Os “comentadores”
que poluem a comunicação social passaram o tempo a explicar que Trump era um
perigoso imbecil. Agora têm de ver se explicam como é que, o país “dos seus
anelos” - como se diz nos fados tradicionais – é afinal um país de imbecis que
vota num imbecíl. Mas ficamos também a
saber, como Trump disse: um país de infraestruturas degradadas, decadência industrial,
desemprego.
Do que não disse,
registe-se a maior taxa de presos a nível mundial, leis de segurança ao nível
de qualquer ditadura, polícia que mata centenas de cidadãos por ano, relatórios
que evidenciam a reiterada prática de tortura, 45 milhões de pobres, etc.
Durante meses a
comunicação social esmerou-se em difundir os disparates de Trump, mas
escamoteou as afirmações belicistas da Clinton, bem como as suas ações e afirmações no
passado. Os e-mails da Sra. Clinton,
dados a conhecer, provaram que o objetivo da guerra contra a Líbia foi bloquear
o plano de Kadhafi que pretendia usar fundos soberanos da Líbia na criação de
um organismo financeiro na União Africana alternativo ao dólar e outras moedas ocidentais. Os EUA e a
NATO, juntamente com as monarquias do Golfo, promoveram uma operação secreta de
destruição da Síria, infiltrando no seu interior forças especiais e
grupos terroristas que criaram o DAESH.
Num dos e-mails
diz-se "a melhor maneira de
ajudar Israel é ajudar a rebelião na Síria, argumentando que para vergar Bashar
al Assad, “é preciso usar a força a fim de “pôr em perigo a sua vida e a de sua
família”. O ataque à Síria e depois ao Irão, garantiria a “Israel (não) perder
o monopólio nuclear". Grande defensora das mulheres destes países!
A Clinton nunca foi
confrontada com as consequências da intervenção na Líbia, na Síria, no Iémen, ou
no confronto com a Rússia, pelo contrário, tudo isto passava na aprovação pela
“segurança da América”.
Na natureza como na
política, não há espaços vazios. Trump, como Marine le Pen, obtêm expressivos
resultados cavalgando o descontentamento popular criado pelo agudizar das
contradições do capitalismo, enredado numa crise estrutural interminável e sem soluções.
Porém, aproveitam também o vazio deixado pela social-democracia e pelo
reformismo que tombou na armadilha do “eucomunismo” e antisovietismo, incapaz
de apresentar alternativas mobilizadoras.
Mas os neoliberais sentem
que estão a perder o pé, as populações ignoram cada vez mais a propaganda
requentada dos seus propagandistas. Como diz
Paul C. Roberts: “eles só dizem mentiras”. O que Trump e a le Pen
pretendem é recorrer a Keynes para resolver as contradições do sistema. Mas
para isso teriam de confrontar a finança e as grandes transnacionais (únicos
beneficiários dos “tratados de comércio livre”).
Trump quer pôr o FED
a imprimir dólares, ora a dívida federal, insustentável atinge 19,5 milhões
de milhões de dólares (105% do PIB, défice 3%) que aumenta 1 milhão de
milhões por ano. A França não está em melhores condições.
Por aqui se vê a
situação de impasse que as soluções capitalistas atingiram: guerra, racismo,
descalabro económico e social, e fascismo mais descarado.
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