Muitos dos ditos consórcios de jornalistas são consorcios de serviços secretos que a coberto de Fundações de fachada e com pontas em vários orgãos de imprensa e nas principais agências de informação difundem os documentos e os dados que lhes interessam para tal ou tal operação.
Independentemente da opinião ética que possamos ter do comportamento de tal ou tal personalidade , dos casos de nepotismo ou de enriquecimentos ilícitos , facilitados pelos paraísos fiscais e, no nosso caso, pelas privatizações de empresas básicas e estratégicas e da banca , ou da opinião que possamos ter da evolução de um partido hoje integrado na Internacional socialista , alguém acredita que George Soros financiou o dito consórcio de jornalistas pelo amor à democracia , à transparência, ao combate à corrupção e ao povo angolano?
E não é verdade que os jornalistas que aparecem associados à operação desde o Guardian até ao Expresso não fizeram nenhuma investigação apenas se limitaram a receber os documentos filtrados ou em bruto , das respectivas agências para posterior publicação ?
Relembramos este texto de Agostinho Lopes:
CAIXA
ICIJ, dois mistérios a investigar…
A divulgação pelo ICIJ (International Consortium of Investigative Journalists) dos Papéis do Panamá tem, pelo menos, dois «mistérios» que necessitam de investigação…jornalística. Nada que ponha em causa a importância do seu conhecimento público e universal. Mas algo necessário para se perceber melhor o contexto «geopolítico» deste escândalo.
O primeiro grande mistério, anotado por vários órgãos da comunicação social, é a ausência de nomes de cidadãos e empresas dos EUA. Havendo, ao que se sabe, na Mossack Fonseca pelo menos 400 clientes dos EUA, 3.072 empresas dos EUA, 211 «beneficiários» dos EUA e 3.467 «Based share holders» dos EUA, porque é que no pacote de documentos entregues ao jornal alemão Süddeutsch Zeitung nada há de concreto ligado aos EUA?
Isto é, estamos perante uma clara filtragem, selecção, manipulação de informação, aliás, manifestamente bem dirigida a alguns «amigos» dos EUA. A presença de um primeiro-ministro islandês, de um Berlusconi, mesmo ao de leve, de um Cameron e um Macri, só credibiliza. Já dizia o nosso António Aleixo, «Para a mentira ser segura e atingir profundidade/Tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade!» É pouco credível que a razão, como aduzem alguns, para que os grandes bancos de Wall Street e os fundos especulativos norte-americanos seja um acordo bilateral EUA/Panamá que impede os seus milionários de encontrar um refúgio fiscal no Panamá.
O outro grande mistério é a razão do silêncio da generalidade dos órgãos de comunicação social (em Portugal a excepção é, que se saiba, o Jornal de Negócios) no esclarecimento dos mais que suspeitos parceiros financeiros e institucionais do Consórcio Jornalístico. Ora, o ICIJ foi fundado e é apoiado pela Fundação Ford, a Fundação Carnegie, a Fundação Rockfeller, a Fundação WK Kellog, a Fundação por uma Sociedade Aberta (ligado ao conhecido especulador Georges Soros), Fundação Waterloo (sediada no Reino Unido), Fundação Fritt Ord (Noruega) e outras fundações e grupos económicos dos EUA e RU. ICIJ que faz também parte da OCCRP (Projecto Relatório sobre o Crime Organizado e a Corrupção), financiada pelo governo dos EUA através da US AID – um orçamento de 40 milhões de dólares anuais para ajuda «a organizações de media e bloggers em mais de 12 países», responsável pelo suporte às chamadas «revoluções coloridas», no Norte de África e Médio Oriente, e outras regiões.
É notável que, para lá dos encomiásticos elogios ao «jornalismo de investigação», não se tenha reportado e sublinhado a parcialidade, distorção e ocultação presente na informação disponibilizada. Aliás, é extraordinário que se chame «investigação» à divulgação, sem qualquer alerta de precaução, de um pacote de informação, por muito grande e importante que seja, depositado por um anónimo John Doe, junto de um jornal alemão politicamente de direita e pró-NATO! Sem haver as naturais interrogações: quem organizou a Leak/Fuga? Quem geriu e filtrou a Leak/Fuga? Os jornalistas do ICIJ colocaram alguma interrogação ética ou de deontologia profissional, ao aceitarem trabalhar com documentos «roubados» e seleccionados de avanço, sem terem a menor possibilidade de conferir a sua autenticidade? Ou, pelo menos, assinalaram devidamente essas características na informação que disponibilizaram nos seus Órgãos de Comunicação Social?
Conjugando todos os dados deste processo (e outros antecedentes do ICIJ), não é difícil concluirmos que estamos perante a mão do governo norte-americano, via CIA. E por «boas razões» para os EUA! A razão da «guerra» contra líderes e países, objecto dos seus projectos imperialistas.
E uma razão mais comezinha, mas não menos crucial, para prosseguir um conjunto de operações pela hierarquização dos paraísos fiscais, assegurando os primeiros lugares no ranking aos anglo-saxónicos, com os norte-americanos em 1º lugar! Isto significa desviar fundos de outros paraísos fiscais e atrair capitais, procurando assegurar o controlo e comando dos mercados financeiros.
Não sem razão há quem assinale que constituiu a «Primeira operação internacional de envergadura da Administração de Obama, a Cimeira do G20 em Londres (2 de Abril de 2009) virada para a consagração da dominação global da finança anglo-saxónica».
Duas decisões importantes foram tomadas: o aumento de meios do FMI e do BM e a «supressão do segredo bancário» (mas não nos EUA). A nova regulamentação – que visa rebater fundos para os EUA – beneficia as estruturas anglo-saxónicas de branqueamento de capitais: os trust (sociedades veículo de direito anglo-saxónico) e as LLC (Limited Liabilities Compagnies, sem qualquer imposição fiscal no Delaware).
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