A historiadora Raquela Varela publicou recentemente no blogue «5 Dias Net» http://blog.5dias.net/ uma mensagem sob o título «A Troika não erra, Keynes sim».
É interessante ler, mas sinto que será necessário chamar a atenção para algumas discrepâncias e erros de perspectiva...
A resposta que se me ofereceu publicar naquele blogue, é esta:
«Em primerio lugar esclareço que não tenho propriamente a ideia de
«defender Keynes»…
Mas factos são factos e a história das ideias é a que
é.
Keynes «limitou-se» a fazer uma síntese de muitas ideias que já andavam no ar. Kalecki elaborou antes dele uma teoria em tudo similar, mas como era Polaco, não teve a repercussão que teve Keynes. Hitler fez de facto uma política «keynesiana» “avant la lettre” e isso terá contribuído para atribuir ao «keynesianismo» a ideia de de que o «militarismo» (a produção e as dessas de um complexo militar-industrial) são uma aplicação das ideias de Keynes. Não são.
Keynes era simpatizante dos Fabianos - uma associção de adeptos de uma evolução “pacifica” para o socialismo, através de uma espécie de “friendly persuasion”.
Keynes «limitou-se» a fazer uma síntese de muitas ideias que já andavam no ar. Kalecki elaborou antes dele uma teoria em tudo similar, mas como era Polaco, não teve a repercussão que teve Keynes. Hitler fez de facto uma política «keynesiana» “avant la lettre” e isso terá contribuído para atribuir ao «keynesianismo» a ideia de de que o «militarismo» (a produção e as dessas de um complexo militar-industrial) são uma aplicação das ideias de Keynes. Não são.
Keynes era simpatizante dos Fabianos - uma associção de adeptos de uma evolução “pacifica” para o socialismo, através de uma espécie de “friendly persuasion”.
A
esse respeito, ainda em muito jovem, lembro-me de um livro
norte-americano que tinha como subtítulo «A Royal Road do Socialism»…
Resumindo «até à quinta casa», a política keynesiana consistirá em pôr o Estado a tomar a iniciativa de se substituir aos “privados” na função de investimento produtivo. Isso só deverá ter que acontecer (Keynes, dixit…) quando e se os “privados” não estiverem para aí virados. Isso – de os “privados” não estarem para aí virados – acontece por causa do «esgotamento progressivo (e relativamente ao anterior) de oportunidades de investimento» (tese pessoal deste correspondente…) em resultado de uma famigerada queda tendencial da taxa de lucro; a qual tem vindo “ao de cima” de forma recorrente ao longo dos três ou quatro séculos que levamos de capitalismo.
As saídas – para esse esgotamento progressivo das oportunidades de investimento – têm sido a expansão colonial (e o imperialismo) e as guerras de destruição. E também (uma coisa “desleixada” por muitos analistas) a especulação financeira.
Hoje somos chegados a uma espécie de beco sem saída.
Não há mais «expansão colonial» (com a guerra dos Boéres o sistema-mundo passou de “sistema aberto” a “sistema fechado”), e as guerras, embora continuem a ser de destruição, deixaram de “dar vazão” aos milhões de desempregados.
Estamos em plena especulaçãoi financeira!!!
Finalmente, na minha opinião, as políticas de Keynes – nos anos “gloriosos” da reconstrução até 1973/1974?…) – falharam porque “eles” (os adeptos de Hayek & Cª – e seus mandatários, Tatcher, Reagan e etc…) perceberam perfeitamente qual o rumo que o sistema estava a seguir…
Resumindo «até à quinta casa», a política keynesiana consistirá em pôr o Estado a tomar a iniciativa de se substituir aos “privados” na função de investimento produtivo. Isso só deverá ter que acontecer (Keynes, dixit…) quando e se os “privados” não estiverem para aí virados. Isso – de os “privados” não estarem para aí virados – acontece por causa do «esgotamento progressivo (e relativamente ao anterior) de oportunidades de investimento» (tese pessoal deste correspondente…) em resultado de uma famigerada queda tendencial da taxa de lucro; a qual tem vindo “ao de cima” de forma recorrente ao longo dos três ou quatro séculos que levamos de capitalismo.
As saídas – para esse esgotamento progressivo das oportunidades de investimento – têm sido a expansão colonial (e o imperialismo) e as guerras de destruição. E também (uma coisa “desleixada” por muitos analistas) a especulação financeira.
Hoje somos chegados a uma espécie de beco sem saída.
Não há mais «expansão colonial» (com a guerra dos Boéres o sistema-mundo passou de “sistema aberto” a “sistema fechado”), e as guerras, embora continuem a ser de destruição, deixaram de “dar vazão” aos milhões de desempregados.
Estamos em plena especulaçãoi financeira!!!
Finalmente, na minha opinião, as políticas de Keynes – nos anos “gloriosos” da reconstrução até 1973/1974?…) – falharam porque “eles” (os adeptos de Hayek & Cª – e seus mandatários, Tatcher, Reagan e etc…) perceberam perfeitamente qual o rumo que o sistema estava a seguir…
É ler o livro de Keynes «Economic Possibilities for Our
Grandchildren»…
Um colega meu na IBM Zâmbia – jovem conservador britânico – referiu-se um dia a Keynes como «esse marxista encapotado»… Eu não iria tão longe, mas havia alguma razão para isso.
Um colega meu na IBM Zâmbia – jovem conservador britânico – referiu-se um dia a Keynes como «esse marxista encapotado»… Eu não iria tão longe, mas havia alguma razão para isso.
Acrescento ainda duas outras reflexões
Joan Robinson. amiga e “aluna” de Keynes, sendo uma «keynesiana de
esquerda» é também usualmente considerada uma das maiores economistas do
século XX. Alguns dos seus biógrafos atribuem parte da «revolução chinesa» de Deng
Xiaoping à influência das visitas à China por parte de Joan Robinson e
suas reuniões com os dirigentes chineses de então. A esse respeito
veja-se o livro de 1975 «Economic Management in China».
Entretanto,
não creio que Keynes achasse «que o melhor para a crise alemã era
imprimir dinheiro». O que ele achava era que o montante das
indemnizações – para ele
exorbitante e desproporcionado – iria forçar os governantes alemães a
desvalorizar a sua própria moeda.
De resto a Raquel tem razão na sua opinião de que «isto não vai com eurobonds”…
Já a «Taxa Tobin» (ou algo assim…) seria uma forma de REDUZIR a massa monetária que por aí anda em busca de aplicações financeiras (a especulação, sempre a especulação...). Ou seja, uma «taxa Tobin» seria um passo certo na direcção certa. E quanto mais “radical” mais efeitos positivos poderia ter.
De resto a Raquel tem razão na sua opinião de que «isto não vai com eurobonds”…
Já a «Taxa Tobin» (ou algo assim…) seria uma forma de REDUZIR a massa monetária que por aí anda em busca de aplicações financeiras (a especulação, sempre a especulação...). Ou seja, uma «taxa Tobin» seria um passo certo na direcção certa. E quanto mais “radical” mais efeitos positivos poderia ter.
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