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18 de maio de 2024

Do facebook de Bruno Carvalho

«A Rússia avança militarmente no terreno enquanto a orquestra do Titanic continua a sonhar com uma impossível vitória da Ucrânia. A única possibilidade de Kiev vencer este conflito é com a intervenção directa do Ocidente com tropas no teatro de operações. Isto desencadearia imediatamente uma guerra nuclear a larga escala que nenhum líder europeu parece temer. As declarações do Almirante Gouveia e Melo são absurdas porque não antecipam a paz, preferem antecipar a guerra. Portugal, disse, ontem, no Barreiro, Viriato Soromenho-Marques, podia ter escolhido outro caminho sem sequer afrontar os seus parceiros da NATO. Podia ter condenado as acções da Rússia e optado por apostar na ajuda humanitária, sem interferir com ajuda militar e sem proferir discursos triunfalistas como o de António Costa há dias que falava da necessidade da derrota militar russa. É cada vez mais difícil ouvir a palavra paz da boca dos líderes europeus.» ...

 Durante meses, logo após a intervenção da Rússia na Ucrânia, os meios ocidentais dedicaram-se a construir uma imagem descolada da realidade. Moscovo estaria isolada no cenário global. Decidiu Vladimir Putin que a sua primeira visita ao estrangeiro depois da tomada de posse seria à China. É já uma tradição retribuída por Xi Jinping que fez o mesmo quando assumiu a liderança de Pequim. O presidente chinês afirmou ao seu homólogo russo que os dois países vão "preservar a justiça no mundo" e que a relação entre Pequim e Moscovo "tem vindo a fortalecer-se e resistido ao teste das transformações no cenário internacional". 

No plano geopolítico, a Rússia conseguiu aumentar a sua influência e prestígio no mundo por muito espanto que isso possa provocar no Ocidente. A gestão absolutamente desastrada da diplomacia da União Europeia e a sua submissão aos interesses dos Estados Unidos estão a empurrar o chamado Sul Global para os braços de países como a Rússia, a China e a Índia. A forma como o Ocidente se comporta perante o genocídio de Israel em Gaza expõe a hipocrisia de países que não duvidaram em pôr as suas economias em risco para defender militarmente a Ucrânia mas que não mexem um só dedo para proteger a população palestiniana. Vários países do Sul Global, sobretudo o Brasil e a África do Sul, encetaram esforços para haver uma solução diplomática para o conflito até perceberem que o Ocidente quer a guerra. É neste ponto que estamos. 

Enquanto isso alguns meios de comunicação exultam com os protestos na Geórgia tentando fazer esquecer que a mesma lei aprovada em Tiblissi está em vigor nos Estados Unidos desde os anos 30 e que, para além da Rússia e da Bielorrússia, o Reino Unido, Israel e a Austrália têm leis semelhantes sobre agentes estrangeiros.

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