Nos anos 60 e 70 os países latino americanos, foram
submetidos a cruéis ditaduras promovidas pelos EUA com Plano Condor que
Kissinger protagonizava como ideólogo e Milton Friedman (o da liberdade de
escolha!) fornecia a teoria económica. Compare-se o que ocorreu com o que está
a ser imposto na UE.
As ditaduras autodenominaram-se “processos de reorganização
ou de reconstrução nacional”, (aqui temos “programas de ajustamento” e “refundar
ou reformar o Estado”) tendo como objetivo a concentração da riqueza nacional
na mão do capital monopolista e dos grandes grupos económicos internacionais.
Foram criadas leis que autorizavam despedimentos sem
indeminização e listas de “dispensáveis”. Foi suspensa a negociação coletiva
entre trabalhadores e patronato (palavra que desapareceu da linguística
neoliberal: são todos “empresários”).
Os salários e o nível de vida sofreram reduções drásticas, os
regimes militares nacionalizaram dívidas das grandes empresas contraindo
gigantescas dividas públicas Assistiu-se ao desmantelamento do aparelho
produtivo nacional em benefício de monopólios e multinacionais.
As funções sociais do Estado – mesmo as incipientes – foram
entregues à esfera capitalista (na linguística liberal diz-se “privada”, o que
é erróneo) e reduzidas ao assistencialismo “caritativo”.
A agenda neoliberal foi imposta à custa de dezenas de
milhares de mortos, largas centenas de
milhares de presos e torturados. O resultado foi pobreza, exclusão
social, emigração e exílio, destruição das classes médias.
Na UE a mesma agenda está a ser imposta através da troika com
o alibi da dívida. Quando o chefe da delegação da troika em Portugal diz que a
austeridade é para continuar durante mais 10 ou 15 anos, qualquer que seja o
governo - e austeridade significa o prosseguimento dos cortes - a democracia
está já posta de lado e o país, à semelhança dos demais na UE, submetido, à
ditadura dos tecnocratas e burocratas do neoliberalismo.
Perante aquelas palavras nem Cavaco nem P. Coelho tugiram ou
mugiram. A mentira e a manipulação passaram a ser consideradas “técnicas de comunicação”.
A política da UE, com a colaboração dos partidos ditos
socialistas, é esta: fazer o que as ditaduras já não eram capazes. Por toda a
UE perpassa no entanto a revolta dos povos contra a iniquidade, implementada a favor das
oligarquias que olham para a Alemanha da mesma forma que olharam quando ali
imperava o nazismo: a defesa dos seus privilégios. Lembre-se apenas o que
ocorreu com a Guerra de Espanha.
Desenganem-se, a Alemanha não tem capacidade – como não teve
no passado – sequer para controlar os países da UE. Por muito que a cegueira
europeísta queira ignorar os dirigentes alemães já tornaram claro que a palavra de ordem é "salve-se quem puder". Ou seja. a UE está em acelerada fase de implosão:
a “união” faz apenas à volta de interesses antagónicos dos seus povos.
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