PIB caiu 4% no
1º trimestre do ano
1.
Depois de no passado dia 15 de Maio ter
divulgado as estimativas rápidas do PIB, o INE veio hoje divulgar os resultados
das Contas Nacionais Trimestrais referentes ao 1º trimestre do ano. A
informação estatística entretanto disponibilizada permitiu ao INE, não só a
rever a anterior estimativa do PIB, como apresentar estimativas para a evolução
no 1º trimestre do ano das diferentes rubricas da Despesa: Consumo Público,
Consumo Privado, Investimento, Procura Interna, Exportações e Importações.
2.
A nova informação disponível obrigou o INE a
rever em baixa a evolução do PIB no 1º trimestre, comparativamente com o
trimestre homólogo e com o trimestre anterior. As novas estimativas apontam
agora para uma queda do PIB de 4% em termos homólogos, em vez dos anteriores
3,9% e para uma variação em relação ao trimestre anterior de -0,4% em vez dos
anteriores -0,3%.
3.
A forte queda do PIB nos 1ºs três meses do ano
deveu-se de acordo com o INE, à quebra acentuada da Procura Interna, que caiu
em termos homólogos 6,3% e à estagnação das Exportações, com uma variação de
apenas 0,1%. A acentuada queda das Importações no 1º trimestre do ano (-6,4%)
induzida pela queda da Procura Interna impediu um maior descalabro na evolução
do PIB.
4.
A evolução acentuadamente negativa da Procura
Interna no 1º trimestre do ano deveu-se ao contributo do Investimento que neste
período caiu 16,8%, enquanto o Consumo Privado e Público na linha do que vinha
acontecendo em trimestres anteriores, continuaram os seus percursos de queda em
torno dos 4%.
5.
Uma análise mais fina do comportamento do
Investimento no início do corrente ano, permite-nos concluir que o maior
contributo para a queda registada veio do Investimento em Construção, que caiu
25,7% e do investimento em Outras Máquinas e Equipamento que caiu 5,7%.
6.
Refira-se ainda que de acordo com o INE, o
emprego total no conjunto da nossa economia caiu no 1º trimestre 5,2%, ou seja
em relação ao 1º trimestre do ano passado foram destruídos na óptica das Contas
Nacionais 244 300 empregos e desde a assinatura do Pacto de Agressão foram
destruídos 434 800 empregos.
7.
Estes dados sobre a evolução do emprego em
termos trimestrais e na óptica das Contas Nacionais mostram-nos que em termos
homólogos há 17 trimestres consecutivos, isto é, desde o 1º trimestre de 2009,
o emprego vem caindo. Como resultado desta contínua quebra no emprego, desde o
início de 2009 foram destruídos em Portugal 609 mil postos de trabalho.
8.
Uma última nota que me parece relevante tendo em
conta a próxima discussão do Orçamento Rectificativo para 2013. De acordo com
os dados agora divulgados o deflator do PIB no 1º trimestre do ano foi de 0,5%.
Ora o Governo corrigiu neste Orçamento não apenas a sua previsão do PIB para
2013 – estimava uma queda de 1% e agora estima uma queda de 2,3% - mas decidiu
também corrigir o deflator do PIB – estimava um deflator de 1,3% e agora estima
um deflator de 1,8% -. Esta alteração no deflator do PIB não se entende, porque
no 1º trimestre esse deflator está nos 0,5% e porque se estima uma queda da inflação
para 2013. No orçamento rectificativo essa estimativa da inflação é de 0,7%.
Curiosamente a OCDE nas suas mais recentes previsões estima uma queda do
deflator do PIB de (-0,4%). A sensação com que ficamos é que o Governo pretende
nesta fase compensar a maior queda prevista para o PIB com uma maior subida do
seu deflator. Desta forma a preços correntes a estimativa de queda do PIB é bem
menor e o seu efeito no agravamento do rácio da dívida pública e do défice
orçamental também.
CAE, 5 de Junho
de 2013
José Alberto
Lourenço
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