A cena do euro faz lembrar a história dos náufragos recebidos numa ilha por acolhedores nativos que trataram deles, os alimentaram e depois comeram. Eram antropófagos.
Os governantes fazem o papel
de capatazes, cujo objetivo é manter o pessoal sob a canga neoliberal e
azorrague dos mercados. Quem não cumpre vai para o cepo dos “ajustamentos
estruturais”.
O PR faz o (mau) papel dos
pregadores de outrora propalando o conformismo e a sujeição aos sacrifícios
nesta vida para gozar delícias noutra. Sujeitar-se e implorar a bênção dos
“mercados” é o seu breviário, debitando banalidades e contradizendo-se
constantemente.
Não há muito falava nos 18
000 milhões de euros de serviço de dívida em média nos próximos anos;
repetidamente afirmou que a dívida tornava-se insustentável – para as gentes
aceitarem caladinhas a “austeridade”. Agora acusa de “masoquismo” que afirmar
que a dívida era insustentável.
O PR (só mesmo por
“masoquismo” de uma parte da população o pôde ser) dá a ideia de um títere que
vai “dizendo coisas” sem coerência nem nexo, curiosamente na peugada do que o
sr. João Salgueiro diz antes.
Mas os “europeístas” – isto
é, os defensores do federalismo custe o que custar - devem estar felizes. Aí
têm a “disciplina” orçamental imposta pelos burocratas da UE; uma clique com
currículo na finança causadora da crise, que não responde senão perante as
oligarquias europeias e dos EUA.
Foram eles que ordenaram que
antes de 15 de outubro todos os países da zona euro têm de apresentar os seus
orçamentos para serem controlados. Trata-se de garantir que prossegue o
desmantelamento das funções sociais do Estado e que este está inteiramente
colocado ao serviço dos interesses financeiros e monopolistas.
Como as boas palavras de religiosos
que conformavam a escravatura, na UE pretende-se que as regras que regulam o
trabalho devem ser “modernizadas e reatualizadas” e o “Estado Social”
“restruturado” ou “reformado”, com vista à competitividade, ao "crescimento e ao
emprego”. Quando esta gente diz isto (e a UGT repete…) já sabemos que haverá mais
recessão, mais desemprego, mais precariedade, mais chantagem sobre os
trabalhadores, com o argumento que "mais vale isso que nada."
É espantoso que gente que
tanto declamava loas à democracia pluralista e representativa e perante
críticas à política de direita enchia o peito de ar dizendo que não recebia
lições de democracia de ninguém, hoje meta a viola no saco perante os desmandos
escravocratas da UE, do euro e dos "mercados".
Gente do partidos da troika,
como recentemente o sr. António Costa, dizem que a solução para os nossos
problemas tem que vir da Europa. Mas qual Europa? Pretende-se com isto que o
povo fique de joelhos a rezar à UE, à espera de um milagre e a carpir mágoas
nos “muros das lamentações” que a rádio e TV promovem?
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