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25 de outubro de 2013

OS REFORMADOS E OS AGIOTAS

A sra. ministra das finanças, com aquele ar de menina mimada que deve achar, como a D. Jonet, que os pobres só o são por gastarem de mais e não se esforçam de menos, ficou chocada por o deputado Paulo Sá ter referido os juros agiotas a que o país está sujeito.

Para ela, e para o PSD, será muito justo e equitativo, juros de 6, 7% ou mais, nos empréstimos, porém, não é “justo nem equitativo”, os funcionários públicos não poderem ser despedidos da mesma forma que os empregados de empresas privadas nas palavras do sr. Luís Montenegro, uma das maiores banalidades retóricas que já passaram pelo Parlamento, mas também o que se esperava para “defender” este governo…Enfim, para esta gente justiça e equidade é a precariedade geral que está em marcha.

Dizia então a sra. ministra:“o sr deputado está a chamar agiotas a fundos de pensões” de reformados. Vê-se que da vida só sabe o que aplicadamente – e com sucesso – decorou dos srs. Friedman e Hayek.
É preciso muita “ingenuidade” para não saber que os tais fundos de pensões são uma mistura de produtos financeiros manipulados pelos agentes da finança, o que inclui  conluios na fixação das taxas de juro, lavagem de dinheiro dos cartéis da droga, etc., ilegalidades e fraudes. Entre estes produtos incluem-se os chamados “derivados” e os empréstimos aos Estados, como o português. Entre a agiotagem e os "fundos" das reformas" há pois uma grande distância.
Na prática, nestes fundos, os reformados não têm garantias quanto ao que vão receber no futuro e se vão receber, como já aconteceu, por exemplo nos EUA. Na melhor das hipóteses receberão o que lá colocaram com uma percentagem mínima à volta da inflação.
Estes fundos, são na realidade uma forma (mais uma) de pôr uma massa enorme de capital na mão da finança para esta aplicar na sua economia de casino.
Note-se ainda que a sra. ministra mostra-se mais preocupada em defender as reformas de uma certa camada abonada, sobretudo de alemães, holandeses, austríacos, etc., do que com os pensionistas e reformados do seu país. Estes podem empobrecer para que a especulação e a agiotagem se mantenha.
A resposta da sra. ministra ou a diatribe do sr. Luís Montenegro, mostra o nível de degradação já não apenas ideológica, mas cívica que a direita atingiu.
Note-se que, segundo o OE para 2014, o pagamento de juros incluindo Administrações Públicas, em 2013 atingiu 8 405,9 milhões de euros (86% do défice do Estado), prevendo-se em 2014, 8 174,8 milhões de euros, o que daria para o défice previsto (se fosse para acreditar) 120%.

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