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16 de dezembro de 2022

Acabar com o "Império Global do Capital" objetivo da Internacional Progressista

 Varoufakis, ex-ministro das finanças da Grécia no governo – de triste memória – do Syriza é um dos animadores da iniciativa designada Internacional Progressista - IP - (Progressive International) cujo coordenador geral é David Adler, economista político.

O objetivo desta organização é a esquerda trabalhar em conjunto para acabar com o "império global do capital" e traçar um caminho progressista para uma "Nova Ordem Económica Internacional” (NOEI).

O representante permanente adjunto de Cuba na ONU, anunciou que o governo cubano tinha convidado a IP para realizar em Havana em 25 de janeiro de 2023, uma cimeira focada na NOEI. Estarão presentes governos, representantes políticos, movimentos populares, académicos e formuladores de políticas para iniciar o processo de construção dessa visão comum e construir o poder para realizá-la." Membros da IP incluem o presidente colombiano Gustavo Petro, o Libre, partido político da presidente hondurenha Xiomara Castro e a Convergencia Social, partido político do presidente chileno Gabriel Boric.

A IP destaca que a humanidade enfrenta um destino sombrio porque a classe capitalista dominante na sua busca para maximizar lucros intensifica a crise climática e as perspetivas de uma guerra nuclear, mas com solidariedade suficiente, os progressistas em todo o mundo podem construir uma sociedade igualitária, democrática, pacífica e sustentável.

Para Varoufakis destaca que "nunca estivemos mais perto de um holocausto nuclear como hoje". "Eles (a classe capitalista dominante) começaram uma nova Guerra Fria", “perseguem guerras intermináveis em todo o mundo – guerras que os ajudam a vender mais armas do que nunca." "Eles estão aumentando a pressão sobre os trabalhadores em todos os lugares, enquanto se tornam líricos sobre a responsabilidade social."

"Chega de sua hipocrisia, da sua guerra, da sua financeirização e da privatização de nossos bens comuns", declarou Varoufakis. "Os progressistas do mundo recusam-se a tomar partido nesta nova guerra.”. Em vez disso, construimos um novo movimento não-alinhado para lutar pela sobrevivência da humanidade, trabalhando pela paz, solidariedade e cooperação."

A "única coisa" que mina a cooperação, a solidariedade e a paz é "o reinado do capital sobre o trabalho e a servidão por dívida infligida à maioria dos píses – no Sul Global, mas também no Norte Global". Para transformar o anseio dos progressistas por uma NOEI em realidade, um movimento não-alinhado deve "direcionar grandes quantidades de dinheiro para as coisas que a humanidade anseia, da energia verde abundante à saúde pública, à educação pública e ao alívio da pobreza". "É claro", reconheceu, "isso continuará sendo um sonho, a menos que nosso movimento consiga desmantelar o império global do capital."

Para acabar com "a tirania do capital sobre as pessoas" e recuperar "os bens comuns saqueados", Varoufakis pediu duas reformas fundamentais.

A primeira é garantir que "as corporações pertençam às pessoas que nelas trabalham com base em uma pessoa, uma ação, um voto", disse Varoufakis. A segunda é negar "aos bancos o monopólio sobre as transações".

Além disso, "o fim do poder do capital sobre a sociedade permitirá que as comunidades decidam coletivamente a provisão de saúde, educação [e] investimento em salvar o meio ambiente de nosso crescimento semelhante ao vírus", continuou ele. "A democracia genuína será finalmente possível, a ser praticada nas assembleias dos cidadãos e dos trabalhadores – não atrás das portas fechadas, onde oligarcas e burocratas se reúnem."

"A menos que derrubemos o império global de capital cada vez mais concentrado, não há hipótese de poder acabar com as guerras, erradicar a pobreza ou evitar o desastre climático", disse Varoufakis. "Essa democratização é nada menos que uma pré-condição para a sobrevivência de nossa espécie."

O ex-ministro das Finanças grego concluiu pedindo aos progressistas em todos os lugares "que se unam em uma luta comum não apenas pela sobrevivência da humanidade, mas por uma chance de dar a cada criança que nasce amanhã e no futuro uma chance de uma vida bem-sucedida ... num planeta habitável, onde a guerra se extinguiu, juntamente com a pobreza e o medo".

Jayati Ghosh, professora de economia da Universidade de Massachusetts Amherst e uma dos pensadores que participaram da discussão do Fórum do Povo,enfatizoua necessidade de abandonar as políticas neoliberais, "recuperar alguns dos direitos que perdemos nos últimos 50 anos e reinventar o que vemos como um justo, economia internacional equitativa, sustentável e viável". Para começar, os formuladores de políticas devem "desfazer as principais privatizações" do último meio século, disse Ghosh.

A IP também lançou The Internationalist, um boletim informativo com entrevistas relatos de luta de líderes sindicais, sociais e políticos; pesquisa académica; etc.

A última edição inclui uma entrevista com Andrés Arauz, economista e ex-ministro do Conhecimento do ex-presidente equatoriano Rafael Correa. A conversa com Arauz, que perdeu por pouco a eleição presidencial de 2021 no Equador e fez parte do painel da convocado pela IP que se concentrana "economia política do subdesenvolvimento no Sul Global".

David Adler, disseque "estamos novamente num momento de rápida transformação geopolítica com o fim da dominação unipolar dos Estados Unidos – mas nos falta uma visão comum do mundo multipolar que está agora em formação".

VER - Varoufakis: How to End ‘Global Empire of Capital’ (consortiumnews.com) por Kenny Stancil (escritor da equipe de Common Dreams)

Para além de algumas inconsistências que a IP possa apresentar, é importante que sectores progressistas se reúnam e trabalhem em conjunto sem sectarismo e sem proselitismo. Afinal um dos objetivos do marxismo é a união dos proletários de todos os países.




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