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29 de junho de 2016

Os Mercados e o Brexit

Na noite da contagem dos votos do referendo sobre o "Brexit " quando as primeiras sondagens à boca das urnas confirmavam as que tinham sido realizadas nos últimos dias dando a maioria a favor da manutenção da Grã Bretanha na U.E. diversos jornalistas que de Londres acompanhavam o acontecimento referiam a satisfação e o alivio dos mercados com tal perspectiva . Ao mesmo tempo iam  afirmando que os mercados consideravam ser extremamente negativo , diziam mesmo um desastre se a " saída " ganhasse .
 José Rodrigues dos Santos numa intervenção para a RTP chegou a evocar cinco vezes os mercados...
Os mercados foram assim, mais uma vez , guindados a notários da democracia , a juízes supremos das boas ou más decisões dos povos e,  neste caso  , do povo Britânico!
Já repararam o que seria se estes comentadores dissessem :- Os grandes bancos  os banqueiros , as companhias de seguros e os fundos de gestão de fortunas , que são afinal os mercados, afirmam que o Brexit é muito negativo...

Estou convencido que muitos dos que os ouviam pensariam : foram os bancos banqueiros  e c&a que nos colocaram nesta situação . Se eles dizem que vai ser um desastre  então o mais certo é que o Brexit não deverá será assim tão mau para os trabalhadores e os povos.
C. carvalhas

27 de junho de 2016

Execução Orçamental

Nota sobre a Execução Orçamental de Jan/Maio de 2016

1.     Dos dados divulgados hoje dia 27 de Junho referentes à execução orçamental dos primeiros cinco meses interessa assinalar o seguinte:
1.1.  O saldo global foi neste período de – 394,9 milhões de euros enquanto em idêntico período de 2015 tinha sido de -847,8 milhões de euros (uma queda de 453 milhões de euros no deficit global da Administração Pública nos primeiros cinco meses do ano).
1.2.  A receita fiscal foi de 18 021,8 milhões de euros, superior em 469,1 milhões de euros à de idêntico período de 2015 (+3,1%).
1.2.1.     A receita de impostos directos foi de 7 749,9 milhões de euros, menos 241,5 milhões de euros do que em 2015 (-1,1%).
1.2.2.     Dentro destes impostos directos, a receita de IRS foi de 4 794,8 milhões de euros, mais 1 milhão de euros do que em 2015 (+0,0%).
1.2.3.     A receita de IRC foi de 1 705,5 milhões de euros, menos 156 milhões de euros do que em 2015  (-8,4%).
1.3.  A receita de impostos indirectos foi de 10 271,9 milhões de euros, mais 711 milhões de euros do que em idêntico período de 2015 (+7,4%). A evolução dos impostos indirectos neste período apesar de influenciada negativamente pela evolução dos reembolsos do seu principal imposto, o IVA, beneficiou principalmente da evolução do ISP (+390,5 milhões de euros) e do Imposto sobre o Tabaco (244,0 milhões de euros). Apesar do elevado volume de reembolsos do IVA efectuados nos primeiros cinco meses do ano, a receita do IVA neste período evoluiu positivamente (+28,5 milhões de euros).
1.4.  A receita líquida do IVA atingiu os 6 351,1 milhões de euros nos cinco primeiros meses do ano. Esta evolução da receita de IVA é fortemente influenciada pelo facto de neste mesmo período, o Estado ter reembolsado mais 227,1 milhões de euros do que em idêntico período de 2015 (+12,7%). O Estado continua a pagar os reembolsos que indevidamente o Governo anterior reteve em 2015, para poder empolar a evolução deste imposto e da receita fiscal. Se assim não fosse o IVA estaria a crescer em relação ao período homólogo do ano anterior (+ 255,6 milhões de euros), ou seja +4,0%.
2.     A receita do imposto sobre produtos petrolíferos atingiu um valor superior ao do ano anterior (+ 390,5 milhões de euros, +43,2%), enquanto o Imposto sobre o Tabaco cresceu (244 milhões de euros, +75,0%).
3.     Do lado da despesa efectiva ela atingiu os 31 120,6 milhões de euros superando em 43,2 milhões de euros a despesa efectiva de igual período de 2015 (+0,1%)
3.1.  Para esta evolução da despesa efectiva contribuiu em especial a evolução da despesa com pessoal. Nos primeiros cinco meses do ano gastaram-se mais cerca de 237 milhões de euros (+3,2%), que resultaram naturalmente do início da reposição dos salários na Administração Pública.
3.2.  Já as despesas com aquisição de bens e serviços foram inferiores ao valor de 2015 em cerca de 122 milhões de euros (-2,9%).
3.3.  As despesas com juros e outros encargos da dívida pública atingiram os 3 284,9 milhões de euros, superior em 275,4 milhões de euros ao valor de 2015 (+9,2%).
3.4.  As despesas com investimento atingiram nos quatro primeiros meses do ano os 1 279,6 milhões de euros milhões de euros, menos 198,4 milhões de euros do que em 2015 (-13,4%).
4.     Do lado da despesa na Administração Pública assinale-se ainda que a Segurança Social gastou nos 5 meses do ano mais 82,9 milhões de euros com prestações sociais, para o que muito contribuiu os acréscimos de 171,8 milhões de euros em pensões, 14,5 milhões de euros em Rendimento Social de Inserção, 3,6 milhões de euros em Complemento Solidário para Idosos e 4,6 milhões de euros em Subsídio Familiar a crianças e jovens.
5.     Em síntese a execução orçamental nos cinco primeiros meses do ano, sendo ainda insuficiente para qualquer leitura consistente, permite desmentir a visão catastrofista que a direita tem procurado fazer passar sobre a situação do nosso país. Do lado da receita fiscal os sinais que chegam são muito positivos (o IVA, expurgado o efeito reembolso do IVA, está a subir, a receita do IRS, do ISP e do IT também sobem, só a receita de IRC desce. Já do lado da despesa, se as despesas com aquisição de bens e serviços e pessoal parecem controladas, já a despesa com juros da dívida está bem acima de idêntico período do ano anterior e o investimento permanece muito insuficiente. Estes são é talvez os sinais mais negativos da execução orçamental nos primeiros cinco meses do ano. O investimento público teima em permanecer com valores inacreditavelmente baixos e a este ritmo teremos um ano de 2016 em que o investimento público continuará a cair, ao mesmo tempo que o nosso país continua amarrado a um serviço da dívida que absorve uma fatia considerável doss nossos recursos financeiros. Esta é uma situação incompreensível que terá efeitos óbvios no baixo ritmo de crescimento do PIB e consequentemente na insuficiente criação de emprego.
CAE, 27 de Junho de 2016
José Alberto Lourenço
        


25 de junho de 2016

Aquilo que eles não disseram, procurando denegrir o NÃO britânico

(De um texto dos sindicatos britânicos: Trade Uniunists Agaist EU, (TUAEU)

VOTE PARA TERMINAR COM O ATAQUE AOS TRABALHADORES
É um mito que a UE é a favor dos trabalhadores. De facto a UE ataca os sindicatos, a contratação coletiva, a proteção dos postos de trabalho e salários.

VOTE PARA TERMINAR COM A AUSTERIDADE
Se aderimos a uma união esperamos que essa união nos proteja em caso de dificuldades. A UE faz o oposto. Usou a crise económica para impor austeridade e privatizações aos Estados membros. A UE colaborou na desindustrialização britânica e proibiu as ajudas estatais para promover o seu salvamento e a sua renovação.

VOTE PARA TERMINAR COM OS ATAQUES AO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE
O tratado transatlântico de comércio e investimento (TTIP) a ser negociado entre a UE e os EUA vai promover os grandes negócios à custa das proteções governamentais e serviços públicos como o SNS.

VOTE PARA APOIAR A DEMOCRACIA
Nenhum dos que tomam decisões na UE foi eleito. São todos muito ricos burocratas e banqueiros. São eles que fazem a maioria das leis e tomam decisões que afetam as nossas vidas. E nós não temos voz democrática para nos pronunciarmos sobre essas decisões.

“A verdadeira questão para a UE nunca foi divulgada, que é a de tornar-se uma Europa plenamente federal na qual nos tornaríamos uma província. E nunca foi divulgada porque o povo nunca o aceitaria”
Tony Benn
 
Original em resistir.info

21 de junho de 2016

O cinismo e a hipocrisia da direita não têm limites

PSD e  o CDS sempre estiveram na Caixa
e são tão responsáveis como o PS
em relação às negociatas e a decisões inaceitáveis

A direita, com a Comissão de Inquérito, quer confundir e amalgamar BPN, BPP e Espírito Santo e quejandos com a Caixa, e quer dar a ideia que eles nada têm a temer
 Querem dar a ideia que os problemas da Caixa são apenas do tempo de Sócrates e de Vara . São responsáveis e muito...
 Mas mesmo no reinado de Sócrates o PSD esteve sempre na Caixa inclusivamente com Carlos Costa numa parte do mandato de Socratas.Carlos Costa, que esteve na Caixa de 2004 a Setembro de 2006 !
José Ramalho, Norberto Rosa, Carlos Costa não são , todos do PSD, e Celeste Cardona, não é do CDS?
 Faria de Oliveira está ligado à "espanholização" da Caixa . Norberto Rosa, do PSD, entra depois.... e manteve as mesmas orientações. 
O, PS e PSD e o CDS são igualmente responsáveis.
E que tal lembrar o empréstimo à UGT, com garantias do Estado, (!)  note-se bem garantias do Estado no tempo de João Salgueiro!
E o caso da CIMPOR, com António Borges, conselheiro de Passos Coelho,a dar ordem pelo telefone estando na Caixa Faria de Oliveira!
E os problemas de António de Sousa e Mira Amaral?
Se houve Partido que ao longo deste tempo sempre questionou e denunciou as negociatas da Caixa -foi o PCP . Ver documentos na Assembleia da República , tomada de posição dos orgãos dirigentes e as diversas intervenções de deputados , designadamente de Agostinho Lopes.
O PCP não acordou agora como certos comentadores de direita ao estilo de um José Manuel Fernandes ou de Um João Miguel Tavares.


CC-21-06-2016

15 de junho de 2016

Quem sai aos seus não degenera




No congresso do CDS e nas entrevistas seguintes Cristas  juntou-se às criticas que  de diversos quadrantes eram feitas ao governador e ao Banco de Portugal.
As criticas  de Cristas subiram de tom e de tal maneira que Helena Garrido comentou então no Negócios de 14/3/2016 que a  Assunção Cristas era a” mais recente aliada de António Costa no combate contra o Banco de Portugal .
Hoje , 14 de Junho em entrevista ao Negócios Cristas fazendo de contas que nada disse afirma candidamente : “ Não ganhamos nada em denegrir o BDP, essa via que foi ensaiada pelo primeiro – ministro é uma via muitíssimo infeliz “
Depois, seguindo o exemplo do outro que nada viu  , nada ouviu , nada sabia e, certamente sem pestanejar, afirmou : “ Em matéria de Banif , o que lhe posso dizer é que nunca a questão foi discutida em conselho de ministros. Foi tratado ao nível do M,´. Das Finanças “
Estamos conversados  .




14 de junho de 2016

Diferentes terrorismos…

Conforme se passam na Síria ou em França.
Um atentado terrorista em França, ou noutro país da NATO, é justificadamente noticiado com dramatismo e sucedem-se atos de repúdio, mesmo durante dias. Os “comentadores”, fazem indignadas dissertações, tendo o cuidado de escamotear as causas do mesmo, nunca colocando a questão: por que é que há uns quinze anos o problema praticamente não se colocava?
Na Síria, as derrotas infligidas ao DAESH (apesar dos apoios da Turquia (NATO), Arábia Saudita, monarquias do Golfo) levam o chamado “Estado Islâmico” a atos terroristas. Vejamos como foram noticiados recentes atentados terroristas na Síria que mataram mais de centena e meia de civis.
A notícia foi dada, rapidamente com neutralidade e indiferença: “atentados reivindicados por militantes do DAESH mataram…"
O termo terrorista desapareceu substituído por “militante” , termo respeitável que se atribuí a pessoa que luta por uma causa.
Em França, ou noutro país da NATO, combater o terrorismo é defender a liberdade. Na Síria combater o terrorismo é defender uma "ditadura."
Muitos exemplos podiam ser dados sobre questões de linguagem, desde os bombardeamentos NATO, aos drones, aos “danos colaterais dos EUA, às manifestações contra o governo se forem em França ou na Venezuela, etc.
Para desmontar a manipulação da comunicação social, é útil analisar a linguagem em termos marxistas. Para o marxismo, a linguagem é a expressão material do pensamento. As classes sociais utilizam-na em proveito próprio em conformidade com a sua consciência de classe.
No capitalismo, a classe social dominante impõe as suas próprias expressões. Procura tornar ininteligíveis expressões só compreensíveis em função da consciência de classe. É assim que por exemplo, se procura eliminar do léxico umas, como imperialismo, luta de classes, planeamento económico democrático, ou deturpa-las, diabolizando-as como socialismo, centralismo democrático, marxismo-leninismo.
É tudo uma questão de linguagem, só que não só: é a questão dos interesses e do pensamento que lhe serve de suporte.

8 de junho de 2016

A CE faz o papel do papado medieval

A religião neoliberal, impõe-se na UE através de burocracias inimputáveis, dispondo de poder para impor orientações políticas, sanções e penalidades aos povos. O BCE pode decide sobre o funcionamento de um banco, as suas decisões são em conclaves com secretismo, o que é sabido no exterior é censurado, os participantes não podem revelar os fundamentos da decisão – como ficou evidenciado nas declarações de um inconcebível governador de banco central de um país supostamente soberano, chamado Carlos Costa na comissão parlamentar sobre o BANIF. O BCE é o banco central dos países do euro, mas independentemente das necessidades de um país pode cortar-lhe a liquidez, o fornecimento de moeda, se achar que…os interesses dos credores não estão garantidos.
Sabemos o caso das eventuais sanções que a CE pode aplicar a Portugal por um subserviente governo de direita…ter cumprido como “bom aluno” todas as regras que impuseram. Sabemos que a CE está a decidir se autoriza a capitalização da Caixa Geral de Depósitos, um banco do Estado português!
A CE age como o papado medieval que dispunha de poder para aplicar a “interdição” e a excomunhão sobre os povos caso não seguissem a sua dogmática ou não se submetessem às suas bulas.
Ao aplicar a interdição o poder régio ficava seriamente limitado nas suas funções, considerava-se que o país tinha profanado leis divinas, proibindo-se a administração de ofícios religiosos (por ex. casamentos, batizados, enterros religiosos, etc.). A excomunhão, ainda mais grave, separava o país do resto da cristandade.
Atualmente a burocracia da UE dispõe de poder idêntico. Que acontece a um país que desafie a teologia neoliberal da UE? A chantagem de separar o país da “Europa” é assumida como equivalente à excomunhão; o corte de financiamento em euros, ou dos  "fundos estruturais",  é equivalente ao “interdito” papal.
O que se passou e passa com a Grécia, as pressões sobre o OE português, com exigências atrás de exigências, mostra como os mandatários querem os povos humilhados a seus pés. A humilhação do Syriza perante a UE corporizou uma atual “ida a Canossa”. (1)
Os dogmas são outros, no tempo medieval eram a formulação de leis pretensamente divinas, a interpretação dos textos sagrados. Hoje as da teologia neoliberal, a interpretação unilateral e dogmática dos tratados da UE. O essencial mantem-se: o poder supranacional contra o poder nacional; uma burocracia ao serviço da oligarquia monopolista e financeira contra a expressão popular da democracia.
Na escolástica medieval não havia investigadores, apenas “comentadores” dos textos dos mestres, assimilados como dogmas. E ai daqueles que os contestassem…Os “comentadores” de serviço ao sistema, são a clerezia do neoliberalismo e suas instituições, FMI, BCE, CE, a troika dos interesses oligárquicos.
1 - Em 1077, Henrique IV do Sacro Império Romano Germânico, foi ao castelo de Canossa postar-se descalço (três dias e três noites) em pleno inverno para que o papa levantasse a excomunhão. Em causa estava o poder real frente ao poder papal sobre a condução dos povos.
 

7 de junho de 2016

Mentir com cara séria

" Não defendemos cortes para as reformas e as pensões já existentes..." da mesma maneira que nos garantiu que com ele nunca haveria cortes no subsídio de férias e de Natal.
O problema de Passos Coelho como de Paulo Portas é que por mais convicção teatral que exibam  nunca se sabe se estão a falar a sério se estão a mentir despudoradamente  !

O mentiroso contumaz

Passos Coelho afirmou ontem que  há uma diminuição do investimento privado porque o PCP e o Bloco dão suporte parlamentar a este governo e " os capitalistas e as forças de mercado " não investem por falta de confiança .
Se é assim qual a razão para o investimento privado , sublinho privado , ter caído 24% , uma queda brutal , com o governo de Passos Coelho , governo do PSD e CDS dois partidos que segundo as próprias palavras do ex- primeiro ministro tinham a confiança " dos capitalistas e das forças de mercado " ?
O investimento público caiu ainda mais.
Não é verdade também que a ligeira e frágil recuperação do investimento verificada no ultimo ano , depois da queda a pique  já vinha a abrandar ainda antes da entrada em funções deste governo ?
O que os inquéritos ao investimento nos mostram é que a principal razão que tem travado  o investimento privado é a dificuldade de  escoamento dos produtos por falta de poder de compra , procura interna , e encolhimento de mercados importantes como Angola , Brasil , Venezuela ..,procura externa.
O que motiva o investimento privado é a perspectiva de lucro e , como a experiência mostra no nosso país este corre sempre impulsionado pelo investimento público que teve no governo de Passos Coelho uma das maiores quebras de sempre e que deixou a este governo uma situação desastrosa e um  "quadro comunitário de apoio" totalmente armadilhado.
Ao contrário do que diz Passos Coelho foi por o seu governo ter como apoio parlamentar o PSD e o  CDS, partidos da banca e do capital financeiro que desviaram o grosso dos recursos publicos e dos rendimentos dos assalariados- salários ,pensões ,reformas , cortes na saúde e ensino- e dos pequenos e médios empresários - encargos , taxas . energia - para o apoio ao grande capital financeiro ( para o desendividamento e capitalização da banca privada ) que o investimento   e o PIB cairam  e a divida publica e privada aumentaram para valores impensáveis!



1 de junho de 2016

OCDE

Nota sobre as últimas previsões da OCDE para Portugal


1.     A OCDE divulgou hoje as suas previsões da Primavera em que inclui as previsões para a economia portuguesa para 2016 e 2017.
2.     Em relação às suas previsões do Outono passado a OCDE procedeu a uma sua revisão em baixa. Se em Novembro previa que a nossa economia pudesse crescer em 2016 1,6%, agora baixou essa sua previsão para 1,2%.
3.     As razões principais que aponta para esta revisão são a previsão de queda do investimento (na anterior previsão previa uma subida de 3,0%, agora prevê uma queda de -1,5%) e um menor crescimento das exportações (antes previa 5,9%, agora fica-se pelos 2,8%).
4.     A OCDE considera que as razões porque o investimento está em queda prendem-se com o excessivo endividamento das empresas, a frágil situação do sector bancário, a incerteza política e o abrandamento na implementação das reformas estruturais.
5.     Estas previsões da OCDE estão em linha com outras previsões de Organismos Internacionais (CE, FMI) e Banco de Portugal. Todos estes organismos têm nas suas últimas previsões para a nossa economia procedido a revisões em baixa para 2016 e todos eles têm assinalado a queda do investimento e o abrandamento das exportações, como as razões fundamentais para essas mesmas revisões.
6.     Os alertas em torno da evolução do investimento são cada vez maiores, nós próprios há muito que vimos chamando à atenção para a necessidade de se apostar no investimento e para a importância dos fundos comunitários rapidamente chegarem à economia. Se assim não acontecer o pouco crescimento que se verificar assentará no Consumo e nas Importações e consequentemente no desequilíbrio da Balança de Bens e Serviços.


CAE, 1 de Junho de 2016 

Nota de Conjuntura

Maio 2016


A informação estatística acabada de divulgar pelo INE, referente às Contas Nacionais Trimestrais do 1º trimestre de 2016, a informação referente ao passado mês de Abril do Índice de Produção Industrial, do Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas no Comércio a Retalho e das Estimativas Mensais do Emprego e Desemprego e o Inquérito de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores do mês de Maio, permitem-nos concluir o seguinte sobre a actual situação conjuntural da nossa economia:
1.     O abrandamento que se vinha registando na evolução da nossa economia ao longo do 2º semestre de 2015, prolongou-se pelo 1º trimestre de 2016, com a nossa economia a crescer em termos homólogos 0,9% e em cadeia apenas 0,2%. Os resultados já conhecidos referentes ao mês de Abril, do Índice de Produção Industrial, do índice de Vendas do Comércio a Retalho e da evolução do Emprego e Desemprego, bem como o Indicador de Confiança dos Consumidores e o Indicador de Clima Económico do mês de Maio apontam no sentido de uma melhoria no 2º trimestre do ano. 

2.     Para esta evolução do PIB em termos reais no 1º trimestre do ano, o principal contributo positivo veio da Procura Interna (+2,0%), enquanto a Procura Externa Líquida (Exportações menos Importações), tal como aconteceu ao longo de todo o ano de 2015, continuou a registar um contributo negativo (-1,1%).
3.     Dentro da Procura Interna, o Consumo Privado, Público e Investimento tiveram contributos diferentes para o seu crescimento. Assim enquanto o Consumo Privado cresceu em termos reais e homólogos no 1º trimestre 2,9%, acelerando o seu ritmo de crescimento em relação ao 2º semestre de 2015, o Consumo Público cresceu 0,9%, o mesmo ritmo de crescimento do 2º semestre de 2015, enquanto o Investimento ao fim de 10 trimestres com crescimentos homólogos positivos, voltou a registar no 1º trimestre de 2016, um crescimento negativo de -0,6%. Uma análise mais fina da evolução do Investimento mostra-nos que a sua evolução foi marcada pela queda do Investimento em Construção, que após ter crescido 4,4% no último trimestre de 2015, caíu -3,9% no 1º trimestre de 2016.  
4.     O Índice de Produção Industrial em Abril cresceu em termos homólogos 3,5%, e em termos médios anuais 2,2%, enquanto o volume de negócios, as remunerações e as horas trabalhadas no Comércio a Retalho também cresceram neste período, quer em termos homólogos, quer em termos médios anuais. A estimativa do desemprego corrigido de sazonalidade atingiu em Abril os 12,0%, o valor mais baixo do ano e menos 0,9 ponto percentuais do que em Abril de 2015. Em termos mensais de acordo com os dados do INE, entre Janeiro e Abril do corrente ano foram criados cerca de 10 mil postos de trabalho.
5.     Por fim os resultados conhecidos dos Inquéritos Qualitativos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores do mês de Maio indicam uma melhoria na Confiança dos Consumidores e no Clima Económico das Empresas. Quer isto dizer que uns e outros de acordo com estes Inquéritos têm expectativas da que a situação da sua família (Consumidores) e da sua empresa possa vir a melhorar nos próximos meses três e doze meses. 
6.     Os dados agora divulgados, com a confirmação de uma evolução negativa do Investimento no 1º trimestre do ano, permitem-nos afirmar que esta é a variável macroeconómica com comportamento mais negativo nestes 6 meses do novo Governo, o que constitui um motivo de crescente preocupação.


CAE, 31 de Maio de 2016    J, Lourenço