Um atentado terrorista em França,
ou noutro país da NATO, é justificadamente noticiado com dramatismo e
sucedem-se atos de repúdio, mesmo durante dias. Os “comentadores”, fazem
indignadas dissertações, tendo o cuidado de escamotear as causas do mesmo,
nunca colocando a questão: por que é que há uns quinze anos o problema
praticamente não se colocava?
Na Síria, as derrotas infligidas
ao DAESH (apesar dos apoios da Turquia (NATO), Arábia Saudita, monarquias do
Golfo) levam o chamado “Estado Islâmico” a atos terroristas. Vejamos como foram
noticiados recentes atentados terroristas na Síria que mataram mais de centena
e meia de civis.
A notícia foi dada, rapidamente com
neutralidade e indiferença: “atentados reivindicados por militantes do DAESH
mataram…"
O termo terrorista desapareceu substituído
por “militante” , termo respeitável que se atribuí a pessoa que luta por uma
causa.
Em França, ou noutro país da
NATO, combater o terrorismo é defender a liberdade. Na Síria combater o
terrorismo é defender uma "ditadura."
Muitos exemplos podiam ser dados
sobre questões de linguagem, desde os bombardeamentos NATO, aos drones, aos “danos
colaterais dos EUA, às manifestações contra o governo se forem em França ou na Venezuela,
etc.
Para desmontar a manipulação da
comunicação social, é útil analisar a linguagem em termos marxistas. Para o
marxismo, a linguagem é a expressão material do pensamento. As classes sociais
utilizam-na em proveito próprio em conformidade com a sua consciência de
classe.
No capitalismo, a classe social
dominante impõe as suas próprias expressões. Procura tornar ininteligíveis expressões
só compreensíveis em função da consciência de classe. É assim que por exemplo,
se procura eliminar do léxico umas, como imperialismo, luta de classes, planeamento
económico democrático, ou deturpa-las, diabolizando-as como socialismo,
centralismo democrático, marxismo-leninismo.
É tudo uma questão de linguagem,
só que não só: é a questão dos interesses e do pensamento que lhe serve de
suporte.
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