Pelo contrário, a oligarquia tem
uma profunda consciência de classe e assume a sua luta como decisiva para a
partilha do poder e das riquezas disponíveis. Sabe que o seu posicionamento
dominante na sociedade só está garantido se o poder lhe pertencer. De uma forma
geral, podemos dizer que o proletariado agrícola e industrial adquire
consciência de classe naturalmente pelo seu posicionamento no sistema produtivo .
As classes médias, franjas de camadas
pobres - lumpen proletariado - são facilmente desapossadas da sua consciência de classe pela alienação
promovida pelos media e outros meios a favor da oligarquia,
A social-democracia brasileira,
como a Argentina, apesar das suas políticas distributivas deixaram intocados os
interesses e privilégios da oligarquia, apostando na colaboração de classes e de
ser o garante contra avanços de movimentos progressistas antimonopolistas e
antilatifundiários. Pelo contrário, houve cedências graves em privatizações e
as desigualdades aumentaram, apesar da redução da pobreza. Assim, considerando
a percentagem do RN disponível para os 10% mais ricos a situação foi a
seguinte:
|
2000
|
2007
|
2014
|
BRASIL
|
69,4
|
68,8
|
73,3
|
ARGENTINA
|
63,1
|
59,9
|
71,8
|
A oligarquia só transitoriamente admite ceder em
alguns privilégios quando a relação de forças lhe é desfavorável, desde que se
mantenha a “democracia e economia de mercado”. Mas mesmo que os rendimentos da
oligarquia cresçam, se o proletariado melhorar os seus direitos, a oligarquia
considera que os seus interesses estão ameaçados. Perante a perspetiva de
redução da sua taxa de lucro não hesita perante nenhum crime (Marx), lançando
os países se necessário no caos económico e social, recorrendo ao terror
fascista e à agressão imperialista se necessário.
A oposição entre direita e esquerda não é como a
social-democracia pretende mero “jogo democrático” com seus “consensos”: radica
na luta de classes. O caso brasileiro e tantos outros aí estão para o provar:
são episódios da luta de classes em que forças que se proclamavam defensoras dos
interesses dos trabalhadores claudicaram.
Disse Dilma “a luta pela democracia não tem data para
terminar”, é pena que a social-democracia só se lembre disto sempre tarde
demais, nunca revendo o seu conceito de democracia.
O caso venezuelano e de outros países)é
claramente exposto por John Perkins, em Confessions of an Economic Hit
Man (Confissões de um pistoleiro económico), disponível em http://resistir.info/livros/john_perkins_confessions_of_an_economic_hit_man.pdf
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