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14 de julho de 2017

Um fascistazeco convencido de boa escrita


BURRO VELHO, NÃO TOMA ANDADURA… 
Um cronista, João Miguel Tavares, sob o título «Somos todos demasiados complacentes com o PCP» (Público, 8 de Julho), a propósito da presença de comunistas na concentração do dia 5 de Julho, Dia da Independência da Venezuela, junto do monumento a Bolívar, vomitou a previsível catilinária. Não esteve só. Um ministro da cultura de Passos e Portas, fez o mesmo, em curto, no Correio da Manhã! É o comportamento que designaríamos próprio de fascistoides ou protofascistas. 
O que é um fascistoide ou um protofascista? É alguém que antes de ser já o é… ou vai ser! Só espera que as condições objectivas, sociais e políticas amadureçam! Hoje, o capitalismo, na sua fase neoliberal, vive uma crise de proporções imensas. Mostra, nos seus antagonismos e impasses, as suas faces mais hediondas: a guerra e o crescer das pulsões fascistas, que alguns disfarçam de populismo e nacionalismo. As saídas, no quadro da democracia burguesa, são poucas. A tentação de um Estado como ditadura terrorista dos monopólios e do capital é grande! Há terreno para medrar e medra. 
Alguns dirão que JMT defende a democracia formal dos votos e parlamentos! Oh, tantos que defendiam igual, e muitos iam mesmo mais longe… e quando a estrumeira veio, logo chafurdaram, como afodíneos que são. Logo estiveram na vanguarda das camisas de uma qualquer cor… e ergueram a bandeira! É assim que eles se fazem! 
Qual é o marcador definitivo de tal personagem? O anticomunismo! O insulto e a baboseira, a pesporrência bacoca, são apenas papel de embrulho para vender o contrabando. 
JMT julga que pensa pela sua cabeça! Por exemplo, adivinhou que a resolução do BES pelo trio Coelho/Portas/Maria Luís (a Cristas estava de férias) e Carlos Costa, em Agosto de 2014, não ia custar dinheiro aos contribuintes. De facto o rapaz pensa pela cabeça do Belmiro. Só que o Eng. produzia supermercados, e o moço, ferro velho de velha loja fascista. 
Estamos a ser violentos? Não! Aquele que acha que «somos todos demasiado complacentes com o PCP» é um putativo torcionário. 
JMT acha que o PCP não podia estar num acto de solidariedade com a Venezuela Bolivariana. Não sabe o que sabemos do Chile de Pinochet. O que sabemos da operação Condor. De como esses assaltos à democracia, à liberdade dos povos da América Latina, esses morticínios de comunistas e de outros democratas e patriotas foram orquestrados, financiados e apoiados pelo «grande irmão» do Norte. Como agora novamente se ensaia na Venezuela. E para não ficarmos nas Américas, recorde-se o golpe fascista de Suharto, na Indonésia (1965), um verdadeiro genocídio anticomunista. Tudo, sempre em da defesa da democracia e da liberdade! 
A confusão que arma, é a confusão das operações de intoxicação… em que participa! E julga que somos obrigados a engolir mistelas a que alguns chamam informação e opinião! Sabemos quem a sopra, quem a produz e reproduz alegremente, mais uma vez pensando que pensa pela sua cabeça! Não, não pensa, porque come apenas do que gosta! É dos que não viram o golpe fascista na Ucrânia, com o apoio e intervenção da UE e EUA. É dos que pensa que no Afeganistão havia heróicos guerrilheiros contra a URSS e agora há talibãs contra os EUA. É dos que pensa que em Alepo havia resistentes pela democracia e que em Mossoul há daeshs. 
Sendo dos «ex-jovens que não vivemos o Verão Quente de 1975», e tem «de ir ao Google para ver como se escreve Soljenítsin», podia ler com proveito o recente livro de Miguel Carvalho, «Quando Portugal Ardeu», e verificar como o terrorismo político tem raízes fundas na história e nas políticas de direita que professa. Podia constatar como é fácil misturar religião e política, e não hesitar perante nenhum crime (até a tentativa de rebentamento de um carro armadilhado em Fátima). E matar comunistas e atirar as provocações e o anticomunismo para cima dos comunistas! O fascismo, no seu estertor, resistia e o anticomunismo, sob muitos disfarces, era a arma da sua resistência. Pode até verificar que os patronos desses terroristas eram altas e gradas figuras do PSD, CDS e PS. E algumas ainda andam por aí… 
O ex-jovem considera que o PCP promove, cultiva a «ambiguidade». Anjinhos por fora, belzebu na alma! Quem diria! Por fora, nas «câmaras de televisão», aparecem a «defender os direitos dos fracos e dos trabalhadores»! «E quem está contra»? Por dentro, «estalinismo», 
«ditadura do proletariado», que, segundo os dos «paninhos quentes», «tem nuances»! Dizem uma coisa, mas pensam outra. Lá por dentro… é só enxofre… Calcule-se até que escondem as «posições internacionais» do «PCP-troglodita» em «artigos obscuros no Avante»! 
«Esta complacência tem um custo»! Diz o ex-jovem! Podem fazer manifestações à Venezuela Bolivariana! Não pode ser! Que falta faz cá Salazar e o capitão Maltez para os correr à bordoada! E sempre se caçavam alguns para o xilindró! Dantes faziam isso ao Vietname! Faziam isso ao Chile! Até tentavam fazer manifestações no 1º de Maio, no 5 de Outubro, ou 31 de Janeiro! Calcule-se! Faziam não, tentavam fazer… E era uma ver se te avias, claro… Nada de complacências! 
Imagine-se «à boa maneira soviética, os meios do Estado são colocados ao serviço da propaganda comunista e da defesa de um regime abjecto». E quais foram esses meios? A «Banda do Exército». E como? «inventaram um “acto protocolar” (…) do Dia da Independência da Venezuela» (aliás, separado do acto de solidariedade que se lhe seguiu). Pode lá ser, então a Venezuela é independente? E tem um dia? E logo o 5 de Julho! Cópia inaceitável do 4 de Junho dos gloriosos USA e do 14 de Julho da excelsa França? Para estes não toca banda nenhuma! Não é possível! 
Valerá a pena tocar o sino a rebate? Vale. Burro velho não toma andadura… e o fascismo é um burro velho sempre pronto a passar por novo… Agostinho Lopes

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