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30 de maio de 2024

 Afinal eles querem mesmo a guerra...

Dizem-se e são vistos como esquerda, mas oportunismo e esquerda são coisas que não ficam bem. BE e Livre alinham na russofobia, para ficarem bem na fotografia ao lado do belicismo e imperialismo. Nisto o PCP/CDU estão, pode dizer-se isolados. Só na paz o desenvolvimento, a justiça social a não discriminação, enfim o progresso podem ser alcançados. Então se a coerência e a razão da luta pela paz não for valorizada, lamentavelmente o vírus do imperialismo e do seu maior aliado a extrema-direita, atacou a sociedade como uma grave doença. Claro que tem cura, mas é preciso lutar por isso.

A propósito do oportunismo referido, relembre-se o insuspeito prof. Chomsky, ao dizer que que uma tese é verdadeira por definição uma vez usada pelo imperador e seus vassalos. Não importam os factos. Nisto, para além do teatral, a dita esquerda une-se à direita e mesmo mais além.

A propósito da Rússia e China na declaração conjunta considerarem que a sua aliança era um fator de estabilidade internacional, dizia uma comentadora da CNN, a sra. Diana Soler, que não pode fazer parte da estabilidade mundial um estado que viola o direito internacional com uma guerra de agressão.

Mas estava a referir-se a quem? Só podia ser aos EUA! Note-se que a Rússia (Putin segundo certa esquerda) justificou a intervenção na Ucrânia, para de acordo com a Carta da ONU, defender os territórios do Donbass da agressão levada a cabo pelos golpistas e neonazis de Kiev. As mortes de civis já iam em 14 000. Os oportunistas ignoram-no bem como os atos de repressão e crimes do clã de Kiev.

Voltemos a Chomsky. Dizia ele que nos critérios do império os seus atos de agressão e terrorismo estão excluídos da crítica. Os atos cometidos contra eles são apresentados com extrema severidade, requerendo "autodefesa contra futuros ataques". A imposição das "regras da ordem internacional" ditadas pelo império, substituíram os direitos humanos. No Médio Oriente (dizia Chomsky em 2002) as piores atrocidades foram cometidas pelos EUA e seus clientes locais, que deixaram um rasto de sangue e devastação, particularmente nas sociedades do Líbano e nos territórios sob ocupação militar israelita. (1)

As violações de acordos, como o da não expansão da NATO, os dois acordos de Minsk, a sabotagem do acordo de paz na Ucrânia em abril de 2022, são relatados com indiferença na altura e logo ignorados, submersos pela insistente desinformação.

As políticas de guerra contra o terrorismo após 11/09/2001, contra a Rússia, contra a China, no Médio Oriente, para serem aceites necessitam de uma população suficientemente desinformada e amedrontada contra inimigos que se procura desumanizar. Desta forma, como bola de neve vai crescendo o perigo de nova guerra mundial.

Os vassalos da UE/NATO obedecem à voz do dono, os neocons de Washington. O caso mais curioso é o volte face da Alemanha, que agora também autoriza juntamente com o Reino Unido, os Países Baixos, também a França, a darem publica nota de autorizarem a Ucrânia a atingir território russo com armamento fabricado no ocidente.

Com a hipocrisia habitual - o caso dos crimes de Israel é o exemplo recente mais gritante - os EUA dizem que a Casa Branca "desencoraja e não autoriza o uso de armas norte-americanas". Embora Bliken tenha já dito na prática o contrário: Kiev “terá de tomar as suas próprias decisões”. Agora a Polónia, Republica Checa, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Lituânia, Canadá, além do RU, Países Baixos, França, Alemanha, não se opõem à utilização de armamento da NATO contra alvos militares no interior da Rússia. Em vez de serem procuradas negociações de paz, o que se vê é um acréscimo de russofobia e a escalada da guerra que só favorece a oligarquia. 

Este caso mostra também o que valem as palavras e promessas da social-democracia independentemente do nome adotado. O chanceler Scholz, cujo apoio da população caiu para algo como menos de 20%, tinha antes garantido que não apoiaria ataques com armamento da NATO para o interior da Rússia. Chamam a isto democracia liberal.

1 - Noam Chomsky, Piratas e Imperadores, Europa-América, 2002. Do autor dizia então o New Yotk Times Book Revue: "Noam Chomsky é incontestavelmente o mais importante intelectual vivo". O Guardian: "um dos heróis radicais da nossa era. Um intelecto superior".



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