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16 de maio de 2016

“Democracia e economia de mercado”

Figuras, figurinhas e figurões (e figuronas) ciáticos, “europeístas”, insistem arrogantemente nesta terminologia. Mas porquê acrescentar algo a um termo bem concreto e definido no seu significado? Ainda se se acrescentasse algo que tenha que ver com o seu significado, mesmo como redundância, aceitava-se. Ou que tivesse que ver com os Direitos Humanos tal como definidos na carta da ONU. Mas “economia de mercado” não tem nada, rigorosamente nada, que ver com qualquer destes aspetos.
Na realidade, “economia de mercado” representa o domínio do capital sobre a sociedade., portanto, é uma expressão contraditória nos seus termos (um oximoro). Trata-se do eufemismo para o regime oligárquico, atualmente o neoliberalismo.
As notícias mais banais elucidam-nos de facto sobre a “democracia” da economia de mercado”. A “democracia" do trabalho sem direitos, do crime organizado (em conivência com a alta finança e os seus paraísos fiscais), e das transnacionais.
No DN (13/5) é relatado que os trabalhadores dos aviários nos EUA são rotineiramente privados de pausas para ir à casa de banho ao ponto de serem forçados a usar fraldas na linha de produção. "A grande maioria" dos 250 mil trabalhadores do sector aviário norte-americano chega a ser ameaçada de despedimento quando pede para ir à casa de banho, numa "clara violação das leis de segurança no trabalho". A indústria aviária goza de lucros recordes, porém, a vida no interior das fábricas de processamento permanece penosa e perigosa": “baixos salários”, “elevadas taxas de lesões e doenças" e "difíceis condições de trabalho" de funcionários, que "têm pouca voz". (OXFAM)
Outra notícia diz respeito à Rússia: Três mortos e 26 feridos, dos quais quatro em estado grave, devido à agressão a trabalhadores tajiques por parte de elementos do crime organizado que exigiram que que os trabalhadores dessem 10% a 20% dos seus salários. Eis, pois, o que acontece a trabalhadores “livres do totalitarismo soviético”. Mas não deitem foguetes os que diabolizam a Rússia, por não ser uma verdadeira "democracia e economia de mercado". Nos EUA os efetivos do crime organizado atingem o milhão, na UE estimam-se centenas de milhar.
Um outro texto, de opinião, esclarece como funciona a “economia de mercado”. É acerca da UBER dizia ser uma empresa com sede na Holanda praticamente sem pessoal, apenas computadores e passando subcontratos. Parecia estar a criticar o capitalismo, mas não, aquilo eram virtudes – capitalistas entenda-se: Salários de miséria, trabalho sem direitos, ataque às micro e pequenas empresas e, claro, desemprego e falências. Mas que importava: o “consumidor” pode ter produtos mais baratos!
É desta forma que os trabalhadores são postos uns contra os outros, fazendo-os esquecer que neste processo para serem “consumidores” são antes “mercadoria” sujeita à concorrência e com tantos direitos como uma mercadoria – em muitos casos menos, por ex. nos aviários dos EUA…
Pela experiência pessoal creio que a maioria dos taxistas estaria de acordo com o que aquela opinião desenvolve…  aplicada aos outros, os tais que não querem trabalhar e fazem greves. Ou não fossem, na maioria, leitores do Correio da Manhã, e se tenham convencido que “os políticos são todos iguais” e o “Estado é ladrão”.
Eis como funciona a  “democracia e economia de mercado”, ou seja, a “democracia oligárquica.”

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