A directora do FMI – cargo como se
sabe mal afamado – declarou recentemente que os gregos deviam começar por pagar
impostos (em vez de criticarem a troika) e que tinha mais pena das crianças do
Níger que das gregas.
Estranha afirmação para quem, tal
como o seu “staff”, se aloja em hotéis de 5 estrelas, não paga impostos e ganha
440 mil euros por ano – limpinhos – fora despesas de deslocação e representação.
Uma miséria, aliás, comparado com o que obtêm alguns administradores dos monopólios cá da terra,
à conta economia de mercado e liberalismo que eles gostam.
Estranha afirmação para quem impõe
regras, que só têm provocado pobreza, fome, atraso, subdesenvolvimento em todos
os continentes. Chegou a vez da UE. Porém, acerca dos gregos que não pagam impostos
devia referir-se aos oligarcas desse país que só na Suíça se calcula que terão (tinham em
2011) em depósitos 600 mil milhões de euros!
Estranha afirmação para quem nada faz
evitar a fuga aos impostos, terminar com os paraísos fiscais, adoptar uma taxa
sobre as transacções financeiras (por dia várias vezes o comércio mundial num
ano) por exemplo, com a inocente taxa Tobin (0,1% sobre essas transacções),
quando para tudo isto bastavam uma dúzia de linhas saídas de uma daquelas sessões
de hipocrisia designadas “reuniões dos G8”.
Pode-se bombardear civis (as novas
Guernica) na Jugoslávia, Iraque, Líbia, Afeganistão, Paquistão, Palestina, Líbano,
apoiar os morticínios na Síria – culpando outros, mas nunca “traumatizar os
mercados”.
E dizia o sr Vítor Constâncio –
encostado às cordas, por assim dizer, por Honório Novo – na Comissão
Parlamentar sobre o BPN que com as regras actuais era impossível a supervisão
evitar as fraudes bancárias – que os que pagam impostos têm de compensar. Devia
acrescentar que a vontade de incomodar os senhores do grande capital não era
muita. Tínhamos confiança nessas pessoas…Acrescente-se que dos 5 processos
movidos desde 2009 ao BPN só um está concluído, tendo resultado em duas multas,
uma das quais suspensa! Entretanto o buraco do BPN que pagamos com a
austeridade que as gentes da papisa Lagarde aplicam, ascende a mais de 7 000
milhões.
Mas
voltemos a D. Lagarde e á clique neoliberal que instituiu um sistema semelhante
ao da França antes da Revolução. A nobreza, apropriava-se do excedente social por
via das rendas e pelo peso dos impostos; desde os anos 70 do sec. XVIII que os preços
agrícolas baixavam; a crise agravou-se nos anos 80, levando a nobreza a
aumentar a exploração com mais impostos e prestações e a apropriar-se de bens
comunais.
O Estado, prisioneiro do sistema de Versalhes, delapidava os
dinheiros do Tesouro endividando-se em proveito de uma camada que se
considerava acima dos outros mortais. D. Lagarde tem a mesma visão do mundo que
Maria Antonieta. Quando lhe disseram que o povo não tinha pão para comer terá
replicado (segundo consta) que se não tinha pão comesse bolos.
Esta frase
prenunciava uma revolução.
É o que
acontecerá mais tarde ou mais cedo, pelo caminho a que esta gente leva os
países sob seu domínio.
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