Dizia o poeta que “uma rosa é uma rosa, nós e que nos temos
definir perante ela”. Assim é com o Syriza. Eis que uma certa esquerda de
“pureza revolucionária”, por cá e noutros países da UE, desatou a criticar o Syriza por…não fazer a revolução
proletária!
Atacar o Syriza por isto é como espadeirar na água. O Syriza
não é nem será um partido revolucionário, é um partido da social-democracia
tradicional com traços nacionalistas, porém, é o primeiro partido no governo na UE a contestar o
pensamento único neoliberal e isso bastou para abanar o mundo de embustes sobre
os quais está construída a UE.
Que espécie de “rosa” é o Syriza, o tempo dirá.
Entretanto, o governo grego, com as inevitáveis contradições deste
processo, encetou uma luta que tem aspetos positivos para todos os povos
europeus. A reação ataca o Syriza, e não podemos juntar a nossa voz à reação.
Marx, considerou “uma criancice, que deverá agradar ao sr.
Bismark”, dizer-se que “perante a classe operária todos os outros partidos
formam uma massa reacionária” (Crítica ao Programma de Gotha). No Manifesto,
Marx e Engels, dizem no cap. IV “os comunistas trabalham em todas as partes pela união e
o acordo entre os partidos democráticos de todos os países”.
Aparecem uns teóricos que clamam pela “revolução
proletária”, não percebendo sequer que a classe operária, grega, como a
portuguesa, o sector mais combativo do proletariado, foi previamente destruído,
levado ao limite da subsistência.
Acusam os “puros” que o Syriza quer e defende o Estado burguês.
Fazendo coro com a ração dizem que o Syriza “mergulhará a economia grega ainda mais fundo no abismo.” Esta
esquerda “verdadeiramente revolucionária” não tem problemas em juntar a sua voz
a Passos Coelho, Pires de Lima, Marques Gudes, Rajoy em Espanha, ao Schauble, ao Junker, etc.
Este “esquerdismo” diz
sempre o mesmo: foi contra Allende, foi contra o 25 de ABRIL, que acusavam de
ser “um golpe de Estado da tropa
colonialista”. Quando há a perspectiva de reais avanços contra a política de
direita aparecem a acusar de traição por não se estar a fazer a
“revolução proletária”. Só falta saber quem lhes dá mandato para isso. É a
história dos ratos que tinham decidido pôr um badalo no gato…
Fidel Castro teria sido um
traidor, pois após a Revolução convidou para presidente da República um
conservador e proprietário de terras; Lenine outro, pois em vez de fazer a
Revolução mundial foi propor a paz aos imperialistas alemães. Graças à “pureza”
de Trosky, as condições acabaram por ser bem piores que inicialmente previsto. Etc., etc.
O esquerdismo, aliado á
direita, atacava o PCP por não ser “revolucionário”. Quando se estabeleceu a
política de direita esfumaram-se… Os mesmos que quando começaram os ataques
terroristas no Norte contra o PCP e o MDP, diziam que “tinha começado a luta
popular”.
Este texto, lembra que no dia
que o povo português encetar luta idêntica, não tardarão os “educadores da
classe operária” a criticar todos os esforços de avanço do progresso com as
habituais acusações de traição à “revolução proletária”.