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30 de outubro de 2013

Os sinais da dita recuperação !

A economia está a cair desde 2010. Caiu em 2011e 2012 e vai cair 2013 ! Apesar da base de partida do PIB ser cada vez mais baixo , em 2014  com grande probabilidade também não cresceremos . A estagnação vai continuar e por muitos anos acompanhada de sucessivas medidas de concentração da riqueza ditas de austeridade .
Os "charlatões" da economia deviam explicar como é que o país vence a crise com o peso do serviço da dívida , com um euro forte e com a necessidade de ir aos mercados para se financiar- tal como no século dezanove -pois como se sabe o BCE ao contrário da generalidade dos bancos centrais não financia os Estados ! Só os bancos e a taxas de 0,5% !
Só à paulada !

Ganhar Dinheiro !

Hoje na apresentação de resultados do seu banco o banqueiro Ulrich disse que o que lhe interessa é ganhar dinheiro .
Acrescentou ainda que o Orçamento apresentado pelo governo era um bom Orçamento !
Ulrich fala verdade !
Este é de facto um bom Orçamento para ele ganhar muito dinheiro à custa dos contribuintes , à custa do roubo feito aos trabalhadores aos pensionistas e reformados , à custa de milhares de pequenos e médios empresários !
Até quando ?

O PAÍS “NORMAL” DE CAVACO SILVA

Aparentemente a lucidez do PR começa a levantar dúvidas. Será que sabe mesmo o que diz? Vejamos, diz que é necessário “prosseguir o programa de ajustamento, para ir aos mercados e permitir o crescimento e o emprego”. Mas tudo isto é contraditório.
Dois anos e meio de ajustamento e o país está pior do que estava sob todos os aspetos. Os “mercados” puseram o país no “lixo” e não têm intenções de o tirar de lá, os juros são uma proporção cada vez maior do PIB e do défice; recessão, desemprego, falências são o resultado obtido com o “ajustamento”.
Que diz o PR? Prosseguir…para regressar aos “mercados”. Mas os “mercados” não são nenhuma solução, são o problema!
Para o PR o país tem de parecer normal aos “mercados”. Um país normal?! Um milhão de desempregados nos dados oficiais (milhão e meio efetivos), mais metade sem receber subsídio, emigração em larga escala, dezenas de falências de MPME por dia, défice e dívida descontrolados, sucessivas revisões do OE, retroatividade de cortes em reformas atribuídas, constante redução de salários e aumento de impostos sobre a população, generalizada precariedade, aumento da pobreza e desigualdades, montante dos juros superior ao défice previsto para 2014.
Normal é, pois, os sucessivos OE serem anticonstitucionais. Normal é o governo governar contra a Constituição, errar tudo o que prevê, mentir no que promete e não haver eleições que reponham uma real normalidade democrática.
E tudo isto é um êxito, é “normal” e tem de prosseguir…com serenidade. Isto é, as pessoas deixem de pensar, de exercer a sua cidadania e direitos, paguem e calem-se. Senão…ai os “mercados”, o que será de nós!
A DIREITA POLITICAMENTE ATACADA DE DOENÇA BIPOLAR
A direita está como aqueles seres mentalmente perturbados daquelas tragédias de Shakespeare em que aparecem fantasmas, neste caso são os “mercados”.
A direita tem sucessivos ataques de agorafobia, entra em pânico, vislumbrando ficar perdida em situações sem conseguir ajuda …dos “mercados”.
Mais grave, são os sintomas de doença bipolar: ora estamos sem soberania, somos um protetorado devido ao programa da troika, temos que nos libertar da troika, ora se trata da “ajuda” pelos mesmos reclamada, negociada, aplaudida como a salvação para a qual era necessário fazer mais ainda. Ora é para cumprir custe o que custar, ora estamos a fazer sacrifícios, a ter medidas muito duras e, como dizia a ministra das finanças, “queríamos ter um défice menor, mas os mercados não deixaram”. Porém, no momento seguinte regressar aos mercados é apresentado como a via para o paraíso!
Os comentadores de serviço estão atacados da mesma doença, num momento há criticas ao governo, no outro dizem que está a fazer o que tem de ser feito.
O governo vive alternâncias ciclotímicas de euforia ora como o “sucesso” da ida aos “mercados” e de um sazonal acréscimo no PIB, ora transmitindo depressão e pânico pela ação do TC ou se for criada “instabilidade”, que ele próprio nos dois casos origina.
As jornadas parlamentares do PSD-CDS, exaustivamente propagandeadas na TV, foram dos mais completos indícios de esquizofrenia vistos na cena política. O governo transmitiu durante um dia, como se não tivesse mais nada que fazer, perante uma plateia apática e seguidista, as suas alucinações, ilusões e crenças falseadas da realidade.
Estas “jornadas parlamentares”, mais a normalidade que o PR assume, recorda-nos aquela frase de Shakespeare, no Hamlet: “Life is a tale, plenty of sound and fury told by an idiot and meaning nothing”…

29 de outubro de 2013

«Milagre» económico ?!...

Esta manhã julgo ter tido uma alucinação.
Estava a ver umas notícias na TV - a ver como «vão as coisas» no mundo virtual que eles criam para nós  e antes de ir fazer uma salutar marcha matinal - e julgo ter «ouvisto» uma personagem identificada como «ministro da economia« falar de um «milagre económico» criticando a «oposição» (o «principal partido da oposição» dizia a personagem...) por se recusar - esse tal «partido da "oposição"» - a reconhecer os sinais de que estávamos a sair da recessão (o tal «milagre económico»).
Como será que vamos sair deste manicómico?

26 de outubro de 2013

Que candura

Na apresentação dos resultados do Banco Espírito Santo o seu presidente respondendo a um jornalista
afirmou com voz pesarosa : o chumbo do Tribunal Constitucional levaria a um segundo resgate e isso seria o pior que nos poderia acontecer....
Mais um a fazer pressão sobre o Tribunal Constitucional numa postura de aparente consternação e neutralidade. O mesmo que se esqueceu pela terceira vez de declarar rendimentos no IRS... Que candura de criatura !

25 de outubro de 2013

OS REFORMADOS E OS AGIOTAS

A sra. ministra das finanças, com aquele ar de menina mimada que deve achar, como a D. Jonet, que os pobres só o são por gastarem de mais e não se esforçam de menos, ficou chocada por o deputado Paulo Sá ter referido os juros agiotas a que o país está sujeito.

Para ela, e para o PSD, será muito justo e equitativo, juros de 6, 7% ou mais, nos empréstimos, porém, não é “justo nem equitativo”, os funcionários públicos não poderem ser despedidos da mesma forma que os empregados de empresas privadas nas palavras do sr. Luís Montenegro, uma das maiores banalidades retóricas que já passaram pelo Parlamento, mas também o que se esperava para “defender” este governo…Enfim, para esta gente justiça e equidade é a precariedade geral que está em marcha.

Dizia então a sra. ministra:“o sr deputado está a chamar agiotas a fundos de pensões” de reformados. Vê-se que da vida só sabe o que aplicadamente – e com sucesso – decorou dos srs. Friedman e Hayek.
É preciso muita “ingenuidade” para não saber que os tais fundos de pensões são uma mistura de produtos financeiros manipulados pelos agentes da finança, o que inclui  conluios na fixação das taxas de juro, lavagem de dinheiro dos cartéis da droga, etc., ilegalidades e fraudes. Entre estes produtos incluem-se os chamados “derivados” e os empréstimos aos Estados, como o português. Entre a agiotagem e os "fundos" das reformas" há pois uma grande distância.
Na prática, nestes fundos, os reformados não têm garantias quanto ao que vão receber no futuro e se vão receber, como já aconteceu, por exemplo nos EUA. Na melhor das hipóteses receberão o que lá colocaram com uma percentagem mínima à volta da inflação.
Estes fundos, são na realidade uma forma (mais uma) de pôr uma massa enorme de capital na mão da finança para esta aplicar na sua economia de casino.
Note-se ainda que a sra. ministra mostra-se mais preocupada em defender as reformas de uma certa camada abonada, sobretudo de alemães, holandeses, austríacos, etc., do que com os pensionistas e reformados do seu país. Estes podem empobrecer para que a especulação e a agiotagem se mantenha.
A resposta da sra. ministra ou a diatribe do sr. Luís Montenegro, mostra o nível de degradação já não apenas ideológica, mas cívica que a direita atingiu.
Note-se que, segundo o OE para 2014, o pagamento de juros incluindo Administrações Públicas, em 2013 atingiu 8 405,9 milhões de euros (86% do défice do Estado), prevendo-se em 2014, 8 174,8 milhões de euros, o que daria para o défice previsto (se fosse para acreditar) 120%.

24 de outubro de 2013

A execução Orçamental e a propaganda do governo designadamente na RTP


Sobre a Execução Orçamental nos primeiros nove meses de 2013

1. Com a execução orçamental dos três primeiros trimestres do ano agora concluída,

fica claro um agravamento do défice da Administração Central e da Segurança Social

de perto de duzentos milhões de euros comparativamente com igual período do ano

passado, agravamento que só não é superior porque a evolução da despesa com

pessoal na Administração Pública está subavaliada pelo não pagamento do subsídio de

férias de grande parte dos trabalhadores, reformados e pensionistas da Administração

Pública e porque a receita fiscal sobe quase mil e duzentos milhões de euros devido ao

enorme aumento da receita do IRS (+30,6% nos 1ºs nove meses do ano).

2. A forte subida da receita fiscal nos 1ºs nove meses do ano (+4,6%), não resulta no

entanto do tão desejado e tão anunciado aumento da actividade económica, pois

as receitas dos impostos indirectos (em especial IVA e imposto sobre combustíveis)

associados directamente ao desenvolvimento da actividade económica caíram 5,5%

neste período.

3. Não deixa de ser significativo numa altura em que o Governo refere o aparecimento 

de sinais claros da retoma da actividade económica, que a receita do Imposto Sobre 

o Valor Acrescentado (IVA) tenha caído 128 milhões de euros nos 1ºs nove meses do 

ano, comparativamente com igual período do ano passado. Como sinal de retoma da 

actividade económica não podia ser encontrado melhor indicador.

4. Os resultados do enorme aumento da carga fiscal sobre os trabalhadores e

pensionistas, com um aumento de 30,6% do IRS nos 1ºs nove meses do ano

confirmam a nossa afirmação de que este Governo aposta no agravamento

exponencial da injustiça fiscal, com os rendimentos do trabalho com uma cada

vez maior carga fiscal e os rendimentos do capital a ser cada vez menos taxados. A

reforma do IRC irá ainda aprofundar mais a actual injustiça.

5. Estes dados mostram também que a despesa da Segurança Social com o subsídio

de desemprego subiu 9,4% nos 1ºs nove meses do ano (+ 178,7 milhões de euros),

apesar dos cortes nos seus montantes e prazo de duração, em si mesmo testemunho

da degradação da situação social, enquanto a recessão económica se reflectiu na

estagnação das receitas das contribuições e quotizações arrecadadas.

6. Se alguma dúvida havia quanto às insuficiências da execução orçamental a

apresentação do 2º orçamento rectificativo clarifica essa questão. O Governo perante

o descalabro dos resultados obtidos viu-se obrigado a avançar com um regime

excepcional de regularização de dívidas fiscais e contributivas e a cortar ainda mais nas

despesas de investimento.

7. Apesar do enorme aumento de impostos a apresentação da 2ª revisão orçamental do

OE para 2013 mostra-nos que o défice orçamental no final de 2013 será igual ao de

2012, ajustado de operações temporárias (-5,8%).

8. Os dados da execução orçamental mostram claramente a necessidade de se

interromper rapidamente as políticas que têm vindo a ser seguidas sob pena da espiral

recessiva se vir a aprofundar ainda mais, com mais desemprego, mais recessão, mais

défice orçamental e mais dívida pública a sucederem-se uns atrás dos outros.

24 de Outubro de 2013

José Alberto Lourenço (CAE)

23 de outubro de 2013

Do protetorado da Troika ao protetorado do BCE


OS CATA-VENTOS

Clara Ferreira Alves, na Revista do Expresso de 19.10.2013, e Miguel Sousa Tavares, no mesmo jornal, vêm de uma forma mais ou menos explicita  culpar os partidos que chumbaram o PEC IV,  pelo plano de resgate e pelos sucessivas medidas de austeridade que lhe seguiram

Estas boas almas não se dão conta que se houve PEC IV é porque houve o PEC I, PEC II e PEC3 e se Sócrates continuasse, mesmo que não tivesse havido “resgate” o que teríamos era a política da troika sem troika à espanhola, com um PEC V, PECVI , PEC VII...

Ou a política de Sócrates era diferente da que tem vindo a ser seguida... submissão ao capital financeiro, submissão ao grande capital?

Ou já nos esquecemos dos favores ao Espírito Santo, negociata da venda da VIVO, of echar de olhos   a que os impostos fossem pagos na Holanda, a nacionalização do BPN, o aval ao BPP, os empréstimos da CGD com pressão do governo ao Joe Berardo, etc., etc., etc.!
É certo que agora Sócrates fez «mea culpa» e critica a política de austeridade, mas enquanto governo foi um diligente executor da política neoliberal...

Um programa cautelar


Portas, esse grande “defensor” das pequenas e médias empresas e que agora no governo com a sua política ao serviço do Banca e dos grandes grupos económicos, as liquida e enterra às centenas diz agora, para se desculpar, que estamos em regime de protectorado! E acrescenta que com um programa cautelar recuperaremos a nossa soberania económica!
Um trapaceiro é sempre um trapaceiro, quer esteja na oposição quer esteja no governo.

Com um programa cautelar estaremos na mesma sujeitos às imposições não do FMI, mas do BCE. É a continuação das políticas da troika, sem troika à espanhola. É a continuação das “políticas de austeridade”, isto das políticas de concentração de riqueza e  de consolidação e desendividamento da banca à custa dos contribuintes.
Passaremos do protectorado da troika para o protectorado do BCE!






ULRICH

Talvez por isso o Sr. Ulrich tenha afirmado com toda a clareza que para ele tanto lhe faz um resgate como um programa cautelar, o que lhe interessa é que se continue no bom caminho. Leia-se no caminho de desendividar a Banca à custa dos contribuintes. Clarinho!





Os cães de guarda


O novo director de informação da RTP, um Yes Men do PSD, fez um acordo com o Diário Económico jornal que está agora transformado num pasquim de propaganda do governo. Agora só se vêem notícias do DE, entrevistas feitas na RTP, DE e Antena1, no mesmo combate de desinformação e charlatanismo económico a começar pelo director do Diário Económico, sempre pronto a apanhar o comboio que está na frente.

Ontem realizou uma Conferência com banqueiros (Diário Económico, Antena1, RTP)sobre o estado da economia.
O título da notícia é sugestivo: «Banca apela a consenso nacional para a verdadeira reforma do Estado»

Escondem-se sempre por detrás dos chavões “reforma” ou “medidas estruturantes”, nunca chamando os bois pelos nomes.
O que é que  entendem por reforma do Estado? Digam lá.
Privatização da saúde, do ensino, da segurança social...
É isso que querem mas não têm coragem de  dizer....



Ainda a Banca

Num debate realizado ontem entre Nuno Amado do BCP e Faria de Oliveira estes , fazendo de «virgens ofendidas» criticaram o Barclays, considerando inexplicável a queixa apresentada no ano passado por este banco na Autoridade da Concorrência e que até agora não teve qualquer andamento, sobre a existência de um”cartel”  nas taxas no crédito à habitação....
Até agora a dita Autoridade para a Concorrência assobiou para o lado

22 de outubro de 2013

Algumas notas sobre o O.E. para 2014



1. 90% dos trabalhadores do Estado (funcionários públicos e trabalhadores das

empresas públicas) cerca de 685 mil trabalhadores, vão sofrer um corte nos

seus salários que variará entre os 2,5% para os trabalhadores com salários

de 600 euros e os 12% para os trabalhadores com salários superiores a 2000

2. Com este corte são particularmente penalizados os trabalhadores com salários

entre 600 e 1500 euros mensais, cerca de 40% do total dos trabalhadores do

Estado (305 mil trabalhadores), trabalhadores que mantiveram os seus salários

congelados em 2011, enquanto os salários superiores a 1500 euros sofreram

3. O salário médio mensal praticado na Administração Pública que desde 2011

estava sujeito a um corte salarial de 3,5%, vê esse corte agora mais do que

duplicar e passar para 9,3%. Na prática o corte salarial anual para estes

trabalhadores é equivalente a mais do que um salário mensal.

4. Para os trabalhadores do Estado com salários entre os 1800 e os 2000 euros, o

corte salarial mais do que triplica em relação a 2011;

5. Os cortes na despesa do Estado em 2014 passarão para além dos cortes

salariais, pelo aumento do horário de trabalho, pela redução de efectivos

por aposentação, pela redução do trabalho suplementar, pela execução

de programas de rescisão por mútuo acordo, pela utilização do sistema de

requalificação de trabalhadores, pelas reformas estruturantes no sistema

educativo, por outras medidas sectoriais, pela reforma hospitalar e optimização

de custos na área da saúde, pela redefinição de processos nas áreas da

segurança e da defesa, pela convergência da fórmula de cálculo das pensões

da CGA com as da Segurança Social, pelo ajuste da idade de acesso a pensão de

velhice com base no factor de sustentabilidade e pela introdução de condição

de recurso nas pensões de sobrevivência;

6. 82% do impacto esperado com as medidas de austeridade (3184 milhões

de euros) resulta de cortes na despesa do Estado com apenas 18% a

resultarem de medidas com impacto sobre o aumento da receita (aumento de

impostos, aumento das contribuições para a ADSE, aumento da contribuição

extraordinária sobre o sector bancário, contribuição extraordinária sobre o

sector energético);

7. 302 mil aposentados, cerca de 50% dos actuais cerca de 610 mil aposentados

do Estado, irá sofrer um corte médio de 10% com a convergência das pensões

da CGA com as pensões da Segurança Social. Estima-se que o impacto bruto da

convergência de pensões da CGA seja de cerca de 728 milhões de euros;

8. Os cortes de 100 milhões de euros nas pensões de sobrevivência irão afectar

pensões acima dos 419 euros;

9. Mais de 1 milhão de trabalhadores e pensionistas do Estado serão afectados

com estes cortes nos salários da Administração Pública e da CGA;

10. Se 82% do valor das medidas de austeridade, cerca de 3200 milhões resultam

de cortes da despesa do Estado, (cortes na função pública, reformados,

educação e saúde), só 4% resultam de taxas sobre a banca, as empresas

petrolíferas e as redes de energia; Este é o OE que uma vez mais ataca os

trabalhadores e os rendimentos e protege o grande capital;

11. Perto de 2/3 do valor das medidas de austeridade cerca de 2211 milhões são 

directamente suportadas por cortes nos salários e pensões dos funcionários 


públicos e aposentados da CGA;


12. Após um ano de 2013 em que se registou um enorme aumento do imposto 


sobre os rendimentos do trabalho (IRS) +28,2%, +2564 milhões de euros, o 


Governo ainda não satisfeito quer em 2014 arrecadar +426 milhões de euros 

de IRS +3,5%. Ao mesmo tempo a taxa de IRC vai baixar 2 pontos percentuais o 

que vai custar pelo menos 70 milhões de euros ao Estado. Enquanto o IRS não 

para de subir, o IRC baixa;

13.Enquanto os pensionistas e aposentados sofrem um corte de 100 milhões de 

euros nas suas pensões de sobrevivência, o Governo quer devolver 70 milhões 

Enquanto em 2011 os trabalhadores 

portugueses já pagavam de IRS quase o dobro do IRC pago pelas empresas, em 

2014 com este Orçamentos os trabalhadores portugueses irão pagar de IRS 

quase o triplo do IRC pago pelas empresas

de euros de IRC aos grandes grupos económicos;

14. Ao mesmo tempo que aumenta os impostos sobre os rendimentos do trabalho 

o Governo reduz a carga fiscal sobre os rendimentos do capital. Entre 2011 

e 2014, se este Orçamento de Estado for aprovado, o Estado irá arrecadar 

anualmente mais 2 mil milhões de euros de IRS ao mesmo tempo que cobrará 

menos 745 milhões de euros de IRC..

15. Em 2014 o Governo ao mesmo tempo que quer baixar a taxa nominal de IRC

de 25 para 23%, dá mais tempo às empresas para abater prejuízos fiscais,

reduz o limite máximo desses prejuízos que as empresas podem apresentar

anualmente, alarga o tipo de despesas de actividade que podem ser abatidas

ao IRC, introduz um lucro fiscal de 10% para lucros reinvestidos e isenta de IRC

a recepção e exportação de dividendos;

Qual o valor do multiplicador que utilizaram ?


Os famosos e científicos multiplicadores orçamentais.


Lembram-se que o FMI em Junho deste ano fez uma autocrítica pela voz de Olivier Blanchard, economista chefe do FMI, reconhecendo que o Fundo tinha subestimado os «multiplicadores orçamentais» que procuram medir sobre o crescimento o efeito das medidas de austeridade?
Reconheceram a subestimação para a Grécia, como para Portugal.
O multiplicador afinal não era de 0,8 mas 1,5 !!!

Agora para 2014, o governo com a bênção do FMI (troika), diz que vai cortar 4 mil milhões e que terá um crescimento de 0,8%!!!
Assim sendo, cabe perguntar ao 1º Ministro, Ministra das Finanças e Ministro da Economia, bem como ao FMI, qual  multiplicador é que usaram.
Certamente será um multiplicador negativo!!!
Vamos ter Prémio Nobel da economia para este quarteto.
Cortam 4 mil milhões ao défice e aumentam 0,8 ao crescimento.Certamente com um multiplicador de menos 0,6 ou...
Uma maravilha que só grandes economistas conseguiam descobrir.
Prémio Nobel bem merecido. Já !

A Propósito de Keynes e do Desemprego - 2

Olhando para a literatura actualmente disponível sobre a problemática dos tempos de trabalho (livros, artigos, ensaios, estudos e relatórios), verifica-se algo de muito curioso: o tema dos tempos e horários de trabalho óptimos para as empresas, para os trabalhadores ou para a sociedade em geral, era um tema amplamente discutido, e também por economistas de referência, há uns cem anos atrás.
A coisa era tema de debate e de estudo por parte de «comissões parlamentares» e havia polémicas várias e diversas sobre as vantagens para uns e as desvantagens para outros. Debatia-se também a hipótese de saber se haveria ou não uma qualquer relação de causa e efeito entre a redução dos tempos de trabalho e o aumento do volume de emprego. Ou então, e ainda se a redução do horário diário de trabalho acabava por afinal contribuir (ou não...) para o aumento da produtividade, na medida em que, com mais tempo de descanso os trabalhadores acabavam por render mais em «meia-duzia» de horas de trabalho afincado e atento do que, por exemplo, em dez horas de trabalho monótono ou desinteressado.
Havia estudos empiricos efectuados por sociólogos e economistas que eram então alvo de debate público e institucional. Estamos aqui a falar de há cem anos atrás. 
Entretanto, por via das contradições do sistema capitalista e da concorrência entre as principais potências económico-militares pela conquista de mercados e a necessidade de escoar os respectivos excedentes económicos (nem que fosse por meio da sua destruição maciça...), tivemos depois a chamada «Grande Guerra» (a mundial, a primeira...) à qual se seguiu uma Segunda Guerra Mundial, depois de um interregno de vinte anos, tempo esse também amplamente preenchido por muitas guerras e guerrinhas localizadas.
Os muito numerosos exércitos de «cidadãos em armas» assim como a necessidade de fabricação extensiva de armanentos e munições, assim como a fabricação de tudo e mais alguma coisa que é necessário para manter os ditos exércitos em funcionamento, foram tudo factores mais do que suficientes para resolver (ou melhor, adiar...) o problema fundamental do desemprego sistémico. O esforço de reconstrução de tudo aquilo que tinha sido destruído assim como o aproveitamento industrial de uma série de avanços ciêntíficos e inovações tecnológicas originadas durante a guerra, tudo com elevado grau de iniciativa e extensa participação e liderança por parte das autoridades estatais, vieram contribuir, de modo decisivo, para manter afastadas – do mundo das precocupações dos economistas de serviço - quaisquer preocupações mais ou menos aprofundadas com o «nível de emprego».
No que diz respeito aos diversos factores que determinam, condicionam, ou influenciam o nível geral do emprego (e por tabela a questão da carga laboral ou do «tempo normal de trabalho» a isso associado), as preocupações concentravam-se já não no nível global ou sistémico, mas apenas no estudo ou reflexão sobre quais as mais adequadas explicações para as oscilações conjunturais ou sazonais no nível de emprego.
Os contributos «teóricos» mais significativos, nesses «gloriosos anos» da reconstrução do pós-guerra, terão sido, por um lado, a chamada «Curva de Phillips» (uma suposta relação inversa entre o nível da inflação e o grau de desemprego) e, por outro lado, a chamada «Lei de Okun». Esta «lei» (uma interessante, mas datada, constatação empírica) dizia-nos basicamente que as empresas, para se ajustarem ao nível da procura, despedem mais rápidamente do que admitem pessoal. A coisa parecia cifrar-se nos números seguintes: depois de despedirem pessoal (por razões de conjuntura económica desfavorável) as empresas, em média, esperariam que a economia crescesse dois por cento (por exemplo) para que o nível geral de emprego crescesse um por cento (também por exemplo). Vendo a coisa ao contrário, uma outra forma de colocar a questão será dizer que, em consequência daquele comportamento das empresas, a cada aumento de 1% no desemprego, corresponde um decréscimo de 2% no produto interno bruto do país em causa.
Para continuar a discorrer...

21 de outubro de 2013

Políticas de austeridade ou de concentração da riqueza '

BENDITA A CRISE !
Mesmo com o crescimento da riqueza mundial, a desigualdade social continua com índices elevados. Os 10% mais ricos do planeta detêm atualmente 86% da riqueza mundial. Destes 0,7% tem posse de 41% da riqueza mundial. 

Veja no gráfico abaixo a pirâmide da riqueza. Apenas 0,7% da população detém US$ 98,7 trilhões de dólares:

19 de outubro de 2013

A Propósito de Keynes e do Desemprego - 1

O problema de maior gravidade social que aflige (cada vez mais) as sociedades industrializadas é o do desemprego. Não é foi por caso que a obra mestra de John Maynard Keynes se intitulava «Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro»...
Num outro trabalho, Keynes - o tal que procurava «salvar o capitalismo» da ganância ou "erros" dos próprios capitalistas - e a propósito do tempo de trabalho, diz-nos esta coisa deliciosa: 

«But beyond this, we shall endeavour to spread the butter thin on the bread – to make what work there is still to be done to be as widely shared as possible. Three-hour shifts or a fifteen-hour week may put off the problem for a great while. For three hours a day is quite enough to satisfy the old Adam in most of us! »
Ou em "jargão" lusitano, "Mas para além disso, deveremos "espalhar mais finamente a manteiga pelo pão" - divir o mais amplamente possível o trabalho que ainda tenha que ser feito . Turnos de três horas ou uma semana laboral de quinze horas poderá adiar o problema por muito tempo; pois que três horas de trabalho por dia é mais do que suficiente para satisfazer o Adão que há em cada um de nós». 
John Maynard Keynes
Economic Possibilities for our Grand Children

Por outro lado qualquer observador minimamente atento já percebeu que estamos – de há uns anos a esta parte – perante uma crise de sobreprodução. Há casas a mais, há automóveis a mais, há roupas a mais, há brinquedos a mais, há de tudo «a mais»... Só não há é «empregos a mais», nem o respectivo poder de compra efectivo que pudesse resultar desses mirabolantes «empregos a mais»... E daí também as sempre renovadas tentativas de vendas a crédito e os saldos e promoções de tudo e mais alguma coisa.
Neste contexto, talvez seja chegado o tempo de pararmos e reflectir um pouco sobre se estamos (ou não) a «trabalhar demais». Ou seja, a produzir de demais... Pelo menos em relação ao poder de compra efectivo que os sistema vai gerando
Ou ainda de reflectir sobre se estamos ou não chegados à situação histórica de reclamar com firmeza e insistência por uma redução drástica, sistemática e sistémica do tempo de trabalho mercantil.
Entretanto, desde sempre, desdes os primórdios do sistema capitalista que os empresários capitalistas, muito naturalmente e seguindo (mesmo que «cegamente») as regras impostas pela lógica da concorrência, sempre se opuseram a quaisquer reduções dos horários (diários, semanais, anuais...) de trabalho. 
Os empresários sempre tiveram a noção de que era vitalmente necessário para os seus interesses (o máximo de lucros para um máximo de acumulação) aproveitar ao máximo a força-de-trabalho que estivesse disponível ser utilizada.
Claro que depois era preciso vender os produtos e para isso era preciso que houvesse poder de compra da parte de quem tinha efectuado a produção. Mas isso já outra história. 
Vamos agora e aqui cingirnos à questão dos tempos de trabalho. Ao princípio – há uns dois séculos atrás - os empresários capitalistas e os seus mandatários e ideólogos de serviço limitavam-se a argumentar contra a redução dos tempos de trabalho numa base de que «seria o fim do mundo»... seria «a ruína de muitas (se não mesmo de todas) as empresas», e então é que «não haveria emprego para ninguém»...

(para continuar... espero!...)



17 de outubro de 2013

Cortes nas despesas dizem eles !!!



CORTE NAS DESPESAS
DIZEM ELES!!!


Os papagaios neoliberais com assento reservado nas TV's, engalanados com títulos académicos repetem que este devia ter sido o 1º Orçamento e não o terceiro, porque agora é que se está a cortar nas despesas!!!A carga de impostos já é excessiva declararam.
Mas estes técnicos formatados pela contabilidade de “vão de escada” ainda não se deram conta de que os cortes nos salários na função pública e nos reformados são na prática e no essencial um imposto, um imposto confiscatório sobre os rendimentos destes  dois universos!

Os trabalhadores da função pública e os reformados e aposentados“” o que sabem é que mais uma vez lhe vão reduzir os salários e as reformas.
Ah! dirão alguns, mas desta vez é pelo lado da despesa!
Serão estas as gorduras do Estado de que falavam
Trafulhas encartados.

Notas


Razões da “austeridade”

Segundo o Orçamento de Estado, o défice em 2013 será de 5,9% do PIB, valor acima dos 5,5% acertado com a troika.
Ora segundo este relatório a injecção no Banif  foi de 700 milhões de euros o que explica parte da derrapagem.
E como vamos cortar a partir de 5,9% do PIB em vez dos 5,5, o esforço de redução ainda será mais pesado.
Para se ter uma ideia do que representa os 700 milhões de euros para o Banif, basta lembrar que o corte nos trabalhadores da função pública pela alteração da tabela salarial é estimada pelo governo em 640 milhões de euros!!!
Resumindo:  640 milhões vão ser retirados à função pública , 700 milhões foram dados ao Banif
Em relação a mais este escândalo   tanto Seguro como  Sócrates  estão caladinhos..  Banif é tabú..
Um dos banqueiros foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo Sócrates.
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Agora que se anda a acenar como medida muito positiva a redução do IRC, é de lembrar também que para a derrapagem do défice orçamental deste ano, 0,1% pontos do PIB são devidos ao super crédito fiscal, isto é, à medida de incentivo ao investimento anunciado no primeiro semestre deste ano!
Mas como revelam os dados oficiais o investimento continua a cair!!!
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Grande lata!
Com ar de Play Boy que faz cara séria o Primeiro Ministro disse ontem sem tremura de voz :-

"Comparado com 2012, o esforço não é maior para pensionistas, nem para funcionários públicos "
Como se os cortes do ano passado não se somassem aos cortes deste ano!
No ano passado foi um brutal aumento de impostos este ano é um brutal corte nos salários e nas reformas!

Como se Fabrica uma Alternância


Como se fabrica uma «alternância»...

Agostinho Lopes
Membro do Comité Central do PCP

A alternância é uma estratégia, estratagema político bem conhecido dos povos, bem sintetizado na expressão «mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma»! Nos sistemas políticos democráticos (nas democracias burguesas) é a forma de assegurar a manutenção da mesma política, nas suas opções estratégicas, eixos estruturantes e medidas, ou seja, o serviço dos mesmos interesses de classe, através da mudança de composição dos titulares do governo, via substituição do partido (ou coligação) que assume o governo e que, anteriormente, era oposição.
Tem sido assim em Portugal nestes quase 40 anos de regime democrático conquistado pela Revolução de Abril.
A alternância tem um objectivo central: negar a alternativa, isto é, que haja uma efectiva alteração de política(s)! E a negação da alternativa exige a «fabricação» da «alternância»!
Um processo que se inicia logo que um novo governo toma posse, ou mesmo antes, pelo menos com a entrada em cena (indiciação) do putativo líder da alternância! Um processo complexo em que convergem a intervenção da força partidária que vai corporizar a alternância e as forças de classe (económicas) dominantes interessadas na continuidade/aprofundamento dessas políticas. Mas também de outros actores e agentes, em que se destaca o sistema mediático, subordinado à lógica da «alternância», quanto mais não seja por ser instrumento do poder de classe contido nos sucessivos governos que vão encarnando a «alternância»!


A negação da alternativa política e da política alternativa

Na fabricação de uma «alternância» afirma-se uma dupla negação: negar a existência de uma política alternativa e negar a existência/possibilidade de uma alternativa política, que depois se desdobram em múltiplas variantes, na assumpção de diversas máscaras.
Uma primeira corresponde a fazer passar as políticas da «alternância» por política alternativa. Mascarar as suas propostas e programa, nomeadamente sobrevalorizando os pormenores, relevando diferenças secundárias, empolando as formas para esconder a identificação dos conteúdos, a defesa dos mesmos interesses de classe. Desvalorizando a política de alianças assumida, ou mesmo o significado de uma proclamada indefinição, ambiguidade.
Mas, essencialmente, anunciando uma pretensa mudança de políticas através da mudança dos protagonistas, do partido do governo, dos ministros (a invenção do «governo sombra»), do 1.º Ministro. Aqui, desempenha um papel central a mistificação eleitoral da «eleição» do 1.º Ministro, onde se concentra, polariza, todo o «conteúdo» da mudança de política prometida pela «alternância».
Outro discurso promotor da «alternância» passa por encerrar, subsumir as possibilidades de reais alternativas políticas, no anel de ferro da «salvação
nacional», do «consenso nacional, superpartidário». Em nome de um suposto «interesse nacional», abstractamente enunciado, acima das classes, das ideologias, dos partidos, tenta-se anular o contraditório, a diferença político-ideológica.
Discurso e políticas que, estranhamente (ou talvez não), em nome da «salvação nacional» põem sistematicamente em causa o único «consenso nacional» existente e escrito, a Constituição da República, e atentam contra a soberania e independência nacionais.
Por outro lado, na negação, desvalorização da existência/possibilidade de uma alternativa política, de uma alternativa de governo (às que encarnam a «alternância»), isto é, da possibilidade de uma convergência de forças sociais e políticas susceptível de configurar um governo para uma política alternativa, a negação desta é um elemento fundamental. Se não há política alternativa, não há corporização possível de governo para a realizar! Só pode existir governo para realizar a política possível, a da «alternância»…
Outra fórmula para eliminar a alternativa política (à alternância) é a aniquilação (mediática/política/semântica) de alguns dos seus possíveis constituintes, com a insistente invocação dos «partidos do arco da governação», do «arco do poder», isto é do PSD, PS e CDS.
Mas o eixo central da negação de uma possível e verdadeira alternativa política tem sido a tentativa de apagamento do campo político-mediático de um potencial protagonista, o PCP.


O cirúrgico apagamento do PCP

É, tem sido, um objectivo estratégico e um esforço persistente da «alternância», do PSD, PS e CDS, das forças de classe do grande capital, a negação do PCP como possuidor de um projecto de política alternativa contraposta à política de direita.
Na incapacidade de o aniquilarem como partido, nomeadamente pelo voto, pelo «abraço de urso» (expressão corrente para designar a aceitação de coligação com a social-democracia/PS para se comprometer com a política de direita), pela tentativa de divisão partidária, pela desfiguração política-ideológica, muitas outras formas e meios têm sido postos em prática.
Esse esforço, sistematicamente desenvolvido ao longo dos anos pelo PS, PSD e CDS, tem sido coadjuvado por «especialistas»/politólogos, comentadores e articulistas, e pelos principais órgãos de informação – grande imprensa diária, canais de radiodifusão e televisão, inclusive os de propriedade pública. Com todo o suporte e apoio da oligarquia financeira… que os controla!
Avultam também as propostas legislativas para alterações do sistema eleitoral e de representação institucional, visando uma bipolarização partidária, ou bipartidarização, como nos EUA, Reino Unido, etc.
O eclipse do PCP, pela anulação da sua presença e visibilidade no campo mediático, é outra constante. Não é um problema de hoje. Mas a percepção (e o risco) de que a sua influência/expressão eleitoral pode crescer, e a consciência (não assumida e menos ainda explicitada) da sua razão histórica relativamente à crise que assola o País, tende a ampliar a sua marginalização, silenciamento, obscurecimento no campo político-mediático.
Assim, a par da presença de alguns deputados em rubricas regulares de debate televisivo/radiofónico, e da (em geral má) cobertura das iniciativas do Secretário-geral, o PCP está quase completamente ausente noutras versões mediáticas do confronto e comentário político. Outras são as escolhas do sistema mediático: as que servem a «alternância»!
É extraordinário que a situação não levante nenhum problema ou suscite reflexão aos que regularmente, por profissão ou estudo, opinam sobre estas coisas, mesmo se está longe qualquer ideia de que tal poderia ser preocupação da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCS)!
A crise e o estado a que o País chegou confirmam inteiramente as razões e a justeza das análises e combates realizados pelo PCP nas últimas três décadas. O que constitui um enorme património político do PCP.
Razão quando, a 5 de Abril de 2011, antes ainda do pedido de intervenção estrangeira pelo Governo PS/Sócrates, acompanhado pelo PSD e CDS, e empurrados pelos oligarcas da banca, reclamou a renegociação da dívida externa.
As razões e a justeza das análises e combates do PCP são particularmente visíveis (para quem queira ver!) em três vertentes. Nas consequências da adesão à CEE/UE e (posteriormente) na aprovação do Tratado de Maastricht, entrada na UEM e adopção da Moeda Única/Euro. Nas políticas que fragilizaram e reduziram a produção nacional. Na tese de que a recuperação capitalista (monopolista, latifundista e imperialista) seria acompanhada, inexoravelmente, pela degradação do regime democrático de Abril.
Vale a pena sublinhar que a política de direita e particularmente a política de privatizações, com a reconstituição plena do sistema dos Grupos Económicos Monopolistas, conduziram a uma situação em que quem determina a política nacional é cada vez menos o povo português, mas os que ilegitimamente se apropriaram de alavancas fundamentais da economia portuguesa. A degradação do regime democrático de Abril é indissociável do processo de domínio dos principais grupos económicos monopolistas sobre a sociedade e a vida dos portugueses. A corrupção é indissociável da promiscuidade dos grandes negócios com o poder político, da violação do princípio constitucional de subordinação do poder económico ao poder político.
É evidente que aquele património político é um enorme engulho para os beneficiários da «alternância». É por isso que se procede ao prático apagamento do PCP.
Não o fazer significava reconhecer as razões dos alertas do PCP, significava reconhecer as verdadeiras causas pela situação de desastre em que o País se encontra, e não as falsas «narrativas» que justificaram a subscrição do Pacto de Agressão.
Não o fazem porque seria igualmente reconhecer o erro absoluto das políticas em curso, para abrir caminhos à saída da crise.

16 de outubro de 2013

As propostas do PCP e o seu apagamento


(...)O cirúrgico apagamento do PCP

É, tem sido, um objectivo estratégico e um esforço persistente da «alternância», do PSD, PS e CDS, das forças de classe do grande capital, a negação do PCP como possuidor de um projecto de política alternativa contraposta à política de direita.
Na incapacidade de o aniquilarem como partido, nomeadamente pelo voto, pelo «abraço de urso» (expressão corrente para designar a aceitação de coligação com a social-democracia/PS para se comprometer com a política de direita), pela tentativa de divisão partidária, pela desfiguração política-ideológica, muitas outras formas e meios têm sido postos em prática.
Esse esforço, sistematicamente desenvolvido ao longo dos anos pelo PS, PSD e CDS, tem sido coadjuvado por «especialistas»/politólogos, comentadores e articulistas, e pelos principais órgãos de informação – grande imprensa diária, canais de radiodifusão e televisão, inclusive os de propriedade pública. Com todo o suporte e apoio da oligarquia financeira… que os controla!
Avultam também as propostas legislativas para alterações do sistema eleitoral e de representação institucional, visando uma bipolarização partidária, ou bipartidarização, como nos EUA, Reino Unido, etc.
O eclipse do PCP, pela anulação da sua presença e visibilidade no campo mediático, é outra constante. Não é um problema de hoje. Mas a percepção (e o risco) de que a sua influência/expressão eleitoral pode crescer, e a consciência (não assumida e menos ainda explicitada) da sua razão histórica relativamente à crise que assola o País, tende a ampliar a sua marginalização, silenciamento, obscurecimento no campo político-mediático.
Assim, a par da presença de alguns deputados em rubricas regulares de debate televisivo/radiofónico, e da (em geral má) cobertura das iniciativas do Secretário-geral, o PCP está quase completamente ausente noutras versões mediáticas do confronto e comentário político. Outras são as escolhas do sistema mediático: as que servem a «alternância»!
É extraordinário que a situação não levante nenhum problema ou suscite reflexão aos que regularmente, por profissão ou estudo, opinam sobre estas coisas, mesmo se está longe qualquer ideia de que tal poderia ser preocupação da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCS)!
A crise e o estado a que o País chegou confirmam inteiramente as razões e a justeza das análises e combates realizados pelo PCP nas últimas três décadas. O que constitui um enorme património político do PCP.
Razão quando, a 5 de Abril de 2011, antes ainda do pedido de intervenção estrangeira pelo Governo PS/Sócrates, acompanhado pelo PSD e CDS, e empurrados pelos oligarcas da banca, reclamou a renegociação da dívida externa.
As razões e a justeza das análises e combates do PCP são particularmente visíveis (para quem queira ver!) em três vertentes. Nas consequências da adesão à CEE/UE e (posteriormente) na aprovação do Tratado de Maastricht, entrada na UEM e adopção da Moeda Única/Euro. Nas políticas que fragilizaram e reduziram a produção nacional. Na tese de que a recuperação capitalista (monopolista, latifundista e imperialista) seria acompanhada, inexoravelmente, pela degradação do regime democrático de Abril.
Vale a pena sublinhar que a política de direita e particularmente a política de privatizações, com a reconstituição plena do sistema dos Grupos Económicos Monopolistas, conduziram a uma situação em que quem determina a política nacional é cada vez menos o povo português, mas os que ilegitimamente se apropriaram de alavancas fundamentais da economia portuguesa. A degradação do regime democrático de Abril é indissociável do processo de domínio dos principais grupos económicos monopolistas sobre a sociedade e a vida dos portugueses. A corrupção é indissociável da promiscuidade dos grandes negócios com o poder político, da violação do princípio constitucional de subordinação do poder económico ao poder político.
É evidente que aquele património político é um enorme engulho para os beneficiários da «alternância». É por isso que se procede ao prático apagamento do PCP.
Não o fazer significava reconhecer as razões dos alertas do PCP, significava reconhecer as verdadeiras causas pela situação de desastre em que o País se encontra, e não as falsas «narrativas» que justificaram a subscrição do Pacto de Agressão.
Não o fazem porque seria igualmente reconhecer o erro absoluto das políticas em curso, para abrir caminhos à saída da crise.
Vale a pena referir o caso do euro pela sua actualidade. O euro/UEM, pelo seu papel central nas causas da crise do país e por ser o elo principal de teias económicas e políticas que amarram o país à crise, constitui um autêntico nó górdio no desatar das necessárias respostas, e está hoje no centro dos debates políticos. Sair ou não sair, e se sim, como, ganhou uma evidente centralidade nos media. Nesse debate procura fazer-se tábua rasa do «património do PCP», pelo silêncio (a forma mais grave) e/ou pela deturpação do seu posicionamento. Uma fórmula recorrente é o destaque de
uma autoridade académica (hoje) reconhecida, como João Ferreira do Amaral, que se opôs à adesão ao euro (e cuja intervenção sempre valorizamos), atribuindo-lhe o monopólio dessa posição.
Alguns exemplos. Fernando Madrinha, no seu habitual artigo no Expresso (2 de Julho/2012), destaca uma entrevista de João Ferreira do Amaral na SIC-Notícias, sob o título «Uma voz solitária». Clara Ferreira Alves, na Revista do Expresso (4 de Maio/2013), com capa dedicada ao «Vamos sair do euro», entrevista João Ferreira do Amaral. Ana Sá Lopes, Editorial do Jornal i (6 de Junho/2013): «Euro: debater a saída é muito bom».
Foram vãs as tentativas de que fossem publicadas cartas corrigindo as erróneas afirmações, nem os seus autores deram qualquer resposta às missivas que lhes foram dirigidas!
É inumerável o chorrilho e admiráveis os nomes dos que descobriram os malefícios do «euro», sem nunca lhes vir à memória o que disseram no processo da adesão e o que disseram das posições do PCP. Pensa na saída do euro Pedro Santana Lopes: «Por mim sempre fui um céptico»! Fala da «ilusão da adesão ao euro» José Manuel Fernandes, director do Público durante anos! Ou Bagão Félix, para quem o euro «É um erro de palmatória»!(...)
Tirado do artigo de Agostinho Lopes -Militante de Outubro

15 de outubro de 2013

O chamado Prémio «Nobel» de Economia

Acabo de ler que o Prémio dito «Nobel» de Economia foi este ano atribuído a três «economistas de águas doces» (é assim que designam o pessoal afiliado à «Escola de Chicago» por esta cidade ser ribeirinha de um lago de água doce...) de seus nomes Eugne Fama, Lars Hansen e Robert Shiller «pela sua “análise empírica do preço dos activos”»...
Agora imaginem um Prémio Nobel da Medicina atribuído a uns cientistas pelo seu trabalho de investigação "empírica" do crescimento das unhas dos pés e da correspondente correlação estatística (positiva ou negativa) entre o dito cujo crescimento das unhas dos pés e a situação de saúde e os hábitos de alimentação e de sedentarização ou nomadismo dos seres humanos cujos unhas dos pés tenham sido estudadas...
Dizem eles - ou diz o jornal «Público» que «Não existe forma de prever o preço de acções e obrigações no espaço de poucos dias ou semanas, mas é possível prever a tendência alargada destes preços em períodos mais longos, tais como três a cinco anos. Estas descobertas, que podem parecer “contraditórias e surpreendentes”, foram feitas e analisadas pelos três laureados deste ano, refere a Academia Real, em comunicado.»

14 de outubro de 2013

JAMES CARTER: NOS EUAJÁ NÃO EXISTE DEMOCRACIA

O próprio antigo presidente James Carter afirma que nos EUA não existe uma democracia que funcione, o que existe é um Estado policial habilmente dissimulado, que exerce uma vigilância permanente e ilegal sobre os cidadãos para permitir que 1% enriqueça como nunca, em detrimento de 90% da população.
Trata-se, nas palavras do prof. Atilio Boron, de um regime totalitário de novo género, sem cidadãos nem instituições, que os grupos dominantes esvaziaram de todo o conteúdo democrático para os tornarem uma mascarada imprópria a garantir a soberania popular ou a concretizar a velha fórmula de A. Lincoln definindo a democracia como “o governo do povo, pelo povo e para o povo”.
O historiador norte-americano William Blum, refere os crimes de guerra dos EUA e a posição de Obama: “deve dizer-se que Barack Obama recusou apresentar à justiça aqueles que na era Bush estavam implicados em actos de tortura porque, afirma ele, não faziam senão obedecer a ordens, será que este homem instruído nunca ouviu falar do tribunal de Nuremberga? Designadamente do seu princípio IV que não iliba os responsáveis por crimes de guerra mesmo obedecendo a ordens, por pouco que se chegue a demonstrar que pudessem agir de outro modo.
A Aministia Internacional recusa-se a considerar Bradley Manning  ou Edward Snowden prisioneiro e perseguido por delitos de opinião. Tal não espanta, pois a sua diretora executiva Suzanne Nossel saiu diretamente de Vice Secretária adjunta encarregada das Organizações Internacionais do Departamento de Estado dos EUA, para aquele cargo.
Em sentido contrário Tom Malinowski saiu de diretor do departamento do Human Rigts Watch em Washinton, para Secretário de Estado Adjunto encarregado da Democracia, dos Direitos Humanos e do Direito do Trabalho…
W. Blum tira uma conclusão: “Os EUA e os seus pequenos caniches europeus foram talvez demasiado longe nas suas tentativas de controlar toda a comunicação dissidente.
Le grand tabou américain : de ce que l’on (ne) dit (pas) quand on parle de crimes de guerre (Counterpunch), William BLUM, http://www.legrandsoir.info/le-grand-tabou-americain-de-ce-que-l-on-ne-dit-pas-quand-on-parle-de-crimes-de-guerre-counterpunch.html 
Conforme referido, George W. Bush cometeu crimes de guerra, goza uma agradável reforma. Barack Obama, comete crimes de guerra, ganhou o prémio Nobel da Paz. Bradley Manning denunciou crimes de guerra, é considerado terrorista... 

7 de outubro de 2013

OS ESCRAVOS DO EURO

Os escravos do euro vivem sob o chicote da austeridade. Dizia um ministro do PS num tom fanfarrão, perante as críticas às consequências do euro: Queriam crédito barato e não queriam assumir as responsabilidades…Crédito barato ?! Mas que graçola de mau gosto.
A cena do euro faz lembrar a história dos náufragos recebidos numa ilha por acolhedores nativos que trataram deles, os alimentaram e depois comeram. Eram antropófagos.
Os governantes fazem o papel de capatazes, cujo objetivo é manter o pessoal sob a canga neoliberal e azorrague dos mercados. Quem não cumpre vai para o cepo dos “ajustamentos estruturais”.
O PR faz o (mau) papel dos pregadores de outrora propalando o conformismo e a sujeição aos sacrifícios nesta vida para gozar delícias noutra. Sujeitar-se e implorar a bênção dos “mercados” é o seu breviário, debitando banalidades e contradizendo-se constantemente.
Não há muito falava nos 18 000 milhões de euros de serviço de dívida em média nos próximos anos; repetidamente afirmou que a dívida tornava-se insustentável – para as gentes aceitarem caladinhas a “austeridade”. Agora acusa de “masoquismo” que afirmar que a dívida era insustentável.
O PR (só mesmo por “masoquismo” de uma parte da população o pôde ser) dá a ideia de um títere que vai “dizendo coisas” sem coerência nem nexo, curiosamente na peugada do que o sr. João Salgueiro diz antes.
Mas os “europeístas” – isto é, os defensores do federalismo custe o que custar - devem estar felizes. Aí têm a “disciplina” orçamental imposta pelos burocratas da UE; uma clique com currículo na finança causadora da crise, que não responde senão perante as oligarquias europeias e dos EUA.
Foram eles que ordenaram que antes de 15 de outubro todos os países da zona euro têm de apresentar os seus orçamentos para serem controlados. Trata-se de garantir que prossegue o desmantelamento das funções sociais do Estado e que este está inteiramente colocado ao serviço dos interesses financeiros e monopolistas.
Como as boas palavras de religiosos que conformavam a escravatura, na UE pretende-se que as regras que regulam o trabalho devem ser “modernizadas e reatualizadas” e o “Estado Social” “restruturado” ou “reformado”, com vista à competitividade, ao "crescimento e ao emprego”. Quando esta gente diz isto (e a UGT repete…) já sabemos que haverá mais recessão, mais desemprego, mais precariedade, mais chantagem sobre os trabalhadores, com o argumento que "mais vale isso que nada."
É espantoso que gente que tanto declamava loas à democracia pluralista e representativa e perante críticas à política de direita enchia o peito de ar dizendo que não recebia lições de democracia de ninguém, hoje meta a viola no saco perante os desmandos escravocratas da UE, do euro e dos "mercados".
Gente do partidos da troika, como recentemente o sr. António Costa, dizem que a solução para os nossos problemas tem que vir da Europa. Mas qual Europa? Pretende-se com isto que o povo fique de joelhos a rezar à UE, à espera de um milagre e a carpir mágoas nos “muros das lamentações” que a rádio e TV promovem?