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7 de outubro de 2019

O desespero de duas pequeno burguesas


«MARXISTA-LENINISTA» .           Ag.Lps.
«Corbyn, não é apenas marxista, é leninista» escreve desesperada Clara
Ferreira Alves (CFA) (1)! Calculem: «Nacionalização de todos os sectores
produtivos e de serviços essenciais e não essenciais, arregimentação das
empresas e das pessoas (???) (…), consideração do capital como um
inimigo a abater, ilegalização de todas as decisões económicas que
desagradem ao Estado. (…). Aumentos dos salários dos trabalhadores,
subsídios para todos incluindo os mais jovens apenas por serem jovens,
semana de 32 horas, abolição do ensino particular e “elitista”,
nacionalizações compulsivas (???), um Serviço Nacional de Saúde com
medicamentos gratuitos mediante a obrigatoriedade de todas as
farmacêuticas produzirem medicamentos baratos, monopólio orwelliano
dos sectores intelectuais e científicos, abolição de todas as
desigualdades. Ou seja, do rígido sistema de classes britânico.» Quem
diria! Desculpe-se a dimensão da citação com a explosão maximalista e
especulativa da expressividade verbal de CFA. Mas tinha de ser. É assim
mais fácil desculpar CFA por ter acreditado em Teresa de Sousa (TS) e nos
jornais que porfiaram, durante meses/anos, no apoucamento pessoal e
político de Corbyn, e do seu apoio no Labour. Valeu a pena CFA ter
assistido ao Congresso para, em absoluta contradição com aquelas
opiniões, reconhecer que: «Corbyn (…) é um homem astuto, capaz de
falar horas sem teleponto, com os factos e os números na cabeça, com
uma inteligência política fora o comum (…)
». E disse mais: «A
Conferência Labour borbulhava de entusiasmo e aplauso e Corbyn foi
entronizado como o chefe incontestável do partido, arredando os
blairistas.»
Mais curta, mas não menos desesperada, é Teresa de Sousa (2). Não lhe
bastava o Trump e o Johnson (calculem: «educado em Eton e Oxford»!) a
dar cabo da «democracia liberal» e aparece-lhe pela esquerda o
«populista» Corbyn. «À leva das nacionalizações das grandes empresas,
Jeremy Corbyn acrescenta a semana de quatro dias, a retenção de 10%
do valor das acções das empresas para entregar aos trabalhadores e o
fim das escolas privadas.» Mas TS está menos preocupada que CFA. Tal
não seria possível porque: «A lei não o permitiria e o custo de integrar

600 mil alunos no ensino público seria incomportável». Haja deus e a
Rainha Isabel II.
As jornalistas ainda não deram por ela, mas o céu está a cair-lhes em cima
da cabeça. Custa-lhes a entender a crise do capitalismo. E a crise do
sistema político criado e aperfeiçoado para garantir a sua continuidade ad
eternum. Talvez as ajudasse ler o artigo do insuspeito Martin Wolf, de
18SET19, principal comentador económico do também insuspeito
Financial Times: «(…) temos cada vez mais um capitalismo rentista
instável, concorrência enfraquecida, fraco crescimento da produtividade,
grande desigualdade e, não por coincidência, uma democracia cada vez
mais degradada. Corrigir isto é um desafio para todos nós, mas
principalmente para aqueles que gerem os negócios mais importantes
do mundo. A forma como os nossos sistemas económicos e políticos
funcionam deve mudar, ou eles perecerão.»
Mas «os negócios mais importantes do mundo» não vão mudar nada. E
logo, tem razão CFA: «(…) Corbyn, clamando por eleições, não as deseja
agora e tem poucas hipóteses de as ganhar.» A que acrescenta,
previdente: «Por enquanto». Certo.
(1) Revista Expresso, 28SET19;
(2) Público, 29SET19.«MARXISTA-LENINISTA»
«Corbyn, não é apenas marxista, é leninista» escreve desesperada Clara
Ferreira Alves (CFA) (1)! Calculem: «Nacionalização de todos os sectores
produtivos e de serviços essenciais e não essenciais, arregimentação das
empresas e das pessoas (???) (…), consideração do capital como um
inimigo a abater, ilegalização de todas as decisões económicas que
desagradem ao Estado. (…). Aumentos dos salários dos trabalhadores,
subsídios para todos incluindo os mais jovens apenas por serem jovens,
semana de 32 horas, abolição do ensino particular e “elitista”,
nacionalizações compulsivas (???), um Serviço Nacional de Saúde com
medicamentos gratuitos mediante a obrigatoriedade de todas as
farmacêuticas produzirem medicamentos baratos, monopólio orwelliano
dos sectores intelectuais e científicos, abolição de todas as
desigualdades. Ou seja, do rígido sistema de classes britânico.» Quem
diria! Desculpe-se a dimensão da citação com a explosão maximalista e
especulativa da expressividade verbal de CFA. Mas tinha de ser. É assim
mais fácil desculpar CFA por ter acreditado em Teresa de Sousa (TS) e nos
jornais que porfiaram, durante meses/anos, no apoucamento pessoal e
político de Corbyn, e do seu apoio no Labour. Valeu a pena CFA ter
assistido ao Congresso para, em absoluta contradição com aquelas
opiniões, reconhecer que: «Corbyn (…) é um homem astuto, capaz de
falar horas sem teleponto, com os factos e os números na cabeça, com
uma inteligência política fora o comum (…)». E disse mais: «A
Conferência Labour borbulhava de entusiasmo e aplauso e Corbyn foi
entronizado como o chefe incontestável do partido, arredando os
blairistas.»
Mais curta, mas não menos desesperada, é Teresa de Sousa (2). Não lhe
bastava o Trump e o Johnson (calculem: «educado em Eton e Oxford»!) a
dar cabo da «democracia liberal» e aparece-lhe pela esquerda o
«populista» Corbyn. «À leva das nacionalizações das grandes empresas,
Jeremy Corbyn acrescenta a semana de quatro dias, a retenção de 10%
do valor das acções das empresas para entregar aos trabalhadores e o
fim das escolas privadas.» Mas TS está menos preocupada que CFA. Tal
não seria possível porque: «A lei não o permitiria e o custo de integrar

600 mil alunos no ensino público seria incomportável». Haja deus e a
Rainha Isabel II.
As jornalistas ainda não deram por ela, mas o céu está a cair-lhes em cima
da cabeça. Custa-lhes a entender a crise do capitalismo. E a crise do
sistema político criado e aperfeiçoado para garantir a sua continuidade ad
eternum. Talvez as ajudasse ler o artigo do insuspeito Martin Wolf, de
18SET19, principal comentador económico do também insuspeito
Financial Times: «(…) temos cada vez mais um capitalismo rentista
instável, concorrência enfraquecida, fraco crescimento da produtividade,
grande desigualdade e, não por coincidência, uma democracia cada vez
mais degradada. Corrigir isto é um desafio para todos nós, mas
principalmente para aqueles que gerem os negócios mais importantes
do mundo. A forma como os nossos sistemas económicos e políticos
funcionam deve mudar, ou eles perecerão.»
Mas «os negócios mais importantes do mundo» não vão mudar nada. E
logo, tem razão CFA: «(…) Corbyn, clamando por eleições, não as deseja
agora e tem poucas hipóteses de as ganhar.» A que acrescenta,
previdente: «Por enquanto». Certo.
(1) Revista Expresso, 28SET19;
(2) Público, 29SET19. Agostinho Lopes

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