O governo parecendo seguir os conselhos dos comentadores-propagandistas
ao seu serviço, vai lançando para o ar uma espécie de intenções. Quando nada
das proclamadas promessas se concretiza, os tais comentadores explicam que é
porque não são explicados às “pessoas”.
Trata-se agora da “reindustrialização” e a propaganda logo veio elogiar o
sr. Pereira da Economia. Espera-se um relatório sobre o tema, mas as orientações são conhecidas,
vêm de longe: investimento estrangeiro e exportar mais.
A seita de pirómanos que tudo fez para destruir a indústria nacional aparece
agora disfarçada de bombeiros, com promessas e a habitual hipocrisia das “preocupações”
com o emprego, o crescimento, etc. Com tudo isto o VAB da indústria
transformadora passou de 28,3% do PIB em 1986, para 13,8% em 2011 – caindo em
2012, 3,2% relativamente a 2011.
Mas a realidade é coisa que não afeta os ideólogos neoliberais, a
realidade para esta gente tem de ser – de acordo com a escolástica medieval - uma
cópia das ideias.
Investimento estrangeiro é a grande solução que a direita tem para o
desenvolvimento do país, pois plano económico e investimento público são
blasfémias e pecados mortais na sua teologia. Quanto ao grande capital privado não
investe, está-se nas tintas, leva os lucros para o estrangeiro e joga na especulação
e agiotagem com a dívida pública.
Mas para o investimento estrangeiro “é preciso criar condições”, é
preciso “atrair o capital”. Sem contraditório – e muito menos decoro -
aponta-se o exemplo da Irlanda, o que mostra bem o nível a que esta gente já desceu.
Ou seja, baixar impostos ao capital, dar subsídios, facilidades, mão-de-obra
barata, qualificada e sem direitos – para o que continuam a tratar disso como a
colaboração e empenho da direção da UGT, sempre em nome do “crescimento”.
Qual o resultado? Saída de lucros e rendimentos, no período 2000-Nov/2012 foram
transferidos para o estrangeiro 175.398 milhões € (mais que o PIB anual);
Portugal já é na UE a seguir à Irlanda o país que maior percentagem de riqueza
criada transfere para o exterior. Além disto, o capital estrangeiro compra de
empresas existentes para fechar partes que possam fazer concorrência com outras
unidades suas – o que se passou com a ex-Sorefame é exemplar, ou “deslocalizar” como
na indústria eletrónica, de componentes para automóveis, metalo e eletromecânica,
(ex-Sepsa, por exemplo), etc.
Ou seja, pretendem "reindustrializar", acentuando as medidas que levaram à desindustrialização.
Mas o capital estrangeiro deu ao país esta semana mais uma lição das
vantagens do investimento que estes governos tanto acarinham, o fecho de uma
empresa em Oeiras, pondo no desemprego – despedir é fácil é barato e dá milhões
– uma centena de trabalhadoras, “deslocalizando-se” para…a Tunísia.
Eis a globalização capitalista em pleno: nivelar cada vez mais por baixo.
Não são os países mais pobres que progridem, são os de rendimentos acima destes
que têm de baixar.
Como escreveu Noam Chomsky em A Globalização
Excludente “ Milhões de
crianças morrem cada ano porque os ricos recusam-lhes alguns centavos de
ajuda”.
Quanto a “exportar mais” é outro um argumento para a competitividade
pelos salários, que muito agrada à oligarquia monopolista indiferente à procura
interna, pois aloja-se em sectores de grande rigidez na procura, aumentando assim
os seus superlucros,
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