “ocidente” investia fortemente material e politicamente na Ucrânia, a Rússia ia destruindo esses seus esforços e construía paulatinamente com a China o novo mundo multipolar.

Nesta situação os EUA compreenderam que tinham de alterar a sua estratégia mesmo correndo riscos, mas aproveitando as falhas da Rússia no terreno e o seu excesso de confiança. É o que está em curso.

Esta ofensiva não passa contudo sem críticas do lado ucraniano. Questiona o ex-secretário adjunto da Aliança Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, general Serhiy Krivonos: “Temos o direito de perguntar às autoridades por que temos centenas de milhares de feridos e mortos? O que fizeram para salvar suas vidas? Cada vez mais cidadãos perguntarão à liderança do país por que tantos soldados estão morrendo.

No final de agosto, um documento assinado pelo comandante das forças armadas da Ucrânia, general Valerii Zaluzhny, chegou às redes sociais. De acordo com esse documento, até ao início de julho de 2022, 76 640 soldados ucranianos foram mortos e 42 704 ficaram feridos. Na época, 7 244 soldados ucranianos foram capturados, e 2 816 deles estavam desaparecidos. A Rússia perdia cerca de 1 500 homens por mês.

Ref. - Update on the Ukrainian attack towards Kupiansk (and some week-end music) | The Vineyard of the Saker
- Intel Slava Z – Telegram
- https://thesaker.is/interview-with-yuri-podolyaka/



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