Agostinho Lopes
Os russos são mesmo lixados. Então não é que soubemos agora, por notícia do Público de 30JAN21 (1), que teve chamada de 1.ª página, que foram eles que prepararam, «Ao longo de meio século», o Trump para Presidente da República dos EUA!? E ainda há quem diga mal dos Planos Quinquenais! Um trabalho que começou na URSS de Brejnev, atravessou a Perestroika de Gorbatchov, a transição para o capitalismo com Yeltsin para culminar com Putin, em 2016, na eleição de Trump. É pena que a notícia não nos diga nada sobre a mais que certa informação que Gorbatchov e Yeltsin transmitiram a Reagan de que os americanos se pusessem a pau pois eles andavam a «fabricar» um dos seus futuros sucessores...
Não há «Polígrafo», nem «Prova dos Factos» que nos valham. Vale tudo. A mentira pura e simples, a manipulação, a subversão, as interpretações defeituosas e preconceituosas, e o silêncio de chumbo sobre tudo e todos que podem pôr em causa a ideologia dominante e os interesses dos poderosos.
Isto na semana em que a interpretação dos resultados das Eleições Presidenciais de vezo anticomunista foi poderosa, na tentativa mistificatória de fazer dos votos do Ventura, votos de eleitores comunistas em anteriores eleições. Nenhuma contabilidade, mesmo das mais primárias, o permite, o que não obstou a que editoriais e comentadores a assumissem (2).
Isto na semana em que a evocação dos dez anos das revoluções coloridas (o Público dedicou duas páginas de cada edição diária da semana a esse objectivo) foi escrita e descrita sem uma só referência à ingerência imperialista dos EUA, França, Itália, Alemanha e Reino Unido.
Isto na semana em que não viram o oxigénio que da Venezuela Bolivariana chegou a Manaus no Brasil de Bolsonaro, o tal que segundo um articulista do Expresso (3) «pode dar» certo. Na Venezuela, onde enxergam tudo, até durante meses um Presidente que afinal não era Presidente... assim que foi agora despachado pela UE!
Isto num tempo em que mergulhados nas negociatas pútridas de milhões das multinacionais farmacêuticas, continuam sem enxergar a vacina cubana e a perorar mentirolas e calúnias sobre as vacinas chinesa e russa. (O que irão dizer se os alemães acabarem por as comprar?!) Numa página de antologia do jornalismo «imperial», no Expresso de 29JAN21, sob o título «Guerra Fria na corrida à Vacinação», afirma-se que «Para a Rússia e China, tudo é geopolítica», ou seja o fornecimento de vacinas. Esquece-se, pequeno pormenor, o jornalista de dizer que para a Pfizer, a Moderna, a Johnson&Johnson, a AstraZeneca e etc. tudo são dólares e euros e que a UE e os EUA tudo açambarcaram! Mesmo quando há alguém que diz ao jornalista «Os países ricos ficaram praticamente com toda a produção. Os latino-americanos têm dificuldade de acesso.»
Notável comunicação social, de «referência»! À prova de fraudes e fretes.
(1) «Ex-espião do KGB diz que Trump é “um activo” da Rússia há 44 anos», Público, 30JAN21 (não pensem alguns que foi uma notícia do «Inimigo Público).
(2) Por muitos outros, C. F. Alves na Revista Expresso de 29JAN21: «A extrema-direita do burgo rejubila com a hipótese de retirar eleitores ao partido comunista, ou à esquerda, o que aconteceu nestas eleições no Alentejo».
(3) Expresso 16FEV19: «E se o Brasil der certo?» perguntava Luís Marques, para concluir «Contra muitas previsões pessimistas, pode dar».
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