A economia está a cair desde 2010. Caiu em 2011e 2012 e vai cair 2013 ! Apesar da base de partida do PIB ser cada vez mais baixo , em 2014 com grande probabilidade também não cresceremos . A estagnação vai continuar e por muitos anos acompanhada de sucessivas medidas de concentração da riqueza ditas de austeridade .
Os "charlatões" da economia deviam explicar como é que o país vence a crise com o peso do serviço da dívida , com um euro forte e com a necessidade de ir aos mercados para se financiar- tal como no século dezanove -pois como se sabe o BCE ao contrário da generalidade dos bancos centrais não financia os Estados ! Só os bancos e a taxas de 0,5% !
Só à paulada !
Linha de separação
30 de outubro de 2013
Ganhar Dinheiro !
Hoje na apresentação de resultados do seu banco o banqueiro Ulrich disse que o que lhe interessa é ganhar dinheiro .
Acrescentou ainda que o Orçamento apresentado pelo governo era um bom Orçamento !
Ulrich fala verdade !
Este é de facto um bom Orçamento para ele ganhar muito dinheiro à custa dos contribuintes , à custa do roubo feito aos trabalhadores aos pensionistas e reformados , à custa de milhares de pequenos e médios empresários !
Até quando ?
Acrescentou ainda que o Orçamento apresentado pelo governo era um bom Orçamento !
Ulrich fala verdade !
Este é de facto um bom Orçamento para ele ganhar muito dinheiro à custa dos contribuintes , à custa do roubo feito aos trabalhadores aos pensionistas e reformados , à custa de milhares de pequenos e médios empresários !
Até quando ?
O PAÍS “NORMAL” DE CAVACO SILVA
Aparentemente a lucidez do
PR começa a levantar dúvidas. Será que sabe mesmo o que diz? Vejamos, diz que é
necessário “prosseguir o programa de ajustamento, para ir aos mercados e
permitir o crescimento e o emprego”. Mas tudo isto é contraditório.
Dois anos e meio de ajustamento e o país está pior do que estava sob todos os aspetos. Os “mercados” puseram o país no “lixo” e não têm intenções de o tirar de lá, os juros são uma proporção cada vez maior do PIB e do défice; recessão, desemprego, falências são o resultado obtido com o “ajustamento”.
Dois anos e meio de ajustamento e o país está pior do que estava sob todos os aspetos. Os “mercados” puseram o país no “lixo” e não têm intenções de o tirar de lá, os juros são uma proporção cada vez maior do PIB e do défice; recessão, desemprego, falências são o resultado obtido com o “ajustamento”.
Que diz o PR?
Prosseguir…para regressar aos “mercados”. Mas os “mercados” não são nenhuma
solução, são o problema!
Para o PR o país tem de
parecer normal aos “mercados”. Um país normal?! Um milhão de desempregados nos
dados oficiais (milhão e meio efetivos), mais metade sem receber subsídio,
emigração em larga escala, dezenas de falências de MPME por dia, défice e
dívida descontrolados, sucessivas revisões do OE, retroatividade de cortes em
reformas atribuídas, constante redução de salários e aumento de impostos sobre
a população, generalizada precariedade, aumento da pobreza e desigualdades,
montante dos juros superior ao défice previsto para 2014.
Normal é, pois, os
sucessivos OE serem anticonstitucionais. Normal é o governo governar contra a
Constituição, errar tudo o que prevê, mentir no que promete e não haver
eleições que reponham uma real normalidade democrática.
E tudo isto é um êxito, é
“normal” e tem de prosseguir…com serenidade. Isto é, as pessoas deixem de
pensar, de exercer a sua cidadania e direitos, paguem e calem-se. Senão…ai os
“mercados”, o que será de nós!
A
DIREITA POLITICAMENTE ATACADA DE DOENÇA BIPOLAR
A direita está como aqueles
seres mentalmente perturbados daquelas tragédias de Shakespeare em que aparecem
fantasmas, neste caso são os “mercados”.
A direita tem sucessivos
ataques de agorafobia, entra em pânico, vislumbrando ficar perdida em situações
sem conseguir ajuda …dos “mercados”.
Mais grave, são os sintomas
de doença bipolar: ora estamos sem soberania, somos um protetorado devido ao
programa da troika, temos que nos libertar da troika, ora se trata da “ajuda” pelos
mesmos reclamada, negociada, aplaudida como a salvação para a qual era
necessário fazer mais ainda. Ora é para cumprir custe o que custar, ora estamos
a fazer sacrifícios, a ter medidas muito duras e, como dizia a ministra das
finanças, “queríamos ter um défice menor, mas os mercados não deixaram”. Porém,
no momento seguinte regressar aos mercados é apresentado como a via para o
paraíso!
Os comentadores de serviço
estão atacados da mesma doença, num momento há criticas ao governo, no outro dizem
que está a fazer o que tem de ser feito.
O governo vive alternâncias ciclotímicas
de euforia ora como o “sucesso” da ida aos “mercados” e de um sazonal acréscimo
no PIB, ora transmitindo depressão e pânico pela ação do TC ou se for criada
“instabilidade”, que ele próprio nos dois casos origina.
As jornadas parlamentares do
PSD-CDS, exaustivamente propagandeadas na TV, foram dos mais completos indícios
de esquizofrenia vistos na cena política. O governo transmitiu durante um dia,
como se não tivesse mais nada que fazer, perante uma plateia apática e
seguidista, as suas alucinações, ilusões e crenças falseadas da realidade.
Estas “jornadas parlamentares”, mais a normalidade que
o PR assume, recorda-nos aquela frase de Shakespeare, no Hamlet: “Life is a tale,
plenty of sound and fury told by an idiot and meaning nothing”…
29 de outubro de 2013
«Milagre» económico ?!...
Esta manhã julgo ter tido uma alucinação.
Estava a ver umas notícias na TV - a ver como «vão as coisas» no mundo virtual que eles criam para nós e antes de ir fazer uma salutar marcha matinal - e julgo ter «ouvisto» uma personagem identificada como «ministro da economia« falar de um «milagre económico» criticando a «oposição» (o «principal partido da oposição» dizia a personagem...) por se recusar - esse tal «partido da "oposição"» - a reconhecer os sinais de que estávamos a sair da recessão (o tal «milagre económico»).
Como será que vamos sair deste manicómico?
Estava a ver umas notícias na TV - a ver como «vão as coisas» no mundo virtual que eles criam para nós e antes de ir fazer uma salutar marcha matinal - e julgo ter «ouvisto» uma personagem identificada como «ministro da economia« falar de um «milagre económico» criticando a «oposição» (o «principal partido da oposição» dizia a personagem...) por se recusar - esse tal «partido da "oposição"» - a reconhecer os sinais de que estávamos a sair da recessão (o tal «milagre económico»).
Como será que vamos sair deste manicómico?
26 de outubro de 2013
Que candura
Na apresentação dos resultados do Banco Espírito Santo o seu presidente respondendo a um jornalista
afirmou com voz pesarosa : o chumbo do Tribunal Constitucional levaria a um segundo resgate e isso seria o pior que nos poderia acontecer....
Mais um a fazer pressão sobre o Tribunal Constitucional numa postura de aparente consternação e neutralidade. O mesmo que se esqueceu pela terceira vez de declarar rendimentos no IRS... Que candura de criatura !
afirmou com voz pesarosa : o chumbo do Tribunal Constitucional levaria a um segundo resgate e isso seria o pior que nos poderia acontecer....
Mais um a fazer pressão sobre o Tribunal Constitucional numa postura de aparente consternação e neutralidade. O mesmo que se esqueceu pela terceira vez de declarar rendimentos no IRS... Que candura de criatura !
25 de outubro de 2013
OS REFORMADOS E OS AGIOTAS
A sra. ministra das
finanças, com aquele ar de menina mimada que deve achar, como a D. Jonet, que
os pobres só o são por gastarem de mais e não se esforçam de menos, ficou
chocada por o deputado Paulo Sá ter referido os juros agiotas a que o país está
sujeito.
Para ela, e para o PSD, será muito justo e equitativo, juros de 6, 7% ou mais, nos empréstimos, porém, não é “justo nem equitativo”, os funcionários públicos não poderem ser despedidos da mesma forma que os empregados de empresas privadas nas palavras do sr. Luís Montenegro, uma das maiores banalidades retóricas que já passaram pelo Parlamento, mas também o que se esperava para “defender” este governo…Enfim, para esta gente justiça e equidade é a precariedade geral que está em marcha.
Para ela, e para o PSD, será muito justo e equitativo, juros de 6, 7% ou mais, nos empréstimos, porém, não é “justo nem equitativo”, os funcionários públicos não poderem ser despedidos da mesma forma que os empregados de empresas privadas nas palavras do sr. Luís Montenegro, uma das maiores banalidades retóricas que já passaram pelo Parlamento, mas também o que se esperava para “defender” este governo…Enfim, para esta gente justiça e equidade é a precariedade geral que está em marcha.
Dizia então a sra. ministra:“o
sr deputado está a chamar agiotas a fundos de pensões” de reformados. Vê-se que
da vida só sabe o que aplicadamente – e com sucesso – decorou dos srs. Friedman
e Hayek.
É preciso muita “ingenuidade”
para não saber que os tais fundos de pensões são uma mistura de produtos financeiros
manipulados pelos agentes da finança, o que inclui conluios na fixação das
taxas de juro, lavagem de dinheiro dos cartéis da droga, etc., ilegalidades e
fraudes. Entre estes produtos incluem-se os chamados “derivados” e os
empréstimos aos Estados, como o português. Entre a agiotagem e os "fundos" das reformas" há pois uma grande distância.
Na prática, nestes fundos, os
reformados não têm garantias quanto ao que vão receber no futuro e se vão receber,
como já aconteceu, por exemplo nos EUA. Na melhor das hipóteses receberão o que
lá colocaram com uma percentagem mínima à volta da inflação.
Estes fundos, são na
realidade uma forma (mais uma) de pôr uma massa enorme de capital na mão da
finança para esta aplicar na sua economia de casino.
Note-se ainda que a sra.
ministra mostra-se mais preocupada em defender as reformas de uma certa camada abonada,
sobretudo de alemães, holandeses, austríacos, etc., do que com os pensionistas
e reformados do seu país. Estes podem empobrecer para que a especulação e a
agiotagem se mantenha.
A resposta da sra. ministra
ou a diatribe do sr. Luís Montenegro, mostra o nível de degradação já não
apenas ideológica, mas cívica que a direita atingiu.
Note-se que, segundo o OE
para 2014, o pagamento de juros incluindo Administrações Públicas, em 2013 atingiu
8 405,9 milhões de euros (86% do défice do Estado), prevendo-se em 2014, 8
174,8 milhões de euros, o que daria para o défice previsto (se fosse para
acreditar) 120%.
24 de outubro de 2013
A execução Orçamental e a propaganda do governo designadamente na RTP
Sobre a Execução Orçamental nos primeiros nove meses de 2013
1. Com a execução orçamental dos três primeiros trimestres do ano agora concluída,
fica claro um agravamento do défice da Administração Central e da Segurança Social
de perto de duzentos milhões de euros comparativamente com igual período do ano
passado, agravamento que só não é superior porque a evolução da despesa com
pessoal na Administração Pública está subavaliada pelo não pagamento do subsídio de
férias de grande parte dos trabalhadores, reformados e pensionistas da Administração
Pública e porque a receita fiscal sobe quase mil e duzentos milhões de euros devido ao
enorme aumento da receita do IRS (+30,6% nos 1ºs nove meses do ano).
2. A forte subida da receita fiscal nos 1ºs nove meses do ano (+4,6%), não resulta no
entanto do tão desejado e tão anunciado aumento da actividade económica, pois
as receitas dos impostos indirectos (em especial IVA e imposto sobre combustíveis)
associados directamente ao desenvolvimento da actividade económica caíram 5,5%
neste período.
3. Não deixa de ser significativo numa altura em que o Governo refere o aparecimento
de sinais claros da retoma da actividade económica, que a receita do Imposto Sobre
o Valor Acrescentado (IVA) tenha caído 128 milhões de euros nos 1ºs nove meses do
ano, comparativamente com igual período do ano passado. Como sinal de retoma da
actividade económica não podia ser encontrado melhor indicador.
4. Os resultados do enorme aumento da carga fiscal sobre os trabalhadores e
pensionistas, com um aumento de 30,6% do IRS nos 1ºs nove meses do ano
confirmam a nossa afirmação de que este Governo aposta no agravamento
exponencial da injustiça fiscal, com os rendimentos do trabalho com uma cada
vez maior carga fiscal e os rendimentos do capital a ser cada vez menos taxados. A
reforma do IRC irá ainda aprofundar mais a actual injustiça.
5. Estes dados mostram também que a despesa da Segurança Social com o subsídio
de desemprego subiu 9,4% nos 1ºs nove meses do ano (+ 178,7 milhões de euros),
apesar dos cortes nos seus montantes e prazo de duração, em si mesmo testemunho
da degradação da situação social, enquanto a recessão económica se reflectiu na
estagnação das receitas das contribuições e quotizações arrecadadas.
6. Se alguma dúvida havia quanto às insuficiências da execução orçamental a
apresentação do 2º orçamento rectificativo clarifica essa questão. O Governo perante
o descalabro dos resultados obtidos viu-se obrigado a avançar com um regime
excepcional de regularização de dívidas fiscais e contributivas e a cortar ainda mais nas
despesas de investimento.
7. Apesar do enorme aumento de impostos a apresentação da 2ª revisão orçamental do
OE para 2013 mostra-nos que o défice orçamental no final de 2013 será igual ao de
2012, ajustado de operações temporárias (-5,8%).
8. Os dados da execução orçamental mostram claramente a necessidade de se
interromper rapidamente as políticas que têm vindo a ser seguidas sob pena da espiral
recessiva se vir a aprofundar ainda mais, com mais desemprego, mais recessão, mais
défice orçamental e mais dívida pública a sucederem-se uns atrás dos outros.
24 de Outubro de 2013
José Alberto Lourenço (CAE)
23 de outubro de 2013
Do protetorado da Troika ao protetorado do BCE
OS CATA-VENTOS
Clara Ferreira Alves, na Revista do Expresso de 19.10.2013, e Miguel Sousa Tavares, no mesmo jornal, vêm de uma forma mais ou menos explicita culpar os partidos que chumbaram o PEC IV, pelo plano de resgate e pelos sucessivas medidas de austeridade que lhe seguiram
Estas boas almas não se dão conta que se houve PEC IV é porque houve o PEC I, PEC II e PEC3 e se Sócrates continuasse, mesmo que não tivesse havido “resgate” o que teríamos era a política da troika sem troika à espanhola, com um PEC V, PECVI , PEC VII...
Ou a política de Sócrates era diferente da que tem vindo a ser seguida... submissão ao capital financeiro, submissão ao grande capital?
Ou já nos esquecemos dos favores ao Espírito Santo, negociata da venda da VIVO, of echar de olhos a que os impostos fossem pagos na Holanda, a nacionalização do BPN, o aval ao BPP, os empréstimos da CGD com pressão do governo ao Joe Berardo, etc., etc., etc.!
É certo que agora Sócrates fez «mea culpa» e critica a política de austeridade, mas enquanto governo foi um diligente executor da política neoliberal...
Um programa cautelar
Portas, esse grande “defensor” das pequenas e médias empresas e que agora no governo com a sua política ao serviço do Banca e dos grandes grupos económicos, as liquida e enterra às centenas diz agora, para se desculpar, que estamos em regime de protectorado! E acrescenta que com um programa cautelar recuperaremos a nossa soberania económica!
Um trapaceiro é sempre um trapaceiro, quer esteja na oposição quer esteja no governo.
Com um programa cautelar estaremos na mesma sujeitos às imposições não do FMI, mas do BCE. É a continuação das políticas da troika, sem troika à espanhola. É a continuação das “políticas de austeridade”, isto das políticas de concentração de riqueza e de consolidação e desendividamento da banca à custa dos contribuintes.
Passaremos do protectorado da troika para o protectorado do BCE!
ULRICH
Talvez por isso o Sr. Ulrich tenha afirmado com toda a clareza que para ele tanto lhe faz um resgate como um programa cautelar, o que lhe interessa é que se continue no bom caminho. Leia-se no caminho de desendividar a Banca à custa dos contribuintes. Clarinho!
Os cães de guarda
O novo director de informação da RTP, um Yes Men do PSD, fez um acordo com o Diário Económico jornal que está agora transformado num pasquim de propaganda do governo. Agora só se vêem notícias do DE, entrevistas feitas na RTP, DE e Antena1, no mesmo combate de desinformação e charlatanismo económico a começar pelo director do Diário Económico, sempre pronto a apanhar o comboio que está na frente.
Ontem realizou uma Conferência com banqueiros (Diário Económico, Antena1, RTP)sobre o estado da economia.
O título da notícia é sugestivo: «Banca apela a consenso nacional para a verdadeira reforma do Estado»
Escondem-se sempre por detrás dos chavões “reforma” ou “medidas estruturantes”, nunca chamando os bois pelos nomes.
O que é que entendem por reforma do Estado? Digam lá.
Privatização da saúde, do ensino, da segurança social...
É isso que querem mas não têm coragem de dizer....
Ainda a Banca
Num debate realizado ontem entre Nuno Amado do BCP e Faria de Oliveira estes , fazendo de «virgens ofendidas» criticaram o Barclays, considerando inexplicável a queixa apresentada no ano passado por este banco na Autoridade da Concorrência e que até agora não teve qualquer andamento, sobre a existência de um”cartel” nas taxas no crédito à habitação....
Até agora a dita Autoridade para a Concorrência assobiou para o lado
22 de outubro de 2013
Algumas notas sobre o O.E. para 2014
1. 90% dos trabalhadores do Estado (funcionários públicos e trabalhadores das
empresas públicas) cerca de 685 mil trabalhadores, vão sofrer um corte nos
seus salários que variará entre os 2,5% para os trabalhadores com salários
de 600 euros e os 12% para os trabalhadores com salários superiores a 2000
2. Com este corte são particularmente penalizados os trabalhadores com salários
entre 600 e 1500 euros mensais, cerca de 40% do total dos trabalhadores do
Estado (305 mil trabalhadores), trabalhadores que mantiveram os seus salários
congelados em 2011, enquanto os salários superiores a 1500 euros sofreram
3. O salário médio mensal praticado na Administração Pública que desde 2011
estava sujeito a um corte salarial de 3,5%, vê esse corte agora mais do que
duplicar e passar para 9,3%. Na prática o corte salarial anual para estes
trabalhadores é equivalente a mais do que um salário mensal.
4. Para os trabalhadores do Estado com salários entre os 1800 e os 2000 euros, o
corte salarial mais do que triplica em relação a 2011;
5. Os cortes na despesa do Estado em 2014 passarão para além dos cortes
salariais, pelo aumento do horário de trabalho, pela redução de efectivos
por aposentação, pela redução do trabalho suplementar, pela execução
de programas de rescisão por mútuo acordo, pela utilização do sistema de
requalificação de trabalhadores, pelas reformas estruturantes no sistema
educativo, por outras medidas sectoriais, pela reforma hospitalar e optimização
de custos na área da saúde, pela redefinição de processos nas áreas da
segurança e da defesa, pela convergência da fórmula de cálculo das pensões
da CGA com as da Segurança Social, pelo ajuste da idade de acesso a pensão de
velhice com base no factor de sustentabilidade e pela introdução de condição
de recurso nas pensões de sobrevivência;
6. 82% do impacto esperado com as medidas de austeridade (3184 milhões
de euros) resulta de cortes na despesa do Estado com apenas 18% a
resultarem de medidas com impacto sobre o aumento da receita (aumento de
impostos, aumento das contribuições para a ADSE, aumento da contribuição
extraordinária sobre o sector bancário, contribuição extraordinária sobre o
sector energético);
7. 302 mil aposentados, cerca de 50% dos actuais cerca de 610 mil aposentados
do Estado, irá sofrer um corte médio de 10% com a convergência das pensões
da CGA com as pensões da Segurança Social. Estima-se que o impacto bruto da
convergência de pensões da CGA seja de cerca de 728 milhões de euros;
8. Os cortes de 100 milhões de euros nas pensões de sobrevivência irão afectar
pensões acima dos 419 euros;
9. Mais de 1 milhão de trabalhadores e pensionistas do Estado serão afectados
com estes cortes nos salários da Administração Pública e da CGA;
10. Se 82% do valor das medidas de austeridade, cerca de 3200 milhões resultam
de cortes da despesa do Estado, (cortes na função pública, reformados,
educação e saúde), só 4% resultam de taxas sobre a banca, as empresas
petrolíferas e as redes de energia; Este é o OE que uma vez mais ataca os
trabalhadores e os rendimentos e protege o grande capital;
11. Perto de 2/3 do valor das medidas de austeridade cerca de 2211 milhões são
directamente suportadas por cortes nos salários e pensões dos funcionários
públicos e aposentados da CGA;
12. Após um ano de 2013 em que se registou um enorme aumento do imposto
sobre os rendimentos do trabalho (IRS) +28,2%, +2564 milhões de euros, o
Governo ainda não satisfeito quer em 2014 arrecadar +426 milhões de euros
de IRS +3,5%. Ao mesmo tempo a taxa de IRC vai baixar 2 pontos percentuais o
que vai custar pelo menos 70 milhões de euros ao Estado. Enquanto o IRS não
para de subir, o IRC baixa;
13.Enquanto os pensionistas e aposentados sofrem um corte de 100 milhões de
euros nas suas pensões de sobrevivência, o Governo quer devolver 70 milhões
Enquanto em 2011 os trabalhadores
portugueses já pagavam de IRS quase o dobro do IRC pago pelas empresas, em
2014 com este Orçamentos os trabalhadores portugueses irão pagar de IRS
quase o triplo do IRC pago pelas empresas
de euros de IRC aos grandes grupos económicos;
14. Ao mesmo tempo que aumenta os impostos sobre os rendimentos do trabalho
o Governo reduz a carga fiscal sobre os rendimentos do capital. Entre 2011
e 2014, se este Orçamento de Estado for aprovado, o Estado irá arrecadar
anualmente mais 2 mil milhões de euros de IRS ao mesmo tempo que cobrará
menos 745 milhões de euros de IRC..
15. Em 2014 o Governo ao mesmo tempo que quer baixar a taxa nominal de IRC
de 25 para 23%, dá mais tempo às empresas para abater prejuízos fiscais,
reduz o limite máximo desses prejuízos que as empresas podem apresentar
anualmente, alarga o tipo de despesas de actividade que podem ser abatidas
ao IRC, introduz um lucro fiscal de 10% para lucros reinvestidos e isenta de IRC
a recepção e exportação de dividendos;
Qual o valor do multiplicador que utilizaram ?
Os famosos e científicos multiplicadores orçamentais.
Lembram-se que o FMI em Junho deste ano fez uma autocrítica pela voz de Olivier Blanchard, economista chefe do FMI, reconhecendo que o Fundo tinha subestimado os «multiplicadores orçamentais» que procuram medir sobre o crescimento o efeito das medidas de austeridade?
Reconheceram a subestimação para a Grécia, como para Portugal.
O multiplicador afinal não era de 0,8 mas 1,5 !!!
Agora para 2014, o governo com a bênção do FMI (troika), diz que vai cortar 4 mil milhões e que terá um crescimento de 0,8%!!!
Assim sendo, cabe perguntar ao 1º Ministro, Ministra das Finanças e Ministro da Economia, bem como ao FMI, qual multiplicador é que usaram.
Certamente será um multiplicador negativo!!!
Vamos ter Prémio Nobel da economia para este quarteto.
Cortam 4 mil milhões ao défice e aumentam 0,8 ao crescimento.Certamente com um multiplicador de menos 0,6 ou...
Uma maravilha que só grandes economistas conseguiam descobrir.
Prémio Nobel bem merecido. Já !
A Propósito de Keynes e do Desemprego - 2
Olhando
para a literatura actualmente disponível sobre a problemática dos tempos de trabalho (livros, artigos, ensaios,
estudos e relatórios),
verifica-se algo de muito curioso: o tema dos tempos e horários de
trabalho óptimos para as empresas, para os trabalhadores ou para a
sociedade em geral, era um tema amplamente discutido, e também por
economistas de referência, há uns cem anos atrás.
A
coisa era tema de debate e de estudo por parte de «comissões
parlamentares» e havia polémicas várias e diversas sobre as
vantagens para uns e as desvantagens para outros. Debatia-se também
a hipótese de saber se haveria ou não uma qualquer relação de
causa e efeito entre a redução dos tempos de trabalho e o aumento
do volume de emprego. Ou então, e ainda se a redução do horário
diário de trabalho acabava por afinal contribuir (ou não...) para o
aumento da produtividade, na medida em que, com mais tempo de
descanso os trabalhadores acabavam por render mais em «meia-duzia»
de horas de trabalho afincado e atento do que, por exemplo, em dez
horas de trabalho monótono ou desinteressado.
Havia
estudos empiricos efectuados por sociólogos e economistas que eram
então alvo de debate público e institucional. Estamos aqui a falar
de há cem anos atrás.
Entretanto, por via das contradições do
sistema capitalista e da concorrência entre as principais potências
económico-militares pela conquista de mercados e a necessidade de
escoar os respectivos excedentes económicos (nem que fosse por meio
da sua destruição maciça...), tivemos depois a chamada «Grande
Guerra» (a mundial, a primeira...) à qual se seguiu uma Segunda
Guerra Mundial, depois de um interregno de vinte anos, tempo esse
também amplamente preenchido por muitas guerras e guerrinhas
localizadas.
Os
muito numerosos exércitos de «cidadãos em armas» assim como a
necessidade de fabricação extensiva de armanentos e munições,
assim como a fabricação de tudo e mais alguma coisa que é
necessário para manter os ditos exércitos em funcionamento, foram
tudo factores mais do que suficientes para resolver (ou melhor,
adiar...) o problema fundamental do desemprego sistémico. O esforço
de reconstrução de tudo aquilo que tinha sido destruído assim como
o aproveitamento industrial de uma série de avanços ciêntíficos e
inovações tecnológicas originadas durante a guerra, tudo com
elevado grau de iniciativa e extensa participação e liderança por
parte das autoridades estatais, vieram contribuir, de modo decisivo,
para manter afastadas – do mundo das precocupações dos
economistas de serviço - quaisquer preocupações mais ou menos
aprofundadas com o «nível de emprego».
No
que diz respeito aos diversos factores que determinam, condicionam,
ou influenciam o nível geral do emprego (e por tabela a questão da
carga laboral ou do «tempo normal de trabalho» a isso associado),
as preocupações concentravam-se já não no nível global ou
sistémico, mas apenas no estudo ou reflexão sobre quais as mais
adequadas explicações para as oscilações conjunturais ou sazonais
no nível de emprego.
Os
contributos «teóricos» mais significativos, nesses «gloriosos
anos» da reconstrução do pós-guerra, terão sido, por um lado, a
chamada «Curva de Phillips» (uma suposta relação inversa entre o
nível da inflação e o grau de desemprego) e, por outro lado, a
chamada «Lei de Okun». Esta
«lei» (uma interessante, mas datada, constatação empírica)
dizia-nos basicamente que as empresas, para se ajustarem ao nível da
procura, despedem mais rápidamente do que admitem pessoal. A coisa
parecia cifrar-se nos números seguintes: depois de despedirem
pessoal (por razões de conjuntura económica desfavorável) as
empresas, em média, esperariam que a economia crescesse dois por
cento (por exemplo) para que o nível geral de emprego crescesse um
por cento (também por exemplo). Vendo a coisa ao contrário, uma
outra forma de colocar a questão será dizer que, em consequência
daquele comportamento das empresas, a cada aumento de 1% no
desemprego, corresponde um decréscimo de 2% no produto interno bruto
do país em causa.
Para continuar a discorrer...
21 de outubro de 2013
Políticas de austeridade ou de concentração da riqueza '
BENDITA A CRISE !
Mesmo com o crescimento da riqueza mundial, a desigualdade social continua com índices elevados. Os 10% mais ricos do planeta detêm atualmente 86% da riqueza mundial. Destes 0,7% tem posse de 41% da riqueza mundial.
Veja no gráfico abaixo a pirâmide da riqueza. Apenas 0,7% da população detém US$ 98,7 trilhões de dólares:
Mesmo com o crescimento da riqueza mundial, a desigualdade social continua com índices elevados. Os 10% mais ricos do planeta detêm atualmente 86% da riqueza mundial. Destes 0,7% tem posse de 41% da riqueza mundial.
Veja no gráfico abaixo a pirâmide da riqueza. Apenas 0,7% da população detém US$ 98,7 trilhões de dólares:
19 de outubro de 2013
A Propósito de Keynes e do Desemprego - 1
O
problema de maior gravidade social que aflige (cada vez mais) as
sociedades industrializadas é o do desemprego. Não é foi por caso
que a obra mestra de John Maynard Keynes se intitulava «Teoria
Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro»...
Num outro trabalho, Keynes - o tal que procurava «salvar o capitalismo» da ganância ou "erros" dos próprios capitalistas - e a propósito do tempo de trabalho, diz-nos esta coisa deliciosa:
«But
beyond this, we shall endeavour to spread the butter thin on the
bread – to make what work there is still to be done to be as
widely shared as possible. Three-hour
shifts or a fifteen-hour week may put off the problem for a great
while. For three hours a day is quite enough to satisfy the old Adam
in most of us! »
Ou em "jargão" lusitano, "Mas para além disso, deveremos "espalhar mais finamente a manteiga pelo pão" - divir o mais amplamente possível o trabalho que ainda tenha que ser feito . Turnos de três horas ou uma semana laboral de quinze horas poderá adiar o problema por muito tempo; pois que três horas de trabalho por dia é mais do que suficiente para satisfazer o Adão que há em cada um de nós».
John
Maynard Keynes
Economic
Possibilities for our Grand Children
Por
outro lado qualquer observador minimamente atento já percebeu que
estamos – de há uns anos a esta parte – perante uma crise de
sobreprodução. Há casas a mais, há automóveis a mais, há roupas
a mais, há brinquedos a mais, há de tudo «a mais»... Só não há
é «empregos a mais», nem o respectivo poder de compra efectivo que
pudesse resultar desses mirabolantes «empregos a mais»... E daí
também as sempre renovadas tentativas de vendas a crédito e os
saldos e promoções de tudo e mais alguma coisa.
Neste
contexto, talvez seja chegado o tempo de pararmos e reflectir um
pouco sobre se estamos (ou não) a «trabalhar demais». Ou seja, a
produzir de demais... Pelo
menos em relação ao poder de compra efectivo que os sistema vai
gerando
Ou
ainda de reflectir sobre se estamos ou não chegados à situação
histórica de reclamar com firmeza e insistência por uma redução
drástica, sistemática e sistémica do tempo de trabalho mercantil.
Entretanto, desde
sempre, desdes os primórdios do sistema capitalista que os
empresários capitalistas, muito naturalmente e seguindo (mesmo que
«cegamente») as regras impostas pela lógica da concorrência,
sempre se opuseram a quaisquer reduções dos horários (diários,
semanais, anuais...) de trabalho.
Os empresários sempre tiveram a
noção de que era vitalmente necessário para os seus interesses (o
máximo de lucros para um máximo de acumulação) aproveitar ao
máximo a força-de-trabalho que estivesse disponível ser utilizada.
Claro
que depois era preciso vender os produtos e para isso era preciso que
houvesse poder de compra da parte de quem tinha efectuado a produção.
Mas isso já outra história.
Vamos agora e aqui cingirnos à questão
dos tempos de trabalho. Ao princípio – há uns dois séculos atrás
- os empresários capitalistas e os seus mandatários e ideólogos de
serviço limitavam-se a argumentar contra a redução dos tempos de
trabalho numa base de que «seria o fim do mundo»... seria «a ruína
de muitas (se não mesmo de todas) as empresas», e então é que
«não haveria emprego para ninguém»...
(para continuar... espero!...)
17 de outubro de 2013
Cortes nas despesas dizem eles !!!
CORTE NAS DESPESAS
DIZEM ELES!!!
Os papagaios neoliberais com assento reservado nas TV's, engalanados com títulos académicos repetem que este devia ter sido o 1º Orçamento e não o terceiro, porque agora é que se está a cortar nas despesas!!!A carga de impostos já é excessiva declararam.
Mas estes técnicos formatados pela contabilidade de “vão de escada” ainda não se deram conta de que os cortes nos salários na função pública e nos reformados são na prática e no essencial um imposto, um imposto confiscatório sobre os rendimentos destes dois universos!
Os trabalhadores da função pública e os reformados e aposentados“” o que sabem é que mais uma vez lhe vão reduzir os salários e as reformas.
Ah! dirão alguns, mas desta vez é pelo lado da despesa!
Serão estas as gorduras do Estado de que falavam
Trafulhas encartados.
Notas
Razões da “austeridade”
Segundo o Orçamento de Estado, o défice em 2013 será de 5,9% do PIB, valor acima dos 5,5% acertado com a troika.
Ora segundo este relatório a injecção no Banif foi de 700 milhões de euros o que explica parte da derrapagem.
E como vamos cortar a partir de 5,9% do PIB em vez dos 5,5, o esforço de redução ainda será mais pesado.
Para se ter uma ideia do que representa os 700 milhões de euros para o Banif, basta lembrar que o corte nos trabalhadores da função pública pela alteração da tabela salarial é estimada pelo governo em 640 milhões de euros!!!
Resumindo: 640 milhões vão ser retirados à função pública , 700 milhões foram dados ao Banif
Em relação a mais este escândalo tanto Seguro como Sócrates estão caladinhos.. Banif é tabú..
Um dos banqueiros foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo Sócrates.
******************
Agora que se anda a acenar como medida muito positiva a redução do IRC, é de lembrar também que para a derrapagem do défice orçamental deste ano, 0,1% pontos do PIB são devidos ao super crédito fiscal, isto é, à medida de incentivo ao investimento anunciado no primeiro semestre deste ano!
Mas como revelam os dados oficiais o investimento continua a cair!!!
********************
Grande lata!
Com ar de Play Boy que faz cara séria o Primeiro Ministro disse ontem sem tremura de voz :-
"Comparado com 2012, o esforço não é maior para pensionistas, nem para funcionários públicos "
Como se os cortes do ano passado não se somassem aos cortes deste ano!
No ano passado foi um brutal aumento de impostos este ano é um brutal corte nos salários e nas reformas!
Como se Fabrica uma Alternância
Como se fabrica uma «alternância»...
Agostinho Lopes
Membro do Comité Central do PCP
A alternância é uma estratégia, estratagema político bem conhecido dos povos, bem sintetizado na expressão «mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma»! Nos sistemas políticos democráticos (nas democracias burguesas) é a forma de assegurar a manutenção da mesma política, nas suas opções estratégicas, eixos estruturantes e medidas, ou seja, o serviço dos mesmos interesses de classe, através da mudança de composição dos titulares do governo, via substituição do partido (ou coligação) que assume o governo e que, anteriormente, era oposição.
Tem sido assim em Portugal nestes quase 40 anos de regime democrático conquistado pela Revolução de Abril.
A alternância tem um objectivo central: negar a alternativa, isto é, que haja uma efectiva alteração de política(s)! E a negação da alternativa exige a «fabricação» da «alternância»!
Um processo que se inicia logo que um novo governo toma posse, ou mesmo antes, pelo menos com a entrada em cena (indiciação) do putativo líder da alternância! Um processo complexo em que convergem a intervenção da força partidária que vai corporizar a alternância e as forças de classe (económicas) dominantes interessadas na continuidade/aprofundamento dessas políticas. Mas também de outros actores e agentes, em que se destaca o sistema mediático, subordinado à lógica da «alternância», quanto mais não seja por ser instrumento do poder de classe contido nos sucessivos governos que vão encarnando a «alternância»!
A negação da alternativa política e da política alternativa
Na fabricação de uma «alternância» afirma-se uma dupla negação: negar a existência de uma política alternativa e negar a existência/possibilidade de uma alternativa política, que depois se desdobram em múltiplas variantes, na assumpção de diversas máscaras.
Uma primeira corresponde a fazer passar as políticas da «alternância» por política alternativa. Mascarar as suas propostas e programa, nomeadamente sobrevalorizando os pormenores, relevando diferenças secundárias, empolando as formas para esconder a identificação dos conteúdos, a defesa dos mesmos interesses de classe. Desvalorizando a política de alianças assumida, ou mesmo o significado de uma proclamada indefinição, ambiguidade.
Mas, essencialmente, anunciando uma pretensa mudança de políticas através da mudança dos protagonistas, do partido do governo, dos ministros (a invenção do «governo sombra»), do 1.º Ministro. Aqui, desempenha um papel central a mistificação eleitoral da «eleição» do 1.º Ministro, onde se concentra, polariza, todo o «conteúdo» da mudança de política prometida pela «alternância».
Outro discurso promotor da «alternância» passa por encerrar, subsumir as possibilidades de reais alternativas políticas, no anel de ferro da «salvação
nacional», do «consenso nacional, superpartidário». Em nome de um suposto «interesse nacional», abstractamente enunciado, acima das classes, das ideologias, dos partidos, tenta-se anular o contraditório, a diferença político-ideológica.
Discurso e políticas que, estranhamente (ou talvez não), em nome da «salvação nacional» põem sistematicamente em causa o único «consenso nacional» existente e escrito, a Constituição da República, e atentam contra a soberania e independência nacionais.
Por outro lado, na negação, desvalorização da existência/possibilidade de uma alternativa política, de uma alternativa de governo (às que encarnam a «alternância»), isto é, da possibilidade de uma convergência de forças sociais e políticas susceptível de configurar um governo para uma política alternativa, a negação desta é um elemento fundamental. Se não há política alternativa, não há corporização possível de governo para a realizar! Só pode existir governo para realizar a política possível, a da «alternância»…
Outra fórmula para eliminar a alternativa política (à alternância) é a aniquilação (mediática/política/semântica) de alguns dos seus possíveis constituintes, com a insistente invocação dos «partidos do arco da governação», do «arco do poder», isto é do PSD, PS e CDS.
Mas o eixo central da negação de uma possível e verdadeira alternativa política tem sido a tentativa de apagamento do campo político-mediático de um potencial protagonista, o PCP.
O cirúrgico apagamento do PCP
É, tem sido, um objectivo estratégico e um esforço persistente da «alternância», do PSD, PS e CDS, das forças de classe do grande capital, a negação do PCP como possuidor de um projecto de política alternativa contraposta à política de direita.
Na incapacidade de o aniquilarem como partido, nomeadamente pelo voto, pelo «abraço de urso» (expressão corrente para designar a aceitação de coligação com a social-democracia/PS para se comprometer com a política de direita), pela tentativa de divisão partidária, pela desfiguração política-ideológica, muitas outras formas e meios têm sido postos em prática.
Esse esforço, sistematicamente desenvolvido ao longo dos anos pelo PS, PSD e CDS, tem sido coadjuvado por «especialistas»/politólogos, comentadores e articulistas, e pelos principais órgãos de informação – grande imprensa diária, canais de radiodifusão e televisão, inclusive os de propriedade pública. Com todo o suporte e apoio da oligarquia financeira… que os controla!
Avultam também as propostas legislativas para alterações do sistema eleitoral e de representação institucional, visando uma bipolarização partidária, ou bipartidarização, como nos EUA, Reino Unido, etc.
O eclipse do PCP, pela anulação da sua presença e visibilidade no campo mediático, é outra constante. Não é um problema de hoje. Mas a percepção (e o risco) de que a sua influência/expressão eleitoral pode crescer, e a consciência (não assumida e menos ainda explicitada) da sua razão histórica relativamente à crise que assola o País, tende a ampliar a sua marginalização, silenciamento, obscurecimento no campo político-mediático.
Assim, a par da presença de alguns deputados em rubricas regulares de debate televisivo/radiofónico, e da (em geral má) cobertura das iniciativas do Secretário-geral, o PCP está quase completamente ausente noutras versões mediáticas do confronto e comentário político. Outras são as escolhas do sistema mediático: as que servem a «alternância»!
É extraordinário que a situação não levante nenhum problema ou suscite reflexão aos que regularmente, por profissão ou estudo, opinam sobre estas coisas, mesmo se está longe qualquer ideia de que tal poderia ser preocupação da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCS)!
A crise e o estado a que o País chegou confirmam inteiramente as razões e a justeza das análises e combates realizados pelo PCP nas últimas três décadas. O que constitui um enorme património político do PCP.
Razão quando, a 5 de Abril de 2011, antes ainda do pedido de intervenção estrangeira pelo Governo PS/Sócrates, acompanhado pelo PSD e CDS, e empurrados pelos oligarcas da banca, reclamou a renegociação da dívida externa.
As razões e a justeza das análises e combates do PCP são particularmente visíveis (para quem queira ver!) em três vertentes. Nas consequências da adesão à CEE/UE e (posteriormente) na aprovação do Tratado de Maastricht, entrada na UEM e adopção da Moeda Única/Euro. Nas políticas que fragilizaram e reduziram a produção nacional. Na tese de que a recuperação capitalista (monopolista, latifundista e imperialista) seria acompanhada, inexoravelmente, pela degradação do regime democrático de Abril.
Vale a pena sublinhar que a política de direita e particularmente a política de privatizações, com a reconstituição plena do sistema dos Grupos Económicos Monopolistas, conduziram a uma situação em que quem determina a política nacional é cada vez menos o povo português, mas os que ilegitimamente se apropriaram de alavancas fundamentais da economia portuguesa. A degradação do regime democrático de Abril é indissociável do processo de domínio dos principais grupos económicos monopolistas sobre a sociedade e a vida dos portugueses. A corrupção é indissociável da promiscuidade dos grandes negócios com o poder político, da violação do princípio constitucional de subordinação do poder económico ao poder político.
É evidente que aquele património político é um enorme engulho para os beneficiários da «alternância». É por isso que se procede ao prático apagamento do PCP.
Não o fazer significava reconhecer as razões dos alertas do PCP, significava reconhecer as verdadeiras causas pela situação de desastre em que o País se encontra, e não as falsas «narrativas» que justificaram a subscrição do Pacto de Agressão.
Não o fazem porque seria igualmente reconhecer o erro absoluto das políticas em curso, para abrir caminhos à saída da crise.
16 de outubro de 2013
As propostas do PCP e o seu apagamento
(...)O cirúrgico apagamento do PCP
É, tem sido, um objectivo estratégico e um esforço persistente da «alternância», do PSD, PS e CDS, das forças de classe do grande capital, a negação do PCP como possuidor de um projecto de política alternativa contraposta à política de direita.
Na incapacidade de o aniquilarem como partido, nomeadamente pelo voto, pelo «abraço de urso» (expressão corrente para designar a aceitação de coligação com a social-democracia/PS para se comprometer com a política de direita), pela tentativa de divisão partidária, pela desfiguração política-ideológica, muitas outras formas e meios têm sido postos em prática.
Esse esforço, sistematicamente desenvolvido ao longo dos anos pelo PS, PSD e CDS, tem sido coadjuvado por «especialistas»/politólogos, comentadores e articulistas, e pelos principais órgãos de informação – grande imprensa diária, canais de radiodifusão e televisão, inclusive os de propriedade pública. Com todo o suporte e apoio da oligarquia financeira… que os controla!
Avultam também as propostas legislativas para alterações do sistema eleitoral e de representação institucional, visando uma bipolarização partidária, ou bipartidarização, como nos EUA, Reino Unido, etc.
O eclipse do PCP, pela anulação da sua presença e visibilidade no campo mediático, é outra constante. Não é um problema de hoje. Mas a percepção (e o risco) de que a sua influência/expressão eleitoral pode crescer, e a consciência (não assumida e menos ainda explicitada) da sua razão histórica relativamente à crise que assola o País, tende a ampliar a sua marginalização, silenciamento, obscurecimento no campo político-mediático.
Assim, a par da presença de alguns deputados em rubricas regulares de debate televisivo/radiofónico, e da (em geral má) cobertura das iniciativas do Secretário-geral, o PCP está quase completamente ausente noutras versões mediáticas do confronto e comentário político. Outras são as escolhas do sistema mediático: as que servem a «alternância»!
É extraordinário que a situação não levante nenhum problema ou suscite reflexão aos que regularmente, por profissão ou estudo, opinam sobre estas coisas, mesmo se está longe qualquer ideia de que tal poderia ser preocupação da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCS)!
A crise e o estado a que o País chegou confirmam inteiramente as razões e a justeza das análises e combates realizados pelo PCP nas últimas três décadas. O que constitui um enorme património político do PCP.
Razão quando, a 5 de Abril de 2011, antes ainda do pedido de intervenção estrangeira pelo Governo PS/Sócrates, acompanhado pelo PSD e CDS, e empurrados pelos oligarcas da banca, reclamou a renegociação da dívida externa.
As razões e a justeza das análises e combates do PCP são particularmente visíveis (para quem queira ver!) em três vertentes. Nas consequências da adesão à CEE/UE e (posteriormente) na aprovação do Tratado de Maastricht, entrada na UEM e adopção da Moeda Única/Euro. Nas políticas que fragilizaram e reduziram a produção nacional. Na tese de que a recuperação capitalista (monopolista, latifundista e imperialista) seria acompanhada, inexoravelmente, pela degradação do regime democrático de Abril.
Vale a pena sublinhar que a política de direita e particularmente a política de privatizações, com a reconstituição plena do sistema dos Grupos Económicos Monopolistas, conduziram a uma situação em que quem determina a política nacional é cada vez menos o povo português, mas os que ilegitimamente se apropriaram de alavancas fundamentais da economia portuguesa. A degradação do regime democrático de Abril é indissociável do processo de domínio dos principais grupos económicos monopolistas sobre a sociedade e a vida dos portugueses. A corrupção é indissociável da promiscuidade dos grandes negócios com o poder político, da violação do princípio constitucional de subordinação do poder económico ao poder político.
É evidente que aquele património político é um enorme engulho para os beneficiários da «alternância». É por isso que se procede ao prático apagamento do PCP.
Não o fazer significava reconhecer as razões dos alertas do PCP, significava reconhecer as verdadeiras causas pela situação de desastre em que o País se encontra, e não as falsas «narrativas» que justificaram a subscrição do Pacto de Agressão.
Não o fazem porque seria igualmente reconhecer o erro absoluto das políticas em curso, para abrir caminhos à saída da crise.
Vale a pena referir o caso do euro pela sua actualidade. O euro/UEM, pelo seu papel central nas causas da crise do país e por ser o elo principal de teias económicas e políticas que amarram o país à crise, constitui um autêntico nó górdio no desatar das necessárias respostas, e está hoje no centro dos debates políticos. Sair ou não sair, e se sim, como, ganhou uma evidente centralidade nos media. Nesse debate procura fazer-se tábua rasa do «património do PCP», pelo silêncio (a forma mais grave) e/ou pela deturpação do seu posicionamento. Uma fórmula recorrente é o destaque de
uma autoridade académica (hoje) reconhecida, como João Ferreira do Amaral, que se opôs à adesão ao euro (e cuja intervenção sempre valorizamos), atribuindo-lhe o monopólio dessa posição.
Alguns exemplos. Fernando Madrinha, no seu habitual artigo no Expresso (2 de Julho/2012), destaca uma entrevista de João Ferreira do Amaral na SIC-Notícias, sob o título «Uma voz solitária». Clara Ferreira Alves, na Revista do Expresso (4 de Maio/2013), com capa dedicada ao «Vamos sair do euro», entrevista João Ferreira do Amaral. Ana Sá Lopes, Editorial do Jornal i (6 de Junho/2013): «Euro: debater a saída é muito bom».
Foram vãs as tentativas de que fossem publicadas cartas corrigindo as erróneas afirmações, nem os seus autores deram qualquer resposta às missivas que lhes foram dirigidas!
É inumerável o chorrilho e admiráveis os nomes dos que descobriram os malefícios do «euro», sem nunca lhes vir à memória o que disseram no processo da adesão e o que disseram das posições do PCP. Pensa na saída do euro Pedro Santana Lopes: «Por mim sempre fui um céptico»! Fala da «ilusão da adesão ao euro» José Manuel Fernandes, director do Público durante anos! Ou Bagão Félix, para quem o euro «É um erro de palmatória»!(...)
Tirado do artigo de Agostinho Lopes -Militante de Outubro
15 de outubro de 2013
O chamado Prémio «Nobel» de Economia
Acabo de ler que o Prémio dito «Nobel» de Economia foi este ano atribuído a três «economistas de águas doces» (é assim que designam o pessoal afiliado à «Escola de Chicago» por esta cidade ser ribeirinha de um lago de água doce...) de seus nomes Eugne Fama, Lars Hansen e Robert Shiller «pela sua “análise empírica do preço dos activos”»...
Agora imaginem um Prémio Nobel da Medicina atribuído a uns cientistas pelo seu trabalho de investigação "empírica" do crescimento das unhas dos pés e da correspondente correlação estatística (positiva ou negativa) entre o dito cujo crescimento das unhas dos pés e a situação de saúde e os hábitos de alimentação e de sedentarização ou nomadismo dos seres humanos cujos unhas dos pés tenham sido estudadas...
Dizem eles - ou diz o jornal «Público» que «Não existe forma de prever o preço de acções e obrigações no espaço de
poucos dias ou semanas, mas é possível prever a tendência alargada
destes preços em períodos mais longos, tais como três a cinco anos.
Estas descobertas, que podem parecer “contraditórias e surpreendentes”,
foram feitas e analisadas pelos três laureados deste ano, refere a
Academia Real, em comunicado.»
14 de outubro de 2013
JAMES CARTER: NOS EUAJÁ NÃO EXISTE DEMOCRACIA
O
próprio antigo presidente James Carter afirma que nos EUA não existe
uma democracia que funcione, o que existe é um Estado policial habilmente
dissimulado, que exerce uma vigilância permanente e ilegal sobre os cidadãos
para permitir que 1% enriqueça como nunca, em detrimento de 90% da população.
Trata-se, nas palavras do prof. Atilio Boron, de um regime totalitário de
novo género, sem cidadãos nem instituições, que os grupos dominantes esvaziaram
de todo o conteúdo democrático para os tornarem uma mascarada imprópria a
garantir a soberania popular ou a concretizar a velha fórmula de A. Lincoln
definindo a democracia como “o governo do povo, pelo povo e para o povo”.
O historiador norte-americano William
Blum, refere os crimes de guerra dos EUA e a posição de Obama: “deve dizer-se
que Barack Obama recusou apresentar à justiça aqueles que na era Bush estavam
implicados em actos de tortura porque, afirma ele, não faziam senão obedecer a
ordens, será que este homem instruído nunca ouviu falar do tribunal de Nuremberga?
Designadamente do seu princípio IV que não iliba os responsáveis por crimes de
guerra mesmo obedecendo a ordens, por pouco que se chegue a demonstrar que
pudessem agir de outro modo.
A Aministia Internacional
recusa-se a considerar Bradley Manning
ou Edward Snowden prisioneiro e perseguido por delitos de
opinião. Tal não espanta, pois a sua diretora executiva Suzanne Nossel saiu
diretamente de Vice Secretária adjunta encarregada das Organizações
Internacionais do Departamento de Estado dos EUA, para aquele cargo.
Em sentido contrário Tom Malinowski saiu de diretor do departamento do Human Rigts Watch em
Washinton, para Secretário de Estado Adjunto encarregado da Democracia, dos Direitos
Humanos e do Direito do Trabalho…
W. Blum tira uma conclusão:
“Os EUA e os seus pequenos caniches europeus foram talvez demasiado longe nas
suas tentativas de controlar toda a comunicação dissidente.
Le grand tabou américain : de ce que l’on
(ne) dit (pas) quand on parle de crimes de guerre (Counterpunch), William BLUM, http://www.legrandsoir.info/le-grand-tabou-americain-de-ce-que-l-on-ne-dit-pas-quand-on-parle-de-crimes-de-guerre-counterpunch.html
Conforme referido, George W. Bush cometeu crimes de guerra, goza uma agradável reforma. Barack Obama, comete crimes de guerra, ganhou o prémio Nobel da Paz. Bradley Manning denunciou crimes de guerra, é considerado terrorista...
7 de outubro de 2013
OS ESCRAVOS DO EURO
Os escravos do euro vivem
sob o chicote da austeridade. Dizia um ministro do PS num tom fanfarrão,
perante as críticas às consequências do euro: Queriam crédito barato e não
queriam assumir as responsabilidades…Crédito barato ?! Mas que
graçola de mau gosto.
A cena do euro faz lembrar a história dos náufragos recebidos numa ilha por acolhedores nativos que trataram deles, os alimentaram e depois comeram. Eram antropófagos.
A cena do euro faz lembrar a história dos náufragos recebidos numa ilha por acolhedores nativos que trataram deles, os alimentaram e depois comeram. Eram antropófagos.
Os governantes fazem o papel
de capatazes, cujo objetivo é manter o pessoal sob a canga neoliberal e
azorrague dos mercados. Quem não cumpre vai para o cepo dos “ajustamentos
estruturais”.
O PR faz o (mau) papel dos
pregadores de outrora propalando o conformismo e a sujeição aos sacrifícios
nesta vida para gozar delícias noutra. Sujeitar-se e implorar a bênção dos
“mercados” é o seu breviário, debitando banalidades e contradizendo-se
constantemente.
Não há muito falava nos 18
000 milhões de euros de serviço de dívida em média nos próximos anos;
repetidamente afirmou que a dívida tornava-se insustentável – para as gentes
aceitarem caladinhas a “austeridade”. Agora acusa de “masoquismo” que afirmar
que a dívida era insustentável.
O PR (só mesmo por
“masoquismo” de uma parte da população o pôde ser) dá a ideia de um títere que
vai “dizendo coisas” sem coerência nem nexo, curiosamente na peugada do que o
sr. João Salgueiro diz antes.
Mas os “europeístas” – isto
é, os defensores do federalismo custe o que custar - devem estar felizes. Aí
têm a “disciplina” orçamental imposta pelos burocratas da UE; uma clique com
currículo na finança causadora da crise, que não responde senão perante as
oligarquias europeias e dos EUA.
Foram eles que ordenaram que
antes de 15 de outubro todos os países da zona euro têm de apresentar os seus
orçamentos para serem controlados. Trata-se de garantir que prossegue o
desmantelamento das funções sociais do Estado e que este está inteiramente
colocado ao serviço dos interesses financeiros e monopolistas.
Como as boas palavras de religiosos
que conformavam a escravatura, na UE pretende-se que as regras que regulam o
trabalho devem ser “modernizadas e reatualizadas” e o “Estado Social”
“restruturado” ou “reformado”, com vista à competitividade, ao "crescimento e ao
emprego”. Quando esta gente diz isto (e a UGT repete…) já sabemos que haverá mais
recessão, mais desemprego, mais precariedade, mais chantagem sobre os
trabalhadores, com o argumento que "mais vale isso que nada."
É espantoso que gente que
tanto declamava loas à democracia pluralista e representativa e perante
críticas à política de direita enchia o peito de ar dizendo que não recebia
lições de democracia de ninguém, hoje meta a viola no saco perante os desmandos
escravocratas da UE, do euro e dos "mercados".
Gente do partidos da troika,
como recentemente o sr. António Costa, dizem que a solução para os nossos
problemas tem que vir da Europa. Mas qual Europa? Pretende-se com isto que o
povo fique de joelhos a rezar à UE, à espera de um milagre e a carpir mágoas
nos “muros das lamentações” que a rádio e TV promovem?
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