Linha de separação


11 de junho de 2019

Coisas que eles(não) dizem - 9

O neoliberalismo é a expressão da atual decadência do sistema capitalista, oriundo das limitações e contradições do keynesianismo.
A irracionalidade e ineficiência do sistema está mais que comprovada na prática pelas sucessivas crises económicas e sociais, estagnação, aumento das desigualdades e conflitos sociais. A UE e os EUA são a mais evidente demonstração destas consequências.
 
A propaganda procura obscurecer estes factos e “comentadores” seguem a via de atribuir as falhas aos “políticos”, ao sistema democrático, à necessidade de “mudança de mentalidades”. O PR, no seu papel de comentador não andou longe deste “paradigma”, logo glosado pelos (outros) comentadores.

A democracia ficou refém do neoliberalismo ao ponto de se chamar “esquerda” a um neoliberalismo temperado com algumas medidas sociais, como é o caso do PS.
Quando um governo democraticamente se afasta do padrão neoliberal/oligárquico logo se colocam ameaças de sanções, atentados aos direitos humanos (do grande capital, claro) e tonitruantes fariseus com falsas indignações fazendo propaganda anti Estado, anti “políticos”, anti sistema democrático. Porém, logo se calam assim que a oligarquia coloca seus “colaboradores” no poder.

Tomemos o caso, isto é, o caos instalado na Argentina que não ocupa espaço nos media, tomado pelos ataques à Venezuela, China, Coreia do Norte, Rússia, etc.
Macri foi para o poder - à semelhança de Bolsonaro - com “comentadores” vociferando nos media contra o estado de coisas no governo social democrata de Cristina Kirchner. Tudo piorou, agora calam-se e procura justificar o que ocorre. Há quem diga que é a “triste história económica da Argentina”. Não é. É a triste história económica e social do capitalismo, particularmente o dependente.

Com o governo de Macri (início 10/12/2015) neoliberal e vassalo dos EUA, os dados são os seguintes (1):
Pobreza - 36%. Pobreza infantil - 63,4% (2 milhões de crianças e adolescentes), subalimentação infantil 6,7%, sendo 8,5% na Grande Buenos Aires.
Desemprego - 13% (previsão OCDE)
Precários - 65,7%
Despedimentos - 253 976 (outubro 2018)
Fecho de empresas - 16 000 (até 500 trabalhadores) 2821 fábricas.
Aumento da dívida pública - 188 mil milhões de dólares 97,7 % PIB contra 53,3% em 2015
Serviço de dívida - 3,6% PIB
Inflação - 47% em 2018 e a aumentar
Queda do PIB - 44% devido à depreciação do peso)
Perda do poder de compra do salário mínimo - 24%, dos reformados - 23,7%.

Tão importante como os números é pensar como é que gente desta consegue alcançar o poder. Podemos aliás revisitar o caso PSD-CDS, não foi muito diferente, tal como a propaganda pró fantoche Guaidó.


 

Sem comentários: