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13 de janeiro de 2022

Estratégias das revoluções coloridas - 2ª parte

 Uma "revolução colorida" é concebida para provocar uma revolta durante um dado período, colocando o líder alvo diante de duas más escolhas: se sufocar protestos isso significa ser retratado pelas ONG do Ocidente como um "ditador" e sofrer "sanções"; se não reprimir os protestos isso significa simplesmente entregar o poder.

Na Ucrânia Yanukovich não deu ordens à polícia para dispersar as manifestações violentas na praça Maidan por receio de ser estigmatizado nos media ocidentais, assim Joe Biden e seu bando de golpistas depois de um bocado de teatro de franco-atiradores a fim de manter vivos os protestos, tomaram o Parlamento.

Uma "revolução colorida" aproveita um descontentamento social momentâneo em relação a um assunto em particular e empola-o, com ativistas financiados. O objetivo é introduzir ou reforçar o liberalismo e garantir fidelidade incondicional aos EUA, mantida com o apoio com alguns milhares de milhões de dólares dados por ONG. As suas técnicas pouco diferem de país para país: nacionalismo, separatismo, interesses materiais para se ligarem às estratégias EUA/NATO.

Porém a partir da intervenção na Líbia esta estas estratégias só têm somado fracassos. A criminosa tartufice naquele país, mostrou o que representavam. A lição foi que não adianta tentar um equilíbrio entre os EUA e a Rússia, uma espécie de política independente, com seu quê de oportunismo, tentando obter vantagens dos dois lados. Isto leva a não hostilizar ONG sucedâneos legais da CIA, que podem operar livremente no país criando adeptos e mercenários ao seu serviço.

De nada serviram as cedências de Kadafi ou as ambiguidades na Ucrânia. Com políticas idênticas na Bielorrússia e Casaquistão só não aconteceu o mesmo porque receberam informações da Rússia que frustraram o golpe. Fracassam também em Cuba e na Venezuela. A Rússia e a China ajudaram a Venezuela a resistir com ajuda humanitária e técnica. Guaido (uma vergonha para a UE) foi exposto tanto que até seu namorado rico Richard Branson foi obrigado a deitá-lo abaixo.

A versão de golpe de Estado "revolução colorida" não funciona na Rússia de Putin. Ele conseguiu construir um sistema que não deixa buracos para os ratos da CIA (sucessores de Gorbachev, Yeltsin ou outros notórios sabotadores liberais). Podem chamar isto de autoritarismo ou podem chamar de resistência a um golpe de Estado. A única esperança dos EUA é criar um protagonista russo que possa desencadear uma guerra civil.

Robert Helvey, um ex-coronel do Exército dos EUA, agente especial da CIA e especialista em operações clandestinas fala-nos da operação Otpo (movimento concebido para derrubar o presidente sérvio Slobodan Milošević). Helvey ofereceu aos ativistas do Otpor treino e um financiamento, segundo admitiu, de 25 milhões dólares.

Outra organização, a CANVAS, financiada por organizações americanas especializadas na "exportação" da democracia "made in EUA"): Freedom House, Open Society Institute do bilionário americano George Soros, National Endowment for Democracy (NED) e Instituto Republicano (IRI), desencadearam "revoluções coloridas" em ex-repúblicas soviéticas: Geórgia (2003), Ucrânia (2004) e Quirguistão (2005).

O mesmo método foi usado no Médio Oriente (Líbano 2005, Irão 2009) e no que é chamado “primavera” árabe (2011). Milhões de dólares gastos que deviam servir para combater a pobreza e melhorar o bem-estar nos Estados Unidos.

Allan Weinstein, um dos fundadores do NED, disse que muito do que o NED faz era feito secretamente pela CIA. O que se promove são revoltas não são "revoluções" porque nenhuma mudança ideológica está subjacente a elas.

Ativistas sírios como Ausama Monajed Radwan Ziadeh (membros do Conselho Nacional da Sírio) foram financiados pelas mesmas organizações que apoiaram o Otpor e pelo NED; o egípcio Mohamed Adel foi treinado pelo CANVAS em Belgrado em 2009. Durante o Euromaidan, foram os grupos neonazis ucranianos que foram usados, armados, financiados e "protegidos" pelos media.

A interferência ocidental durante esses eventos foi obscena e indigna de todos os valores apregoados e celebrados no Ocidente. Tudo foi feito para garantir que a Ucrânia se voltasse politicamente para o Ocidente e que bases militares da NATO pudessem florescer na fronteira ucraniana-russa, um país tornado "cavalo de Tróia" para provocar a Rússia. As políticas de Obama com H. Clinton foram tão sangrentas quanto as de seu antecessor, se não piores, e estão por trás do desastre conhecido como "Primavera Árabe" e do golpe Euromaidan.

Conclusão: as mudanças de regime programadas em Washington, apenas têm espalhado caos, destruição e morte.

Referências: A estratégia dos EUA para a "mudança de regime" na Rússia (resistir.info) https://www.legrandsoir.info/srda-popovic-et-autres-revolutionnaires-americains.html

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