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16 de novembro de 2016

O PIB e a Maria Luis & Albuquerque




Por que será que desta vez a prolixa Maria Luis não comentou ?


Notas sobre a estimativa rápida do PIB no 3º trimestre de 2016
1. De acordo com o INE, o PIB cresceu em termos homólogos no 3º trimestre 1,6%
e em cadeia 0,8%. Estes dados encontram-se corrigidos de sazonalidade, o que
quer dizer que a aceleração que se deu na actividade económica no 3º
trimestre do ano não tem um carácter sazonal, não resulta do efeito verão, mas
sim de uma clara e efectiva melhoria registada na actividade económica.
Enquanto nos dois 1ºs trimestres do ano a nossa economia estava a crescer em
cadeia (em relação aos trimestres anteriores) a um ritmo de 0,3%, no 3º
trimestre esse ritmo acelerou para 0,8%. Desde o 3º trimestre de 2009, não se
registava num trimestre idêntico tão elevado ritmo de crescimento em cadeia.
Esta aceleração faz com que em termos homólogos o PIB cresça agora a um
ritmo de 1,6%, enquanto nos dois 1ºs trimestres do ano crescia a um ritmo de
0,9%.
2. É possível dizer-se com os dados agora divulgados pelo INE e dado o efeito
arrastamento que eles têm no cálculo do PIB anual de 2016, que mesmo que a
variação em cadeia no 4º trimestre do ano seja nula (uma estagnação em
relação ao 3º trimestre), hipótese improvável com os dados já conhecidos de
Outubro, o PIB crescerá 1,2% neste ano. Basta no entanto que o PIB cresça
entre 0,3% e 0,6% no 4º trimestre, para que esse crescimento suba já para
1,3%. Se essa variação em cadeia no 4º trimestre for idêntica à do 3º trimestre,
então o PIB em 2016 atingirá 1,4% de crescimento.
3. Com a divulgação destes dados referentes ao 3º trimestre do ano, fica claro
que após um 2º semestre de 2015 de clara desaceleração da nossa economia,
que se prolongou pelo 1º trimestre de 2016, a nossa economia iniciou no 2º
trimestre do ano a recuperação da actividade, para no 3º trimestre se
confirmar inequivocamente a sua aceleração.
4. Os elementos justificativos apresentados pelo INE para esta evolução apontam
para o bom comportamento em termos homólogos da Procura Externa líquida
(aceleração das Exportações de bens e serviços ao mesmo tempo que as
Importações cresceram a um menor ritmo) e da Procura Interna, neste caso em
particular do Consumo Privado, em especial Consumo de Bens não Duradouros
e Serviços.
5. Analisando o comportamento da evolução do emprego e do desemprego, um e
outro corrigidos de sazonalidade, verificamos que comparativamente com os
dados conhecidos em Dezembro de 2015, os dados agora divulgados de
melhoria da actividade económica no 3º trimestre de 2016, são o reflexo da
melhoria registada no emprego ao longo do corrente ano, mais cerca de 94 mil
postos de trabalho criados e menos cerca de 66 mil desempregados, desde o
início do corrente ano.
6. Estes dados, apesar do seu carácter provisório e conjuntural, são já do meu
ponto de vista em parte, o reflexo das alterações de política económica que a
nova solução política saída das últimas eleições permitiu introduzir. A melhoria
que tem vindo a ser registada ao nível do Consumo Privado, reflecte por um
lado a melhoria registada ao nível do emprego e do desemprego, ao mesmo
tempo que reflecte também alguma reposição do poder de compra dos
trabalhadores, quer através da devolução de parte da sobretaxa do IRS, quer
através da reposição salarial que gradualmente tem vindo a ser feita aos
funcionários públicos. Acredito que a melhoria registada no Consumo Privado
ao longo dos últimos meses possa já ter tido efeito nalguma melhoria na
evolução do Investimento Privado nos últimos meses. Veremos o que os dados
desagregados que o INE irá divulgar sobre a evolução do PIB no 3º trimestre, no
próximo dia 30 de Novembro, nos dirão sobre isso.
7. Quanto à análise do comportamento das Exportações e das Importações de
bens e serviços ao longo de 2016, ela não á fácil ser feita tendo em conta, que
os dados divulgados para os 1ºs nove meses do ano, são dados em valor e
análise correcta terá de ser feita em volume, isto é, só após o conhecimento
dos deflatores dos preços das importações e das exportações, conseguimos
analisar correctamente o seu comportamento. O INE aponta no entanto para
uma melhoria na Procura Externa Líquida, o que significa que as exportações
estão em volume a crescer a um ritmo superior das importações e por isso
mesmo a ter um contributo positivo para o PIB, o que não deixa de ser
surpreendente tendo em conta a forte queda nas exportações para Angola,
para os EUA e para a China. Significa isto que tem sido possível compensar
estas quebras nas Exportações, com a subida nas Exportações para os países da
União Europeia, em particular para a Espanha, a França e o Reino Unido.
8. Uma nota final para referir que os dados agora divulgados são tanto mais
surpreendentes quando eles se verificam apesar de todos os enormes
constrangimentos a que o nosso país tem estado sujeito por parte da União
Europeia, com o permanente garrote do défice e da dívida a condicionar a
política económica prosseguida por este Governo. Apetece perguntar a que
ritmo não estaria a crescer a economia portuguesa se mais recursos financeiros
fossem libertados anualmente para o investimento público e para apoio do
investimento privado?
CAE, 15 de Novembro de 2016
José Alberto Lourenço



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