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18 de julho de 2013

UMA IDEIA ESTÚPIDA...

Em setembro de 2011 o sr. Schauble, ministro das finanças alemão, classificava como “ideia estúpida” a proposta do comissário Olli Rehn para um aumento massivo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, para fazer face às dívidas dos Estados.
Isto mostra o nível de “solidariedade” e “europeísmo” na UE e em particular na zona euro. A UE pode afundar-se na recessão, no desemprego, na pobreza, que já atinge hoje a França, na decadência económica e social, não falando na cultural, que para o sr. Schauble, isso só vale na medida em que for útil ou prejudicial para a “Alemanha” (leia-se o grande capital alemão). É o mesmo estado de espírito que levava Goering a dizer: “se 10 000 mulheres russas morrem de inanição ao cavar uma trincheira anti-tanque, isso só nos importa se for a favor ou contra a Alemanha”.
Vem isto também a propósito de uma proposta do sr. José Seguro, na qual as dívidas dos Estados acima de 60% do PIB deviam ser por assim dizer mutualizadas por mecanismos da UE. A ideia, como todas ou quase dos “europeístas”, não é “estúpida” nem é “inteligente”, entra naquele tipo de raciocínio teológico, isto é, em que a “salvação” virá sempre de fora.
Face a isto, como classificar o acordo (dantes era consenso) entre PS, PSD, CDS, para a “salvação nacional”? Um acordo na base das ideias “inteligentes” do sr. Schauble – quem não pensa como ele é estúpido e deve ser remetido para a categoria dos “sub-humanos” – defendida pelo PSD-governo ou um acordo feito na base dos raciocínios teológicos europeístas do PS?
O PSD e o CDS pretendem mais austeridade, á maneira salazarista, “rapidamente e em força”, o PS o mesmo modelo de austeridade mas “assim assim”. Ou seja, até ver, para os partidos da troika,  quanto mais o país for destruído mais se garante a “confiança dos mercados”.
Querer um acordo de “salvação nacional”, entre o PS, o PSD e o CDS é não só descabido, mas uma ideia “estúpida”: na troika já nem o FMI, a CE e o BCE se entendem, no governo nem o PSD e o CDS se entendem, dentro do próprio PS não se entendem quanto à margem de acordo. Entretanto a vacuidade do PR diz que: "tem confiança"...
Uma lei básica das negociações é que só há acordos estáveis a prazo se todos forem ganhadores. Eis o que está para além do entendimento do PR: a instabilidade política não deriva de não haver “acordos” ou “consensos” no “arco governamental”, mas de soluções que só favorecem uma das partes: capital contra trabalho, finança especuladora contra os Estados e seus povos.
Quanto à UE, as ambições hegemónicas da Alemanha, por muito que custe aos “europeístas” levaram mais uma vez a Europa à desgraça. Sob a égide da Alenaha a única proposta parece ser: empobreçam mais para que as oligarquias enriqueçam mais.

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