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16 de outubro de 2019

A guerra na Síria aproxima-se do final

A história da guerra na Síria talvez um dia venha a ser detalhadamente contada. Aí ficará evidente a repulsiva hipocrisia das políticas ocidentais, escondendo mesmo as crueldades que os “lutadores pela democracia” apoiados pelo “ocidente” perpetravam contra religiosos e religiosas cristãs até então livres e em paz que pediam ajuda ao mesmo “ocidente” que os ignorou e continuou a apoiar os seus agressores. Eis a UE no seu melhor.
Já lá vai o tempo em que ministros da Alemanha, França, Reino Unido, arrogantemente diziam que o governo de Bashar-al-Assad não duraria mais de seis meses. Preparavam-lhe o mesmo destino que a Kadaffi, ou Milosevitch, etc. Agora vão falando baixinho e Erdogam diz-lhes que se não se estiverem satisfeitos manda-lhes os refugiados Sírios e as milícias do Daesh.
 
Consagra-se assim mais uma derrota do imperialismo e é curioso reparar no incómodo que os noticiários formatados à distância têm para se referir ao caso Sírio e ao ataque da Turquia. Compreende-se. Dissemos, a propósito do contra-ataque iemenita à Arábia Saudita, que a estratégia do “ocidente” no Médio Oriente estava em causa e iria alterar-se. O que se passa agora é mais um episódio.
Um alto funcionário do governo dos EUA, sob condição de anonimato falou sobre a situação na Síria. As milícias sírias (Exército Livre da Síria criado e apoiado pelos EUA/NATO e aliados) ligadas aos kurdos, na retirada em desespero atacaram veículos das forças americanas assim como civis, “estas milícias, são loucas e não são confiáveis", disse.
Que se passa afinal. Não é crível que a Turquia tenha tomado esta iniciativa sem acordo da Rússia que estabeleceu os limites: está no terreno e não ia abandonar a Síria depois de ter derrotado os seus inimigos. Uma prova disso é Putin ter “aconselhado” os kurdos, que pediam ajuda á Rússia, que o melhor que tinham a fazer era integrarem-se no Estado Sírio. E é isso que está a acontecer.
Desde o ano passado, Trump procurou uma forma de retirar as tropas dos EUA da Síria. O movimento turco (russo) deu-lhe a desculpa de que precisava.
 
As forças kurdas e do "Exército Livre da Síria" vão ser dissolvidas e os seus soldados integrados no exército sírio. O governo sírio também dissolverá a administração curda “autónoma”. Tudo isso levará algum tempo, mas, no final, eliminará as preocupações turcas quanto a grupos curdos sírios entrarem na Turquia para lutar ao lado do PKK separatista. Entretanto o governo Sírio está a retoma o controlo sobre zonas kurdas no nordeste do país, ( ver http://www.informationclearinghouse.info/52388.htm)

Outra lição a retirar deste caso é que os EUA não são minimamente confiáveis para aliados, de facto só reconhecem súbditos, (até De Gaulle já o tinha verificado na 2ª Guerra, quando o quiseram pôr de parte para fazer acordos com Vichy).
Os curos foram usados e abusados pelos EUA durante décadas ao sabor dos seus interesses. Porém, infelizmente, só se podem queixar da sua estupidez estratégica. (Syria - Turkey Again Invades)

O acordo promovido pela Rússia prevê que as forças curdas e grupos das “Forças Democráticas da Síria” sejam dissolvidas e integradas no exército sírio juntando-se ao 5º Corpo Sírio sob controle russo. É dada garantia aos curdos de plenos direitos e autonomia no Estado Sírio na nova constituição a ser aprovada conjuntamente com os curdos sírios.
Inicia-se a fase final de uma guerra de oito anos, com todas as áreas de fronteira e centros administrativos controlados pelo governo Sírio. (http://www.informationclearinghouse.info/52387.htm)
É a altura de escrever ou relembrar a História da guerra na Síria, que se traduziu em mais uma infâmia do “ocidente”.

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