Note-se ainda que em 2010, 388 bilionários possuíam metade da riqueza mundial. Em 2013 já eram só 85.
Agora são 62, cujo “valor” em termos capitalistas é equivalente – na realidade
superior - ao de 3 600 000 seres humanos.
Na origem do agravamento desta
situação está a perda do controlo público sobre a economia e a finança, a
incapacidade do Estado adotar uma estratégia decididamente antimonopolista.
Entretanto as camadas
trabalhadoras são espoliadas, o grande capital goza de liberdade sem limites,
legal ou ilegalmente deixa de pagar impostos e escondem as suas fortunas em
paraísos fiscais, os Estados endividam-se.
Em 2008, a dívida mundial era de
cerca de 30 milhões de milhões de dólares. Atualmente está em cerca de 60
milhões de milhões. Mais de 32% pertence aos EUA. Portugal representa neste
total 0,40%.
O sistema não é sustentável e
tem como solução impor ainda mais austeridade aos mais pobres. Sete em cada 10
pessoas vivem em países onde a desigualdade económica aumentou nos últimos 30
anos. Nos EUA o 1% dos mais ricos
confiscou 95% do crescimento económico após a crise de 2008, enquanto 90% da
população empobreceu.
Que o aumento das desigualdades não é compatível com a
democracia, parece ser indiscutível. Errado. Quando
trabalhadores espoliados pela chantagem da austeridade reivindicam os seus
direitos, nível de vida, contratação coletiva, tais ações “são sistemas
inaceitáveis numa economia moderna e desenvolvida” (Lobo Xavier em a Quadratura
do Círculo) E podia-se acrescentar:
moderna e desenvolvida graças ao investimento das transnacionais…como no
Bangladesh.
Para que este idílico cenário se concretize, como pretendia o
governo PSD-CDS, o comentador CDS acrescenta que o atual governo está sujeito a
pressões de “clientelas inaceitáveis”. Não, não se trata do capital monopolista
e financeiro, nem de ser parasitado pelas sociedades de advogados e PPP, mas
pelo movimento sindical contra a austeridade e na defesa das funções públicas. Eis
o que significa para a direita uma “sociedade moderna e desenvolvida”: que os que têm
tudo, tenham ainda mais…
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