Nota sobre as Contas Nacionais
Trimestrais – 2º trm de 2016
INE, reviu em alta
estimativa do PIB no 2º trm
Depois de há três semanas, nas suas estimativas rápidas o INE
ter estimado, um crescimento do PIB no 2º trimestre do ano, de 0,2% em cadeia e
0,8% em termos homólogos, veio agora rever essas estimativas em alta. Afinal o
PIB, de acordo com as mais recentes estimativas do INE, cresceu em cadeia 0,3%
e termos homólogos 0,9%.
Para esta alteração contribuiu fundamentalmente a
incorporação de informação adicional sobre os deflatores das importações e
exportações e sobre a balança de pagamentos.
Os dados agora divulgados mostram que apesar do crescimento
em termos homólogos registado nos dois primeiros trimestres do ano ter sido
idêntico (0,9%), os contributos para esse crescimento, da Procura Interna
(Consumo Público, Consumo Privado e Investimento) e da Procura Externa Líquida
(Exportações Líquidas das Importações) foram muito diferentes de um trimestre
para o outro.
Enquanto no primeiro trimestre do ano, a Procura Interna
contribuiu com 1,7% para o crescimento em termos homólogos e a Procura Externa
Líquida contribuiu negativamente com -0,7%, neste segundo trimestre a Procura
Interna registou um forte abrandamento para 0,6% e a Procura Externa Líquida
contribuiu positivamente com 0,2%.
Para o abrandamento da Procura Interna, do primeiro para o
segundo trimestre, contribuiu por um lado o menor crescimento do Consumo
Privado (passou de 2,6% para 1,7%) e por outro lado a queda ainda mais
acentuada do Investimento (de -1,2% para -3,1%). Do lado da Procura Externa
Líquida a melhoria registada em termos homólogos deveu-se ao facto de em termos
reais a desaceleração das exportações de bens e serviços (de 3,1% para 1,5%) do
primeiro para o segundo trimestre, ter sido bem menor do que a desaceleração
real das importações de bens e serviços (de 4,6% para 0,9%). Quer as
exportações, quer as importações em termos reais foram neste último trimestre
fortemente influenciadas pela queda dos preços das exportações (-3,0%) e das
importações (-4,9%), as mais elevadas dos últimos trimestres.
Os dados agora divulgados pelo INE permitem ainda concluir
que na óptica das Contas Nacionais, enquanto no primeiro trimestre do ano em
termos homólogos o emprego tinha crescido 1,1% (+ 50 300 empregos), neste
segundo trimestre o emprego cresceu 0,8% (+ 35 800 empregos). Tendo em conta
que estes dados sobre o emprego estão corrigidos de sazonalidade é também
possível a partir destes dados afirmar que nos primeiros seis meses de 2016
foram criados 28 500 empregos.
Numa síntese final podemos afirmar que a nossa economia
cresceu no 1º semestre a um ritmo de 0,9%, metade do ritmo previsto pelo
Governo para todo o ano e apesar de ter criado neste período 28 500 empregos
como resultado da reposição de parte dos rendimentos dos trabalhadores e
pensionistas e do consequente crescimento do consumo, viu cair o investimento e
abrandarem as exportações e as importações.
Esta estimativa sugere que a economia portuguesa não
conseguiu ainda inverter o ritmo de desaceleração do crescimento registado desde
o início do 2º semestre do ano passado.
Os resultados da nossa economia são cada vez mais claros e
óbvios, pressionados pelas imposições do Tratado Orçamental, pelas necessidades
de redução do défice orçamental e por um enorme e crescente serviço da dívida,
o investimento público caí para níveis nunca antes vistos e arrasta consigo o
investimento privado, a queda do investimento por sua vez tem óbvias
implicações num menor ritmo de crescimento da economia e consequentemente do
emprego, do consumo, das importações e exportações.
A nossa economia está hoje em ponto morto e sobrevive com apenas
um motor a funcionar (o consumo), já que dois dos seus principais motores estão
praticamente parados (investimento e exportações). Esta é uma situação
insustentável a prazo!
31 Agosto de 2016
Lourenço
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