- Então, já estás a fazer o que mandámos?
- A Alemanha não deixa.
- Quero lá saber dos alemães. Perderam a guerra e se não
fossemos nós eram todos comunistas.
-
Mas há as regras do BCE…
-
Pusemos-te aí para garantir o nosso dinheiro e essa coisa a que chamam UE está
cada vez pior.
-
Vou ver o que posso fazer.
-
Qual quê? Andas há dois anos a dizer o mesmo e não fazes nada. Resolve como
quiseres, senão ainda a “esquerda radical” toma conta disso com a mania do "modelo social europeu" e depois que
fazemos? Mandamos os marines ou apoiamos os neonazis como na Ucrânia?!
E
foi assim. Draghi, anuncia então o chamado “quantitative easing” (QE) de 60 mil
milhões de euros por mês, num total de 1,1 milhões de milhões até setembro de
2016.
Trata-se
de imprimir euros para salvar o lixo especulativo que ao fim de 7 anos não
desaparece, pelo contrário é como os cogumelos no outono, cresce por “geração
espontânea” pela especulação.
Mas
é mais dívida, 20% são à conta do BCE, 80% à conta dos Estados ao prorata da
sua quota no BCE. Isto depois de um conjunto de medidas falhadas, sempre
apresentadas como salvadoras, desde taxas de juro próximas de zero para a banca
privada, à compra de ativos tóxicos e á transformação de dívida privada em
dívida pública.
Agora o
BCE põe a funcionar a impressora de notas como último recurso e a propaganda
desatou a elogiar o comportamento da economia dos EUA, - de que isto é uma
cópia imperfeita - quando 93% da ténue recuperação económica beneficiou os 10%
mais ricos, os mais pobres continuaram a ficar mais pobres e o desemprego
voltou a aumentar.
Trata-se
de encher de liquidez a finança e os monopólios da concorrência "livre e não
falseada" da UE, os tais que com o petróleo a menos de metade, os combustíveis na
bomba descem apenas alguns cêntimos.
Quanto
á queda do euro para as exportações os efeitos serão praticamente nulos, já que
o comércio se faz 70% na UE e mesmo fora do euro as outras moedas alinham. Por
outro lado no comércio para fora da UE temos a concorrência das desvalorizações
dos outros países europeus.
A implosão
da união monetária está – continua – na ordem do dia, independentemente do
Siriza, que é apenas o síndroma.
O que Draghi, vai
fazer é subsidiar a especulação deixando cair as taxas de juro a zero injetando
dinheiro no mercado financeiro. O que Draghi não diz é que QE nunca conseguiu
atingir a meta de inflação de 2% pretendida, nem nos EUA, nem no Reino Unido, nem
no Japão e quando terminar o QE as cotações
voltarão aos valores baixos iniciais, tal como ocorreu nos EUA com o QE3. (Mike Whitney)
Nada está previsto para aumentar a procura,os erros da “economia do lado da oferta” permanecem, agravam-se. O sistema bancário da UE está seriamente descapitalizado.
A sua reestruturação só é possível anulando as dívidas existentes e a partir
daqui aumentar a procura com base no aumento dos salários e dos impostos ao grande
capital para acabar com a especulação .
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