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5 de janeiro de 2015

A dívida, a alternativa…e os direitos humanos

Uma entrevista do presidente do Equador, Rafael Correia, (1) mostra como um pequeno país de pouco mais de 15 milhões de habitantes, dominado pelos EUA e multinacionais, lhes fez frente com êxito. Duas condições básicas: defesa absoluta dos interesses nacionais e unidade popular.
São aliás estas condições que a política de direita e seus “consensos” procura por todos os meios combater, desacreditar, pondo os interesses das multinacionais, da finança, das oligarquias, acima dos interesses do povo e do país.
O Equador realizou uma auditoria à sua dívida externa utilizando critérios internacionalmente definidos, eliminou assim o que foi considerado dívida ilegítima. A partir daqui renegociou com êxito a dívida nos seus juros, prazos, e montantes. Surpresa: hoje é a finança internacional que procura fornecer capitais ao Equador e tem atribuída a classificação AAA.
No início diziam: se não pagar, não damos mais. Mas o Equador pagava muito mais do que recebia! Tal como Portugal. A direita enche a boca com o dinheiro que vem de Bruxelas e com os empréstimos senão era a bancarrota, quando há mais de uma década que o país é contribuinte líquido, contando com juros e transferência de capitais e lucros.
Diz RC: Os interesses do capital financeiro, dos banqueiros internacionais, do FMI, são pura ideologia, não é teoria, não é nada. Aqui no Equador, estamos defendendo os interesses do povo e não os do capital financeiro. Chamam a isto populismo. Populismo: é o termo da elite, quando não entendem o que está acontecendo. Tudo o que eles não entendem, é populista. Definam o que é populismo... porque este governo é  o mais técnico que alguma vez teve este país.
As perguntas do jornalista espanhol oscilaram entre a provocação e a manipulação de conceitos, semelhantes ao que é vigente na comunicação social e partidos do “consenso” neoliberal-imperialista.
RC é então acusado de ter sido duro com empresas petrolíferas que operavam no país. Resposta – Elas pilhavam o país. (o jornalista escandaliza-se) Não havia ninguém para defender o país. Os advogados das multinacionais eram ministros. O país ficava com apenas 20% do rendimento. As negociações duraram 3 anos, mas a situação inverteu-se. Algumas empresas partiram, moveram processos internacionais. A produção privada baixou. Mas não fomos derrotados. Obtivemos o fim desses contratos, passaram a empresas do Estado, a Petroamazonas, e a produção manteve-se.
Expropriou-as, diz o jornalista. Não, eles é que partiram e os recursos voltaram para o seu legítimo proprietário: o povo equatoriano.
Hoje a China financia projetos de desenvolvimento. A China faz-nos empréstimos, tal como a Rússia, o Brasil, etc. Sem nos imporem condições.
Aqui aparece a história dos direitos humanos, visto não haver mais argumentos: Negociar com a China, que não é o melhor exemplo de país que respeite os direitos humanos…
RC - Nessas circunstâncias, não falávamos com ninguém, porque o país que mais viola os direitos humanos no nosso continente são os Estados Unidos.
Esta entrevista parece-nos um esclarecedor contributo para uma real alternativa política no nosso país em que, a propósito de direitos humanos, refira-se que são constantemente violados em Portugal, e por praticamente toda a UE, sob a canga da austeridade.
Sim, uma alternativa é possível…

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