Apesar da propaganda, silêncio
dos media quanto a significativas manifestações, recolha de assinaturas em
número que obrigavam a que as negociações fossem suspensas – de acordo com as
regras da UE – e o assunto debatido no PE. A CE ignorou os protestos e arranjou
argumentos falaciosos para ignorar o abaixo-assinado, escamoteado pelos media,
como lhes compete na sua vergonhosa missão de defesa do sistema.
A Alemanha decidiu recuar e
a França foi atrás. Claro que este recuo não é alheio à contestação nem ao facto de se aproximarem eleições nesses países. Junquer diz que
as negociações têm de prosseguir. O incrível Hollande – exemplo da degradação
política que o reformismo pode atingir – declara que o tratado não vai ser
concluído e assinado “não nestes termos”. Então quais?
Negociado em segredo até para os
deputados do PE, mas não para os lóbis das transnacionais (TN), este recuo não
é estranho às contradições e competição entre as TN. As multas aplicadas por
exemplo à VW e segundo constou ao Deutsch Bank nos EUA, têm a réplica na UE –
sob pressão alemã – de multas a empresas dos EUA na Irlanda (Apple, 13 000
M€), Luxemburgo (Google, Facebook, Linkedin) e Holanda (Amazon) por
favorecimento fiscal contrário às regras da UE. Como se tudo isto não fosse conhecido há muito!
Para falar do TTIP a RTP 2
chamou o sr. Tiago Pereira de Sá, do Instituto de Política e Relações Internacionais.
Pelo que temos ouvido de elementos deste instituto limitam-se a transmitir e
justificar a geopolítica dos EUA e as ações da NATO.
Nitidamente incomodado pela
suspensão do TTIP toma como seu o desagrado das TN e falou em “limitar a
globalização por decreto”, quando o TTIP representa impor a globalização pela ditadura
das TN através de um decreto à revelia dos povos.
Na opinião do comentador o TTIP
“é do interesse de toda a Europa”, em particular agora que “a ordem
internacional liberal dos EUA e da Europa está a ser contestada pela Rússia
(mas não é Europa?!) e pela China.
Esta ordem, que defende como um
bem supremo, apenas tem criado pobreza, desemprego, crises, caos económico,
social, humanitário, intoleráveis guerras e permanente conspiração contra tudo
o que se afaste da ortodoxia neoliberal imperialista.
O mais espantoso foi considerar
que para Portugal o tratado seria vital! Mas baseado em quê? Como
argumento, diz que na posição atlântica do país este tratado traria grande
desenvolvimento. Mas por onde passa o comércio atual com os EUA? Que
percentagem passa pelos portos nacionais? E o que o leva a fazer aquela ridícula
afirmação, estando a produção e o consumo na Europa central e norte com portos
bem adaptados sem comparação com os nacionais.
Isto sem falar nos casos em que desajustamento
de processos e meios leva a que mercadorias para territórios nacionais fossem
desembarcados por exemplo na Holanda…
Registe-se que o apresentador,
no final e em resumo declara: “”para Portugal são só más notícias”. Assim vai a
(des)informação, sem o vislumbre de contraditório.
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