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1 de junho de 2019

Como Abater a Russia

Forçar o adversário a desdobrar-se excessivamente, a fim de desequilibrá-lo e derrubá-lo - não é um movimento de judo, mas o plano contra a Rússia desenvolvido pela Rand Corporation, o ‘think tank’ mais influente dos EUA que, com uma equipa de milhares de peritos, representa a fonte mundial mais fiável dos serviços secretos (inteligência) e análise política para os governantes dos Estados Unidos e para os seus aliados. A Rand Corp orgulha-se de ter contribuído para a elaboração da estratégia a longo prazo que permitiu aos Estados Unidos serem os vencedores da Guerra Fria, obrigando a União Soviética a esgotar os seus recursos económicos no confronto estratégico.
É neste modelo que se inspira o novo plano, "Overextending and Unbalancing Russia", publicado pela Rand [1]. Segundo os seus analistas, a Rússia continua a ser um poderoso concorrente dos Estados Unidos em alguns campos fundamentais. Por conseguinte, os Estados Unidos, juntamente com os seus aliados, devem empenhar-se numa estratégia abrangente a longo prazo que tire o máximo partido das suas vulnerabilidades. Assim sendo, são analisadas as várias maneiras de forçar a Rússia a desequilibrar-se, indicando para cada uma delas, as possibilidades de sucesso, os benefícios, os custos e os riscos para os EUA.
Os analistas da Rand acreditam que a maior vulnerabilidade da Rússia é de caracter económico, devido à sua forte dependência das exportações de petróleo e gás, cujas receitas podem ser reduzidas, agravando as sanções e aumentando as exportações de energia dos EUA. Devem fazer com que a Europa reduza a importação de gás natural russo, substituindo-o por gás natural liquefeito transportado por mar, de outros países.

Outra maneira de prejudicar a economia da Rússia a longo prazo, é encorajar a emigração de pessoal qualificado, em particular, jovens russos com um nível de educação elevado.
No campo ideológico e informativo, devem ser encorajados os protestos internos e, ao mesmo tempo, prejudicar a imagem da Rússia no estrangeiro, expulsando-a dos fóruns internacionais e boicotando os acontecimentos desportivos internacionais que ela organiza.
No campo geopolítico, armar a Ucrânia permite que os EUA aproveitem o ponto de maior vulnerabilidade externa da Rússia, mas isso deve ser ajustado para manter a Rússia sob pressão, sem atingir um grande conflito, em que ela teria vantagem.
No campo militar, os EUA podem ter grandes benefícios, com baixos custos e riscos, através do aumento das forças terrestres dos países europeus da NATO em função anti-Rússia.
Os EUA podem ter grandes oportunidades de serem bem sucedidos e altos benefícios com riscos moderados, investindo, sobretudo, em mais bombardeiros estratégicos e mísseis de ataque de longo alcance contra a Rússia.
Sair do Tratado INF e instalar novos mísseis nucleares de alcance intermédio apontados contra a Rússia asseguram grandes possibili-dades de êxito, mas também envolvem riscos elevados. Ao discriminar cada opção para alcançar o efeito desejado - concluem os analistas de Rand - a Rússia acabará por pagar o preço mais alto no confronto com os EUA, mas até mesmo os americanos terão de investir grandes recursos, subtraindo-os a outros fins. Anuncia-se, assim, um aumento ainda maior das despesas militares militares USA/NATO em detrimento das despesas sociais.
Este é o futuro previsto pela Rand Corporation, o mais influente ‘think tank’ do Estado Profundo, ou seja, do centro subterrâneo do verdadeiro poder, mantido pelas oligarquias económicas, financeiras e militares, o poder que determina as escolhas estratégicas não só dos EUA, mas do todo o Ocidente.
As “opções” previstas pelo plano são, na realidade, apenas variantes da mesma estratégia de guerra, cujo preço em termos de sacrifícios e riscos, é pago por todos nós.

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