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19 de outubro de 2013

A Propósito de Keynes e do Desemprego - 1

O problema de maior gravidade social que aflige (cada vez mais) as sociedades industrializadas é o do desemprego. Não é foi por caso que a obra mestra de John Maynard Keynes se intitulava «Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro»...
Num outro trabalho, Keynes - o tal que procurava «salvar o capitalismo» da ganância ou "erros" dos próprios capitalistas - e a propósito do tempo de trabalho, diz-nos esta coisa deliciosa: 

«But beyond this, we shall endeavour to spread the butter thin on the bread – to make what work there is still to be done to be as widely shared as possible. Three-hour shifts or a fifteen-hour week may put off the problem for a great while. For three hours a day is quite enough to satisfy the old Adam in most of us! »
Ou em "jargão" lusitano, "Mas para além disso, deveremos "espalhar mais finamente a manteiga pelo pão" - divir o mais amplamente possível o trabalho que ainda tenha que ser feito . Turnos de três horas ou uma semana laboral de quinze horas poderá adiar o problema por muito tempo; pois que três horas de trabalho por dia é mais do que suficiente para satisfazer o Adão que há em cada um de nós». 
John Maynard Keynes
Economic Possibilities for our Grand Children

Por outro lado qualquer observador minimamente atento já percebeu que estamos – de há uns anos a esta parte – perante uma crise de sobreprodução. Há casas a mais, há automóveis a mais, há roupas a mais, há brinquedos a mais, há de tudo «a mais»... Só não há é «empregos a mais», nem o respectivo poder de compra efectivo que pudesse resultar desses mirabolantes «empregos a mais»... E daí também as sempre renovadas tentativas de vendas a crédito e os saldos e promoções de tudo e mais alguma coisa.
Neste contexto, talvez seja chegado o tempo de pararmos e reflectir um pouco sobre se estamos (ou não) a «trabalhar demais». Ou seja, a produzir de demais... Pelo menos em relação ao poder de compra efectivo que os sistema vai gerando
Ou ainda de reflectir sobre se estamos ou não chegados à situação histórica de reclamar com firmeza e insistência por uma redução drástica, sistemática e sistémica do tempo de trabalho mercantil.
Entretanto, desde sempre, desdes os primórdios do sistema capitalista que os empresários capitalistas, muito naturalmente e seguindo (mesmo que «cegamente») as regras impostas pela lógica da concorrência, sempre se opuseram a quaisquer reduções dos horários (diários, semanais, anuais...) de trabalho. 
Os empresários sempre tiveram a noção de que era vitalmente necessário para os seus interesses (o máximo de lucros para um máximo de acumulação) aproveitar ao máximo a força-de-trabalho que estivesse disponível ser utilizada.
Claro que depois era preciso vender os produtos e para isso era preciso que houvesse poder de compra da parte de quem tinha efectuado a produção. Mas isso já outra história. 
Vamos agora e aqui cingirnos à questão dos tempos de trabalho. Ao princípio – há uns dois séculos atrás - os empresários capitalistas e os seus mandatários e ideólogos de serviço limitavam-se a argumentar contra a redução dos tempos de trabalho numa base de que «seria o fim do mundo»... seria «a ruína de muitas (se não mesmo de todas) as empresas», e então é que «não haveria emprego para ninguém»...

(para continuar... espero!...)



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