Escreveu Mike Whitney: A recessão na Europa persistirá até que as
elites da UE alcancem o seu objetivo, que consiste em dizimar o modelo social
que proporciona cuidados de saúde, pensões a proteção laboral para os 17
membros da Eurozona. É disto que se trata. Uma vez que os trabalhadores da UE
tenham sido reduzidos à pobreza do terceiro mundo, então os fazedores desta política
voltarão a uma estratégia pró-crescimento, mas não antes (1)
Não há qualquer
ajustamento económico, trata-se apenas do prosseguimento de medidas orçamentais
recessivas. Não há qualquer criação de emprego, apenas mais falências,
desemprego e despedimentos massivos na função pública desestruturando o
funcionamento do Estado nas áreas sociais e económicas.
Não há rigor
orçamental, chamam “rigor” a medidas recessivas e antissociais. A evidência
mostra que estas políticas têm conduzido ao sucessivo agravar dos défices e do
endividamento. Mas o governo e o PR voltam costas à realidade com que o país se
debate e (cada um à maneira) vão dizer baboseiras (que outro nome poderemos dar) para a UE, dado que são de nulo efeito.
As privatizações
anunciadas como promotoras da eficiência e do desenvolvimento, proporcionaram a
criação de rendas monopolistas, levaram à desindustrialização e ao crescente
endividamento. O fecho anunciado da SN é um dramático exemplo deste descalabro.
Representaria um retrocesso de décadas, consagrando o arrastar do país para o subdesenvolvimento. A precariedade aumentou através das formas mais selvagens
de exploração por via do falso trabalho independente, trabalho à peça/semana,
trabalho clandestino, etc., tendo diminuído o emprego estável.
Mas tudo isto, incluindo a recessão, faz parte de um
plano: a servidão pela dívida conduzida pelo novo feudalismo financeiro (a sua
existência baseia-se na extração de rendas) proporcionando mão-de-obra barata e
sem direitos, para que as megaempresas
transnacionais dos países capitalistas dominantes possam agir
discricionariamente, como é seu uso.
As teses neoliberais assumem que em
regime de mercado livre salários e preços tendem a igualizar-se através da
economia global – são os designados mecanismos de “equilíbrio automático”.
Não se demonstra porém a que nível de
subsistência ou mesmo sobrevivência os salários encontrariam este “equilíbrio”
teórico e que equilíbrio social existiria – pois os fatores sociais são
ignorados ou considerados “imperfeições” do mercado.
Este sistema, não apenas este governo, não corresponde às
necessidades das populações deve ser posto em causa e substituído por um
governo que defenda os valores constitucionais, compatibilizando crescimento
económico com desenvolvimento humano.
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