Nota sobre as Estatísticas do Emprego no 4º trimestre de 2013 e do ano de 2013
1.
Os resultados do Inquérito ao Emprego do 4º
trimestre de 2013 hoje divulgados pelo INE, permitem analisar a evolução do
emprego e desemprego no 4º trimestre de 2013, bem como analisar a sua evolução
anual em 2013 comparativamente com 2012.
2.
De acordo com estes resultados pode afirmar-se
por um lado que a taxa de desemprego baixou do 3º para o 4º trimestre de 2013
de 15,6% para 15,3%, como também se pode dizer que a taxa de desemprego subiu
de 15,7% em 2012, para 16,3% em 2013. Qualquer das taxas de desemprego está
correcta, só que uma se refere à taxa de desemprego no último trimestre de 2013
e a outra se refere à taxa de desemprego anual.
3.
Embora não ignoremos o valor da taxa de
desemprego e a evolução do emprego no último trimestre de 2013 e o facto de elas
reflectirem uma tendência clara de queda da taxa de desemprego ao longo dos
quatro trimestres deste ano (vale a pena relembrar que a taxa de desemprego
após ter subido no 1º trimestre de 2013 para 17,7%, desceu no 2º trimestre para
16,4%, no 3º trimestre para 15,6% e agora no 4º trimestre fixou-se nos 15,3%),
vamos neste análise fixarmo-nos na evolução da taxa de desemprego e do emprego
em termos anuais, a qual permite resolver os problemas de sazonalidade sempre
presentes nas comparações entre os vários trimestres.
4.
Apesar de mais de 100 mil portugueses terem sido
forçados a emigrar em 2013 procurando lá fora o emprego que aqui lhes é negado,
apesar deste Governo ter artificialmente reduzido o nº de desempregados através
da ocupação de 143 853 desempregados inscritos nos Centros de Emprego em falsos
programas de formação e emprego (quase o dobro do ano anterior e 3,5 vezes mais
do que em 2011), os dados hoje divulgados pelo INE mostram que mesmo assim a
taxa de desemprego em sentido restrito subiu de 15,7% em 2012 para 16,3% em
2013. Estes mesmos dados apontam para uma taxa de desemprego real em 2013 de
24,2% e cerca de 1 milhão e quatrocentos mil portugueses efectivamente
desempregados, valores que incluem 278 600 portugueses considerados inactivos
mas disponíveis para trabalhar e 263 200 trabalhadores em situação de
subemprego visível.
5.
Estes dados mostram também em termos anuais que
em 2013 foram destruídos 121 200 empregos, em especial na Agricultura e na
Industria Transformadora, que o desemprego jovem se mantem nos 37,7% e que os
desempregados de longa duração (desemprego superior a um ano) representam já em
2013 62,1% do total dos desempregados, quando em 2012 representavam 54,2%. Há
um número muito considerável e cada vez maior de desempregados que ao
permanecer nesta situação durante largos e largos meses, terá cada vez mais
dificuldades em regressar ao mercado de trabalho e por isso mesmo engrossa cade
vez mais o nº dos chamados inactivos disponíveis para trabalhar mas que
desistiram de o fazer.
6.
Os dados das Estatísticas do Emprego agora
divulgados revelam uma situação a todos os títulos anómala e que é bem
demonstrativa da situação degradante em que se encontra a nossa economia e o
nosso país, já que a redução do número de desempregados em Portugal não tem
correspondência na criação de empregos e não é consequência do crescimento
económico da nossa economia, que não se verifica já que continuamos em recessão.
Aquilo a que assistimos hoje é ao abandono do mercado de trabalho, por
desistência de milhares e milhares de trabalhadores que caíram no desemprego, é
à saída maciça de centenas de milhares de portugueses, em especial jovens, que
procuram no estrangeiro resposta para as suas necessidades de emprego e é à ocultação
de perto de cento e cinquenta mil desempregados, através de programas de
emprego e formação por parte do IEFP, que fazem reduzir artificialmente a taxa
de desemprego e que custaram ao Estado, só em 2013 e até Novembro, 423 milhões
de euros.
5 de Fevereiro de 2014
José
Alberto Lourenço (CAE
1 comentário:
Isso mesmo!e mais argumentos:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=714789&tm=6&layout=123&visual=61
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