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12 de novembro de 2016

Trump : a extrema-direita da extrema-direita

Não deixa de ser risível que indivíduos que apoiam o neoliberalismo – tendencialmente um neofascismo – guerras de agressão, neonazis na Ucrânia, fascistas na Polónia, Hungria, países bálticos, acusem Trump de extrema-direita.
Os “comentadores” que poluem a comunicação social passaram o tempo a explicar que Trump era um perigoso imbecil. Agora têm de ver se explicam como é que, o país “dos seus anelos” - como se diz nos fados tradicionais – é afinal um país de imbecis que vota num imbecíl.  Mas ficamos também a saber, como Trump disse: um país de infraestruturas degradadas, decadência industrial, desemprego.
Do que não disse, registe-se a maior taxa de presos a nível mundial, leis de segurança ao nível de qualquer ditadura, polícia que mata centenas de cidadãos por ano, relatórios que evidenciam a reiterada prática de tortura, 45 milhões de pobres, etc.
Durante meses a comunicação social esmerou-se em difundir os disparates de Trump, mas escamoteou as afirmações belicistas da Clinton, bem como as suas ações e afirmações no passado. Os e-mails da Sra. Clinton, dados a conhecer, provaram que o objetivo da guerra contra a Líbia foi bloquear o plano de Kadhafi que pretendia usar fundos soberanos da Líbia na criação de um organismo financeiro na União Africana alternativo ao dólar e outras moedas ocidentais. Os EUA e a NATO, juntamente com as monarquias do Golfo, promoveram uma operação secreta de destruição da Síria, infiltrando no seu interior forças especiais e grupos terroristas que criaram o DAESH.
Num dos e-mails diz-se "a melhor maneira de ajudar Israel é ajudar a rebelião na Síria, argumentando que para vergar Bashar al Assad, “é preciso usar a força a fim de “pôr em perigo a sua vida e a de sua família”. O ataque à Síria e depois ao Irão, garantiria a “Israel (não) perder o monopólio nuclear". Grande defensora das mulheres destes países!
A Clinton nunca foi confrontada com as consequências da intervenção na Líbia, na Síria, no Iémen, ou no confronto com a Rússia, pelo contrário, tudo isto passava na aprovação pela “segurança da América”.
Na natureza como na política, não há espaços vazios. Trump, como Marine le Pen, obtêm expressivos resultados cavalgando o descontentamento popular criado pelo agudizar das contradições do capitalismo, enredado numa crise estrutural interminável e sem soluções. Porém, aproveitam também o vazio deixado pela social-democracia e pelo reformismo que tombou na armadilha do “eucomunismo” e antisovietismo, incapaz de apresentar alternativas mobilizadoras.
Mas os neoliberais sentem que estão a perder o pé, as populações ignoram cada vez mais a propaganda requentada dos seus propagandistas. Como diz  Paul C. Roberts: “eles só dizem mentiras”. O que Trump e a le Pen pretendem é recorrer a Keynes para resolver as contradições do sistema. Mas para isso teriam de confrontar a finança e as grandes transnacionais (únicos beneficiários dos “tratados de comércio livre”).
Trump quer pôr o FED a imprimir dólares, ora a dívida federal, insustentável atinge 19,5 milhões de milhões de dólares (105% do PIB, défice 3%) que aumenta 1 milhão de milhões por ano. A França não está em melhores condições.
Por aqui se vê a situação de impasse que as soluções capitalistas atingiram: guerra, racismo, descalabro económico e social, e fascismo mais descarado. 

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