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31 de julho de 2021

Israel é um Estado das direitas , com cada vez mais tendências fascistas

Lembrar que Israel sempre votou a favor do Apartheid e contra o levantamento do bloqueio a Cuba


Thomas Vescovi é um investigador independente em história contemporânea. Ele acaba de publicar, na editora La Découverte, L'échec d'une utopie: une histoire des gauches en Israel (O fracasso de uma utopia: uma história da esquerda em Israel). Falamos com ele sobre a situação política em Israel. Esta conversa ocorreu antes da nova e violenta agressão colonial contra os palestinos.

 No título do meu livro, quando digo "o fracasso de uma utopia", é porque, sem fazer um juízo de valor, suponho que as pessoas acreditavam sinceramente que seriam capazes de formar um estado para os judeus com base, digamos,de esquerda. E no livro seguimos a trajetória desse projeto e tentamos entender como, ao longo da história, as coisas se desviaram e tomaram um rumo completamente diferente do que alguns pensaram e que  alguns haviam originalmente imaginado. E acontece que esse projeto sionista de esquerda, que tinha uma vocação emancipatória para os judeus vítimas do anti-semitismo, era, no entanto, um projeto fundamentalmente colonial. 

Jerusalém é um caso exemplar. É um local onde a colonização continua, e é cada vez mais, contestada. Hoje, ainda temos quase 40% de palestinos na aglomeração de Jerusalém, área em que a colonização é muito violenta, com despejos, desapropriações, etc. E porque essa presença palestina ainda está lá, vemos o desenvolvimento de grupos de extrema direita que agitam, atacam o povo palestino, etc. Eles enfrentam uma população que fica lá, que não quer ir embora e que também luta pelos seus direitos...

Existe algum futuro para uma esquerda não sionista em Israel sem os palestinos de Israel?

Eu ainda iria mais longe, dizendo que não há futuro para a esquerda em Israel em sua pluralidade se ela não se voltar mais para os palestinos de Israel. Se voltarmos um ano, durante as eleições legislativas de março de 2020, a Lista Unificada que reunia os palestinos de Israel era a expressão de uma nova estratégia: essa lista, liderada pelo comunista Ayman Odeh, tentava explicar à população palestina Israel que a estratégia do passado de participar da política se declarar anti-sionista e rejeitar qualquer negociação governamental com a esquerda, inclusive a sionista, havia sido superada, não havia trazido nada, e que por isso era importante considerar que a esquerda sendo uma minoria israelense judia progressista, era possível contemplar alianças com ela; embora com condições a serem definidas e com um programa claro. Acontece que essa estratégia, independentemente do que você pense, subestimou um fator essencial: dentro da própria centro-esquerda israelense, onde você se declara sionista, as contradições são muito fortes quando se trata de aliar-se aos palestinos.

https://vientosur.info/entrevista-a-thomas-vescovi-israel-es-un-estado-de-derechas-con-cada-vez-mas-tendencias-fascistas/


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