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7 de dezembro de 2022

A propaganda e a realidade

Uma das coisas que teria interesse seria comparar os comentários e informações sobre a guerra na Ucrânia ao longo do tempo. Seria bom que justificassem o que tinham dito antes sobre a Rússia ter perdido a guerra, esgotado efetivos e material bélico.

Estamos a ganhar” pode ser bom na propaganda da TV, a Ucrânia não ganhou nada estrategicamente mesmo quando tropas russas retiraram de pontos vulneráveis. As tropas ucranianas mais os efetivos contratados das “empresas militares privadas” – vulgo mercenários – ultrapassavam 1 para 10 os efetivos russos, perdendo 40 a 50% da força de ataque e não podendo substituir equipamento, para avançar 15 ou 20 milhas e os russos recuarem para posições mais defensáveis (cor. Douglas Mac Gregor)

Ouvimos dizer que a Rússia estava a ficar sem tanques, porém foram vistas grandes colunas dos novos T-80 avançaram para a frente. Diziam que Putin estava liquidado e não podia sobreviver “à derrota”. Já se ouviu dizer o mesmo de Bachar-al-Assad. A realidade é completamente diferente, a sua popularidade na Rússia é de 80%, mais forte que nunca e o descontentamento é por a guerra está a demorar demais e a Rússia não fazer um ataque decisivo.

Também diziam que as novas armas fornecidas pelos EUA como os HIMAR iriam mudar o curso da guerra. Deviam ter tomado atenção às palavras de Putin e Lavrov: a resposta seria proporcional às iniciativas da NATO e os ataques ganhariam profundidade.

Agora os tais mísseis que já não existiam caem sobre o país que já foi Ucrânia, agora é uma colónia dos EUA – que sai cara. As infraestruturas energéticas estão destruídas em 70%, o resto funciona precariamente, no Ocidente esgotam-se estoques de geradores móveis e portáteis, a população enfrenta sofrimentos indescritíveis, mas o obediente clã de Kiev recusa negociações – os neocons de Washington não o permitem – e o fantoche secretário geral da NATO diz que a Rússia não pode ganhar a guerra. Então como vão vencer esta guerra que os EUA iniciaram em 2014?

Bem vistas as coisas há mais que razões para a NATO atacar a Rússia pela invasão da Ucrânia. Por que não o fazem? Afinal para que serve a NATO? Para que foi criada? Se bem nos lembramos para conter a URSS. Mas a URSS já não existe. Claro, mas diz-nos que resta a Rússia, um país que se recusa a reconhecer a superioridade do Ocidente (UE/NATO e aliados) e viver com esse conhecimento para sempre, desistindo da proteção de seus interesses nacionais

Também ninguém fala dos objetivos do Ocidente nesta guerra: esgotar económica e militarmente a Rússia, demitir Putin e colocar no seu lugar um fantoche neoliberal que cumprisse as “regras”. Como na história do Aprendiz de Feiticeiro, em particular a UE esgota-se economicamente, o potencial militar dos países europeus da NATO esgota-se militarmente. Forçados a transferir o seu equipamento militar já limitado para a Ucrânia, tornaram o seu potencial militar insignificante. Perdem a capacidade de se defender não apenas individualmente, mas até coletivamente.

A Europa do Ocidente comprou com esta obsessão mais um problema de refugiados. Segundo a Lusa, a ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pessoas que têm de ser alojadas – não em campos de concentração como os que fogem de países levados ao caos pela NATO na África e Médio Oriente – alimentadas, com cuidados de saúde etc. Mas sem eletricidade, água, dificuldades de abastecimento, a vaga de refugiados vai só pode aumentar. As próprias autoridades de Kiev o incentivam.

E tudo isto para quê? Para apoiar um regime pronazi, anti -comunista e que destruiu as liberdades no seu interior – desde 2014 - enquanto alimenta o risco de conflagração nuclear com a Rússia, o que pode significar uma catástrofe para a população europeia, se não a de toda a humanidade.
Kiev proibiu o uso da língua russa nos territórios que falam russo de toda a Ucrânia, erigiu em "herói nacional" Stepan Bandera: um criminoso de guerra que colaborou massivamente com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial e participou da "Cruzada Judeo-Bolhevista", massacrando até 100 000 polacos, judeus e soviéticos. Estátuas suas foram erigidas pelo clã de Kiev, tal como as Roman Shukhevych outro criminoso de guerra ao lado dos nazis, enquanto de monumentos à libertação da Republica Soviética da Ucrânia e estátuas de Lenine foram destruídas.

Silencia-se a proibição de sindicatos de esquerda na Ucrânia e partidos, começando pelo Partido Comunista, jovens comunistas como os irmãos Konononovich, foram presos, mantidos em segredo e torturados pela polícia política de Kiev.

Mas dizem-nos que estamos a apoiar a democracia na Ucrânia e no resto da Europa...


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